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Meio Ambiente

Há mais tempo encalhada, ação de 22 anos cobra recuperação por obras no Sóter

Perícia realizada em 2024 aponta que ainda há impactos ambientais perto de nascentes

Por Aline dos Santos | 23/07/2025 11:18


Há mais tempo encalhada, ação de 22 anos cobra recuperação por obras no Sóter
Imagem de 2003 mostra voçoroca no Bairro Mata do Jacinto, em Campo Grande. (Foto: Reprodução)

RESUMO

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O Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul busca acordo em processo ambiental que se arrasta há mais de duas décadas, envolvendo obras no Córrego Sóter, em Campo Grande. A ação, iniciada em 2003 pelo Ministério Público, questionava danos ambientais causados pela urbanização da área e realocação de 88 famílias da Favela do Polonês. Uma perícia realizada em 2024 identificou impactos ambientais por falta de manutenção, apesar dos benefícios trazidos pelas obras. A área de quase um hectare necessita de recuperação, incluindo reflorestamento e remoção de espécies invasoras. O caso integra o mutirão "Pauta Verde" e tem audiência de conciliação marcada para 19 de agosto.

Dos 397 processos selecionados para o mutirão da “Pauta Verde”, em que o TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) busca acordo em ações relacionada ao meio ambiente, o mais antigo é de 2003.

Há quase 22 anos, o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) pediu liminar para suspender as obras no entorno do Córrego Sóter, entre o cruzamento das avenidas Mato Grosso com a Via Parque (Nelly Martins). O projeto de urbanização incluiu a realocação de 88 famílias, que formavam a Favela do Polonês.  O atual Parque Ecológico do Sóter, com 22 hectares, fica no Bairro Mata do Jacinto.

Para se ter uma ideia do tempo, a ação foi proposta pelo então promotor Alexandre Lima Raslan. Agora, ele é desembargador do TJMS e coordenador do Grupo de Meio Ambiente, que encaminhou a lista de processos para o Nupemec (Núcleo Permanente de Métodos Consensuais de Solução de Conflitos e da Justiça Restaurativa).

Há mais tempo encalhada, ação de 22 anos cobra recuperação por obras no Sóter
Prédios residenciais em frente ao Parque Ecológico do Sóter, inaugurado em 2004. (Foto: Marcos Maluf).

O processo era contra a A.S. Construções, Assessoria e Planejamento Ltda (massa falida), município de Campo Grande e Estado de Mato Grosso do Sul. Em 2003, o prefeito era André Puccinelli (MDB) e Zeca do PT comandava MS. A promotoria apontava risco de danos ambientais irreversíveis, seja na fauna e flora, como nas nascentes e recursos hídricos. Além de omissão da administração pública.

Contudo, em 13 de novembro de 2003, o pedido foi negado pelo juiz Nélio Stábile, atual desembargador. Passados 14 anos, em 19 de janeiro de 2017, a Justiça extinguiu o processo, pois, como afirmou o juiz Mário José Esbalqueiro Júnior, não era mais possível suspender obra finalizada.

Há mais tempo encalhada, ação de 22 anos cobra recuperação por obras no Sóter
Pontos verdes tracejados marcam área perto do Córrego Sóter a ser recuperada. (Foto: Reprodução)

Porém, a ação prosseguiu apenas para apurar danos e a sua reparação. O município foi demandado por ter licenciado a atividade, bem como porque a empresa que executou a obra foi por ele contratada.

Ao passo que o Estado foi demandado porque se omitiu ao não intervir em licenciamento irregular promovido pelo ente municipal. Desta forma, foi determinada a realização de perícia. O procedimento foi realizado somente em 2024.

“Conhecendo a triste realidade de outrora na microrregião, reconhece-se os benefícios causados pelas obras nas nascentes e no trecho do Córrego Sóter, com a avenida Nely Martins; que permitiu a melhoria do fluxo de veículos e a pista de caminhada e ciclovia, controle das enchentes, desfavelamento e outros benefícios”, aponta o documento da Arater Consultorias e Projetos.

Há mais tempo encalhada, ação de 22 anos cobra recuperação por obras no Sóter
Mapa de 2024 mostra como a cidade cresceu perto de área verde. (Foto: Reprodução)

Contudo, a perícia identificou inúmeros impactos ambientais pela falta de manutenção e compensação. A área a ser recuperada é de quase um hectare. A proposta é para desafetar e reflorestar. Também há orientação para remoção das leucenas, espécie invasora que se tornou praga urbana.

Em novembro do ano passado, a PGE (Procuradoria-Geral do Estado) solicitou ao perito a complementação das respostas aos quesitos formulados pela administração estadual.

Nas últimas movimentações, antes do envio do caso para o mutirão da Pauta Verde, a PGM (Procuradoria-Geral do Município) defendeu que é desnecessária a elaboração de novo Prada (Projeto de Recomposição de Áreas Degradadas ou Alteradas).

Há mais tempo encalhada, ação de 22 anos cobra recuperação por obras no Sóter
Em 2009, entorno do Córrego Sóter era bem menos habitado. (Foto: Reprodução)

Pois, o ente municipal já se encontra em processo de obtenção de autorização ambiental junto ao órgão competente, com vistas à continuidade das intervenções voltadas à reabilitação ambiental da região.

O documento foi anexado ao processo no último dia 30 de junho. A audiência na Pauta Verde está agendada para 19 de agosto, às 8h.

A reportagem questionou a PGM e a PGE se acreditam em possibilidade de acordo. O Campo Grande News aguarda a resposta.

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