Dia com 1 milhão de raios? Pesquisador diz que número nem chegou perto
Enquanto a Energisa falou nesse recorde absurdo, professor fala em 322 mil, o que também é grande

O número divulgado pela Energisa sobre a quantidade de raios registrados em Mato Grosso do Sul no último fim de semana é bem acima do real. A empresa informou, nesta segunda-feira (3), que o Estado teve 1.168.367 raios entre sábado (1º) e domingo (2), mas o dado mistura tipos diferentes de descargas elétricas.
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Mato Grosso do Sul registrou 322.790 raios durante o fim de semana, segundo correção do professor Widinei Alves Fernandes, do Instituto de Física da UFMS. O número inicial de 1.168.367, divulgado pela Energisa, incluía também as descargas intra-nuvem, que representam 70% do total de relâmpagos. As descargas atmosféricas são mais frequentes na primavera e verão, responsáveis por 75% do total anual. O fenômeno resulta da combinação entre radiação solar intensa e umidade da Amazônia. Especialistas recomendam cuidados durante tempestades, como evitar contato com equipamentos elétricos e buscar abrigos seguros.
De acordo com o professor Widinei Alves Fernandes, do Instituto de Física da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), o termo “raio” se aplica apenas às descargas que atingem o solo. O número correto é de 322.790 raios, enquanto as demais 845.238 foram descargas intranuvem, que ocorrem dentro das nuvens.
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O total de 1,1 milhão divulgado inicialmente corresponde à soma de todos os tipos de relâmpagos, não apenas dos que tocam o solo, o que soou desde o princípio algo inimaginável, já que no Brasil são 78 milhões em média por ano.
Widinei destaca que mais de 70% das descargas atmosféricas ocorrem dentro das nuvens, sem causar danos. Apenas cerca de 30% atingem o solo e são classificadas como raios.
“O Estado tem, em termos de área, cerca de 350 mil quilômetros quadrados. Se você dividir somente as descargas que atingiram o solo (322 mil), dá menos de uma por quilômetro quadrado, o que está dentro do esperado. A média anual varia, no máximo, até 10 descargas por km² em regiões com maior densidade”, detalha o professor.
Ele explica que esses fenômenos são mais comuns na primavera e no verão, responsáveis por cerca de 75% das descargas anuais. “Eles resultam da combinação entre a radiação solar intensa, que aquece o solo, e a umidade trazida da Amazônia. Esses dois fatores são essenciais para a formação de tempestades, principalmente à tarde e no início da noite.”
Cuidados durante as tempestades
Embora o número de descargas seja expressivo, o pesquisador afirma que não é incomum, especialmente quando há calor intenso seguido pela chegada de uma frente fria.
Em áreas urbanas, para-raios e árvores são os alvos mais atingidos. Por isso, ele recomenda atenção redobrada durante tempestades. Em ambientes internos, o ideal é desligar aparelhos elétricos e telefones e evitar contato com objetos conectados à rede.
“Se a descarga cair na rede elétrica, ela pode alcançar o interior da casa. Quando você ouve um trovão, significa que as descargas já estão ocorrendo por perto, num raio de até 20 quilômetros. Espere pelo menos três minutos após o último trovão para retomar as atividades”, orienta.
Em áreas externas ou rurais, a orientação é buscar abrigo seguro, evitando árvores, estruturas metálicas e pontos de ônibus. Trabalhos em telhados devem ser feitos pela manhã, quando há menor probabilidade de tempestades.
“Cerca de 150 pessoas morrem atingidas por raios no Brasil a cada ano. Se ouvir um trovão, significa que você já está dentro da área de risco e deve procurar abrigo imediatamente. Um ponto de ônibus, por exemplo, não oferece proteção”, alerta o professor.
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