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Meio Ambiente

Ex-banqueiro e esposa são investigados por incêndio no Pantanal

Laudo aponta que fogo pode ter começado após caminhão de boi pegar fogo na fazenda

Por Kamila Alcântara | 17/05/2025 14:50
Ex-banqueiro e esposa são investigados por incêndio no Pantanal
Imagens anexadas no laudo mostram cicatrizes de queima em áreas de mata nativa da fazenda (Foto: Reprodução)

O empresário Cândido Botelho Bracher, ex-presidente do Itaú Unibanco, e a esposa Teresa Cristina Ribeiro Ralston Botelho Bracher são novamente alvos de investigação por incêndio no Pantanal. A 1ª Promotoria de Justiça de Aquidauana instaurou inquérito civil para apurar as causas do fogo que destruiu 267,70 hectares de vegetação nativa na Fazenda Tupaceretã, localizada na região da Nhecolândia e de propriedade do casal.

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O ex-banqueiro Cândido Botelho Bracher e sua esposa, Teresa Cristina, são investigados por um incêndio que devastou 267,70 hectares de vegetação nativa na Fazenda Tupaceretã, no Pantanal. O fogo, iniciado em 23 de julho, foi causado por um caminhão que atolou. O Ministério Público apura se houve negligência ou ato intencional. A promotora Angélica de Andrade Arruda destacou que, independentemente da culpa, a responsabilidade civil ambiental é objetiva. O incêndio resultou em danos significativos à fauna e flora locais, além de riscos à saúde da população. O casal já enfrentou investigações por queimadas em 2020 e 2021 em outra propriedade.

As chamas começaram no dia 23 de julho, após um caminhão usado no transporte de gado atolar e pegar fogo. Por causa da estiagem, equipes do Corpo de Bombeiros levaram dias para conter o incêndio.

Conforme o Ministério Público, ainda não foi possível determinar se o incêndio foi causado de forma intencional ou por negligência. No entanto, a responsabilidade civil ambiental é objetiva, ou seja, independe de culpa. Isso significa que os responsáveis pela área podem ser obrigados a reparar os danos ambientais, mesmo sem terem causado diretamente o incêndio.

“Mesmo não tendo sido possível constatar, nesse momento, que houve ato intencional ou culposo na ignição do incêndio, o que a princípio inviabiliza a responsabilidade administrativa e penal, ainda subsiste a responsabilidade civil, que é ‘objetiva e por risco integral’”, destacou a promotora de Justiça Angélica de Andrade Arruda.

O documento não crava que o fogo começou no caminhão, mas cita indícios. Um ponto específico de ignição foi identificado pelo Programa Pantanal em Alerta, abrangendo 60,92 hectares dentro da fazenda, e confirmado por vistoria da Polícia Militar Ambiental. Os policiais registraram imagens do veículo em chamas.

Ex-banqueiro e esposa são investigados por incêndio no Pantanal
Registro do caminhão pegando fogo, anexado ao laudo da PMA (Foto: Reprodução)

O Instituto de Criminalística de Mato Grosso do Sul também elaborou laudo técnico, com imagens aéreas e dados de satélite. Os peritos descartaram causas naturais, como raios, e outras hipóteses, como fenômenos termoelétricos e combustão espontânea. A área afetada está antropizada, ou seja, modificada pela ação humana. Apesar de não terem sido encontrados vestígios do agente causador, o relatório ressalta que esses elementos podem ter sido consumidos pelas próprias chamas.

“O incêndio resultou na destruição de vegetação nativa, possível morte de animais silvestres e colocou em risco a saúde e segurança das equipes envolvidas no combate ao fogo. Também foi destacado que a emissão de fumaça e partículas pode ter causado prejuízos à saúde da população próxima à área queimada”, aponta o laudo.

A promotora concedeu prazo de dez dias para manifestação dos envolvidos, sugerindo que a situação seja resolvida por meio de um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta). Caso não haja acordo, o MP pode ingressar com ação civil pública. Os citados ainda não se manifestaram no processo nem responderam à reportagem. O espaço segue aberto para esclarecimentos.

Reincidência – Esta não é a primeira vez que o casal é citado em casos de queimadas no Pantanal. Em 2020 e 2021, a Fazenda Santa Tereza, também de propriedade da família, registrou grandes incêndios, conforme revelou a agência Repórter Brasil. Na época, Teresa Cristina declarou “indignação” com a reportagem e disse que a fazenda tem a maior parte da área destinada à preservação ambiental. Sobre o fogo, afirmou que teria começado fora da propriedade.

Foi nessa fazenda, na Serra do Amolar, que o fotógrafo Lalo de Almeida registrou a imagem de um bugio carbonizado. A foto, publicada pela Folha de S. Paulo, circulou o mundo e se tornou símbolo do incêndio de 2020 no Pantanal.

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