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Capital

Padaria interditada alega perseguição e dá férias coletivas a funcionários

Direção da Empório do Pão contesta a abordagem dos fiscais e rebate as acusações apontadas na força-tarefa

Por Jhefferson Gamarra | 23/07/2025 18:53
Padaria interditada alega perseguição e dá férias coletivas a funcionários
Agente de fiscalização do Procon durante força-tarefa na padaria (Foto: Henrique Kawaminami)

A tradicional padaria Empório do Pão, localizada no bairro Taveirópolis decidiu conceder férias coletivas de 15 dias a todos os seus funcionários após ser interditada na manhã de terça-feira (22), durante uma força-tarefa da Decon (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Contra as Relações de Consumo), com apoio da Vigilância Sanitária e do Procon-MS.

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Padaria tradicional de Campo Grande é interditada após fiscalização encontrar irregularidades. A Empório do Pão, localizada no bairro Taveirópolis, teve suas atividades suspensas por 15 dias devido à presença de produtos vencidos, itens sem origem comprovada, falta de higiene e licença sanitária expirada. O proprietário foi preso e liberado após pagar fiança. A empresa contesta as acusações e alega perseguição, afirmando que a renovação da licença estava em andamento. A padaria questiona a proibição do uso de queijo caipira artesanal, adquirido de produtores locais, e se diz penalizada por apoiar a economia regional. Enquanto isso, funcionários foram colocados em férias coletivas para reorganização interna e adequação às normas sanitárias.

A operação flagrou uma série de irregularidades no local, incluindo produtos vencidos, itens de origem não comprovada, falta de higiene e licença sanitária vencida. O proprietário, Luciano Andrade Machado Borges, foi preso em flagrante e liberado nesta quarta-feira (23), após o pagamento de fiança no valor de R$ 5 mil, determinado pelo juiz Carlos Alberto Garcete durante audiência de custódia. Durante o depoimento à polícia, Luciano optou por permanecer em silêncio, acompanhado de duas advogadas.

Nesta quarta-feira, a direção do Empório do Pão divulgou uma nota de esclarecimento e desabafo nas redes sociais, em que contesta a abordagem dos fiscais, rebate as acusações e alega que está sendo vítima de perseguição.

Na nota assinada em nome da empresa, os responsáveis descrevem o episódio como “um dos mais dolorosos e injustos” da história da padaria, que atua há 28 anos na capital. Segundo o texto, os fiscais chegaram ao local em pleno funcionamento, durante o horário de pico, e trataram os funcionários com truculência.

“Fomos abordados sem qualquer aviso prévio, por mais de 10 agentes, como se fôssemos criminosos, como se não tivéssemos dignidade, história ou respeito pelo que fazemos.”

A padaria afirma que a interdição foi motivada inicialmente pela licença de funcionamento vencida em 26 de junho de 2025, mas alega que o processo de renovação estava em andamento e dentro do prazo administrativo legal. A empresa também nega veementemente a venda de produtos vencidos ou clandestinos:

“Seguimos todos os padrões de higiene, armazenamento, verificação de validades e segurança. Jamais comercializamos produtos impróprios para o consumo. Trabalhamos todos os dias, mesmo com quadro reduzido de funcionários, com responsabilidade, cuidado e respeito aos nossos clientes.”

Um dos pontos centrais da controvérsia envolve o uso do queijo caipira, produto artesanal utilizado em receitas como chipa e sopa paraguaia. A fiscalização apontou ausência de selo de inspeção e origem desconhecida do produto, o que é proibido pela legislação sanitária. A padaria, porém, defende a prática como parte da cultura alimentar local e afirma que o queijo é adquirido de pequenos produtores da região.

“Compramos esse queijo de pequenos produtores rurais, de sítios e chácaras do interior do Mato Grosso do Sul, que vivem honestamente da produção artesanal. O produto, embora caseiro, é embalado, separado, lavado e tratado com todos os cuidados possíveis. Ainda assim, fomos tratados como criminosos por valorizar o que é da nossa terra.”

A empresa questiona a criminalização da prática e diz estar sendo penalizada por apoiar a economia local. “Nos perguntamos: vender produtos artesanais e regionais agora é crime? Apoiar o pequeno produtor virou ameaça à saúde pública? O que estamos vivendo tem nome: perseguição.”

Diante da repercussão do caso, a direção da Empório do Pão decidiu conceder férias coletivas de 15 dias a toda a equipe, com o objetivo de reorganizar as atividades e prestar apoio interno. “Precisamos respirar, reorganizar e cuidar uns dos outros”, justificou.

A padaria reafirma que seguirá todos os trâmites legais para reabrir, incluindo o descarte dos produtos, que será feito sob acompanhamento da Vigilância Sanitária, e a apresentação de um cronograma de adequações estruturais e sanitárias. Os alvarás deverão ser regularizados antes que o estabelecimento volte a funcionar.