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Meio Ambiente

Com abertura do lixão prevista para hoje, catadores se sentem aliviados

Luciana Brazil e Viviane Oliveira | 14/01/2013 12:45
Dependendo do lixão, Sebastião se diz aliviado com reabertura do local. (Fotos:Luciano Muta)
Dependendo do lixão, Sebastião se diz aliviado com reabertura do local. (Fotos:Luciano Muta)
Hoje cedo o lugar estava vazio e a entrada de catadores ainda era proibida.
Hoje cedo o lugar estava vazio e a entrada de catadores ainda era proibida.

Ansiosos pela reabertura do lixão, prevista para tarde desta segunda-feira (14), os catadores já planejavam logo cedo o retorno ao trabalho, quase um mês depois de serem retirados do local.

Aliviados com a decisão judicial, muitos já calculavam a quantia que deverão ganhar com meio período de batente, caso seja reaberto hoje à tarde. “Disseram que vai abrir hoje, mas estamos esperando. Eu precisei de muita ajuda depois que fecharam o lixão. Fiquei sem nada. Deixaram a gente sem emprego”, disse Robson dos Santos, 21 anos.

Há cinco anos no lixão, Robson garante que a solução definitiva seria ampliar a UTR (Usina de Tratamento de Resíduos) para que todos os catadores pudessem trabalhar. “Arrumando a UTR, colocando esteira, dando emprego, isso seria o melhor”.

Ele conta que chegava a tirar R$100 por dia catando material reciclável. “Quando eles fecharam o lixo, eu não consegui nenhum trabalho, só alguns bicos, mas não dava para me manter”.

De acordo com o catador Sebastião Chagas Júnior, 20 anos, quase 40% do lixo que chega ao local é reciclado pelos trabalhadores. “Quase a metade do lixo é reciclado por nós. Se não fosse a gente, a montanha de lixo estaria bem maior”.

Sebastião conta que tirava no lixão uma média de R$ 60 por dia, dinheiro que deixou de lucrar quando o local foi fechado. “Reabrir o lixão foi uma decisão boa para todos nós”.

Murilo Augusto da Silva, 20 anos, já trabalha a seis anos no lixão e disse que todos foram pegos de surpresa com fechamento. “Aluguel começou a vencer e não teve jeito, viemos pra cá”, disse ele se referindo ao terreno invadido por várias famílias, em frente a UTR.

“Comecei a fazer bico de servente, mas não tenho muita experiência e não deu muito certo”, concluiu.

Os catadores ressaltam também que trabalhar na UTR não traz o mesmo lucro que o lixão. “Tem gente que tira aqui R$180 em 15 dias. Isso não dá pra nada. Quem sobrevive com isso?”, questiona Sebastião.

Para ele, a concessionária deveria pagar um salário, além de uma comissão referente aos produtos. “Agora, o que eles deveriam fazer mesmo é pagar um salário e uma comissão para nós”.

Robson lembrou o quanto lucrava por dia no lixão.
Robson lembrou o quanto lucrava por dia no lixão.

Durante visita ao Horto Florestal, na manhã de hoje, o prefeito Alcides Bernal (PP) afirmou que irá cumprir a determinação judicial e disse que vai concluir a obra da UTR, caso não seja feita pela concessionária. “Decisão judicial tem que ser cumprida. Vamos reabrir. A UTR não está pronta, falta tudo. A responsabilidade da usina é da Solurb, mas se eles não fizerem, eu vou fazer”.

Segundo o prefeito, enquanto o lixão não estiver pronto, os catadores continuarão no local. “Mas desta vez de uma forma organizada”, pontua.

De acordo com o titular da Seintrha (Secretaria de Infraestrutura, Transporte e Habitação), Semy Ferraz, o poder público ainda não foi notificado sobre a decisão judicial e só cumprirá a reabertura após o aviso. Porém, alguns critérios já foram definidos pela prefeitura.

Samy explica que os catadores não terão acesso à montanha de detritos. Os caminhões da coleta farão o descarte em uma área separada e só poderá trabalhar os catadores cadastrados. Crianças serão proibidas de entrar. Depois da coleta, o lixo segue para o aterro sanitário.

Justiça: O pedido de reabertura do lixão de Campo Grande foi acatado pela Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos de Campo Grande na sexta-feira (11).

A Ação Civil Pública, feita via Defensoria Pública, pedia que qualquer catador de materiais recicláveis não fosse mais impedido pela Prefeitura Municipal e pelo Consórcio Solurb de ter acesso ao local, ou qualquer outro aterro sanitário da Capital, até que seja terminada a construção da Usina de Triagem de Resíduos (UTR), localizada em frente ao lixão.

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