Expansão de mineradora ameaça ninho de harpia no Pantanal
Audiência pública debate impactos do empreendimento sobre espécie rara e sensível à degradação ambiental
RESUMO
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A expansão da mineradora LHG Mining em Corumbá, Pantanal, gera preocupação entre pesquisadores após a descoberta de um ninho raro de harpia no Maciço do Urucum. A harpia, maior águia das Américas e espécie ameaçada de extinção, é extremamente sensível a perturbações ambientais e depende de áreas preservadas para sobreviver. Especialistas alertam que, apesar das medidas de mitigação propostas pela mineradora em seu Estudo de Impacto Ambiental, a expansão da atividade mineradora pode comprometer a sobrevivência da espécie na região. A harpia, que atinge até 2,2 metros de envergadura, tem reprodução lenta e necessita de florestas conectadas para caçar suas presas, como macacos-prego e bugios.
Após a identificação de um ninho de harpia (Harpia harpyja), a maior águia das Américas, no Maciço do Urucum, pesquisadores manifestam preocupação com a possível expansão da mineradora LHG Mining, em Corumbá, no Pantanal.
A harpia, listada como espécie ameaçada de extinção, vive na Amazônia e na Mata Atlântica. Em junho deste ano, pesquisadores descobriram um ninho raro no Pantanal, justamente no Maciço do Urucum. Desde agosto, a equipe tem autorização do Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul) para o monitoramento do ninho.
Segundo a pesquisadora Tânia Sanaiotti, criadora do Projeto Harpia, a espécie é raríssima no Pantanal e no Cerrado, mas vem se reproduzindo na região; há também registros da ave na Serra da Bodoquena. Esses registros representam um marco científico.
Tânia Sanaiotti, referência em pesquisa e proteção da espécie há 28 anos, afirma que é necessário avaliar a expansão da mineradora de forma que economia e natureza possam coexistir em equilíbrio.
O conflito entre interesses econômicos e a preservação de espécies únicas do Pantanal está entre os temas debatidos em audiência pública realizada nesta quinta-feira (2), no Centro de Convenções de Corumbá. O encontro teve como objetivo apresentar o empreendimento e o EIA/Rima (Estudo e Relatório de Impacto Ambiental) referentes à ampliação das atividades de extração e beneficiamento de minério de ferro da LHG Mining.
A empresa informou ao site ((o))eco que seu EIA/RIMA foi desenvolvido por especialistas e que prevê o reuso de até 80% da água, além do uso de tecnologias para reduzir ruídos, poeira e emissões de gases de efeito estufa.
No entanto, especialistas alertam que essas medidas não garantem a preservação da harpia, que depende de florestas conectadas e intactas para sobreviver. A expansão da mineração ameaça ainda suas rotas de caça e a sobrevivência de presas como macacos-prego e bugios, essenciais para o equilíbrio da cadeia alimentar local.
Ave gigante - Registrada pela primeira vez na região em 2009, a harpia pode atingir até 2,2 metros de envergadura e 7 kg de peso. A ave depende de áreas de mata preservada para alimentação e reprodução e é extremamente sensível a ruídos, movimentação e poeira, fatores comuns em operações de mineração. Nesses casos, a harpia pode abandonar os ninhos.
A pesquisadora Tânia Sanaiotti lembra que a espécie se reproduz lentamente: alcança a maturidade sexual aos sete anos e gera apenas um filhote a cada três anos, tornando qualquer perda de habitat praticamente irreversível.
Com a audiência pública desta quinta-feira, autoridades, ambientalistas e representantes da empresa discutem o futuro da lavra e o destino da harpia na região.
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