Líder terena emociona em abertura de conferência com alerta sobre o Pantanal
Antropóloga Taily Terena cobra espaço para povos indígenas nas decisões globais sobre o clima
A antropóloga e cientista social Taily Terena, liderança indígena de Mato Grosso do Sul, foi um dos destaques da abertura da RCAW (Rio Climate Action Week), encontro internacional sobre o clima realizado nesta semana no Rio de Janeiro.
RESUMO
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A antropóloga e cientista social Taily Terena, liderança indígena de Mato Grosso do Sul, destacou-se na abertura da Rio Climate Action Week, no Rio de Janeiro. Membro do Conselho Nacional de Mulheres Indígenas e do Fórum Permanente sobre Assuntos Indígenas das ONU, ela compartilhou sua experiência sobre os impactos das mudanças climáticas no Pantanal. Filha do líder Marcos Terena, pioneiro na ECO-92, Taily criticou a financeirização da natureza e defendeu a valorização da "ciência indígena". Com 32 anos e originária da Terra Indígena Taunay Ipegue, ela ressaltou a importância da participação indígena nas decisões da próxima COP30, em Belém.
Taily faz parte do Conselho Nacional de Mulheres Indígenas e integra o Fórum Permanente sobre Assuntos Indígenas das Nações Unidas. Vencedora do Prêmio Global Citizen, em 2025, a liderança levou para o encontro a experiência de quem acompanha de perto os efeitos da mudança climática na Amazônia e no Pantanal.
“A água está acabando no Pantanal por conta dos incêndios que o agronegócio tem causado. Ano passado foi um dos anos mais tristes que eu já vi. Eu nasci na cidade, mas, nas férias, tenho a memória de tomar banho nas lagoas naturais da aldeia. A gente costumava nadar e mergulhar fundo. Hoje, a água não chega nem no nosso tornozelo. Em épocas de seca, como agora em agosto, a gente vê os peixes boiando mortos por conta do calor”, relatou, emocionando a plateia, conforme publicação da Agência Brasil.
A antropóloga criticou a financeirização da natureza e a lógica de mercado aplicada à preservação ambiental. Para ela, fundos de financiamento climático são necessários, mas não podem substituir a essência do cuidado com a terra.
Protagonismo indígena
Filha do histórico líder Marcos Terena, Taily segue os passos do pai, que foi pioneiro ao levar a voz indígena à ECO-92, defendendo os saberes tradicionais como essenciais no enfrentamento da crise climática.
Com mais de 16 anos de atuação, Taily defende a valorização da chamada “ciência indígena”, que combina memória, espiritualidade e observação da vida.
Ela também lembrou da importância da Carta da Terra, documento resultante da ECO-92 que propõe princípios éticos para sociedades sustentáveis.
Olhar para a COP30
A fala de Taily se soma a um cenário de expectativa global em torno da COP30, que será realizada em novembro, em Belém.
Conforme a Agência Brasil, o diretor global da NDC Partnership, Pablo Vieira, lembrou que mais de 180 países devem apresentar novas metas climáticas, conhecidas como NDCs, mas 80% ainda estão atrasados.

Para Taily, a conferência no Brasil é oportunidade para que a voz indígena esteja presente não apenas nos discursos de abertura, mas também nas mesas de decisão.
“Quando não estamos à mesa, nossos direitos viram parte do cardápio. E não dá mais para aceitar isso”, afirmou em entrevista ao Um Só Planeta.
Raízes no Pantanal
Natural da Terra Indígena Taunay Ipegue, no Pantanal sul-mato-grossense, Taily, aos 32 anos, também integra a liderança do Instituto Memória e Ciência Indígena, voltado ao resgate da ciência e da memória ancestral dos povos originários.