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Meio Ambiente

Operação da PF contra extração ilegal de madeira multa índios em R$ 218 mil

A multa foi aplicada pelo Ibama aos índios por serem os proprietários da terra. Mas o destino final será a Funai

Aline dos Santos e Clayton Neves | 12/09/2019 12:12
Lascas de madeira foram apreendidas na Operação Quebracho. (Foto: Divulgação/PF)
Lascas de madeira foram apreendidas na Operação Quebracho. (Foto: Divulgação/PF)

A operação Quebracho, de combate à extração ilegal de madeira, resultou em multa de R$ 218 mil para os índios da etnia kadiwéu. Força-tarefa da PF (Polícia Federal), Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e Funai (Fundação Nacional do Índio), que está na terra indígena desde segunda-feira (dia 9), identificou 43 hectares de desmatamento.

A multa foi aplicada pelo Ibama aos índios por serem os proprietários da terra. Mas o destino final será a Funai. A Polícia Federal vai investigar quem são os índios que arrendam a terra e os arrendatários.

“Todos os índios estão sendo prejudicados. Alguém está lucrando em uma área que deveria ser preservada. Se for para arrendar e explorar, existe todo um processo para liberação disso. A comunidade inteira tem que lucrar. Estamos defendendo o coletivo em detrimento de alguns que acabam lucrando”, afirma o superintendente da PF, delegado Cleo Mazzotti.

A operação apura a retirada irregular de madeira em sete fazendas retomadas pelos indígenas, que são arrendadas para terceiros. A reserva, que fica localizada na Serra da Bodoquena, nos municípios de Corumbá e Porto Murtinho, tem 548 mil hectares. A região se destaca neste mês pelo grande número de queimadas.

De acordo com o superintendente do Ibama, coronel Luiz Carlos Marchetti, o órgão recebe há um ano denúncia de extração ilegal de madeira.  Na ação, as equipes não localizaram a madeira porque o carregamento já tinha saído. No local, foram apreendidas somente 700 lascas de ipês, material usado para fazer cercas.

Durante entrevista coletiva, na superintendência da PF, Marchetti lembrou que a finalidade do desmatamento é abrir pasto. Coordenador regional da Funai em Campo Grande, Henrique Dias, afirma que a área da reserva é extensa, o que dificulta o controle.

“A área tem de dois mil a 2.500 índios, cresceu bastante. O que tem sido feito é um trabalho de educação, para levar informação. Os prejudicados são os próprios índios. Vamos incentivar que façam a denúncia sobre a liberação de território para fazendeiros”, diz.

Superintendente do Ibama, chefe da PF e coordenador da Funai participaram de entrevista coletiva nesta quinta-feira. (Foto: Henrique Kawaminami)
Superintendente do Ibama, chefe da PF e coordenador da Funai participaram de entrevista coletiva nesta quinta-feira. (Foto: Henrique Kawaminami)

O levantamento começou após informações da Polícia Civil sobre a exploração ilegal de madeira em fazendas da região. Na sequência, a ferramenta de geoprocessamento confirmou a existência de pequenas clareiras e pontos de exploração ilegal.

Foram apreendidos motosserras, corrente de arrastão, motos e armas de fogo. Também foi identificada a presença de indivíduos que não pertenciam a etnias. Eles faziam o corte seletivo das árvores e alegaram ter sido contratados pelos indígenas.

Nome da operação, Quebracho é uma espécie de madeira explorada na região de Porto Murtinho, que muitas vezes é comercializada como aroeira, devido à semelhança entre as espécies. A operação prossegue até amanhã (dia 13).

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