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Meio Ambiente

Produtores trabalham juntos para conter focos de calor em áreas rurais

Em meio a dificuldades de acesso, vizinhos dispõem de equipamentos e mão de obra para combaterem queimadas

Humberto Marques | 12/09/2019 18:58
Fogo na região do Pantanal; produtores rurais têm ajudado autoridades e combatido chamas em locais de difícil acesso. (Foto: O Pantaneiro/Reprodução)
Fogo na região do Pantanal; produtores rurais têm ajudado autoridades e combatido chamas em locais de difícil acesso. (Foto: O Pantaneiro/Reprodução)

O avanço das queimadas em Mato Grosso do Sul, que mobilizam a ação de brigadistas e do Corpo de Bombeiros, também uniu produtores rurais no enfrentamento às chamas. Com base em treinamentos e em pedidos de ajuda na zona rural, fazendeiros e funcionários têm trabalhado para conter as queimadas que, segundo eles, ocorrem durante a maior estiagem dos últimos 8 anos no interior do Estado.

O trabalho é de conhecimento da Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul), segundo quem os produtores atuam ao lado de instituições como a Semagro (Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar), Corpo de Bombeiros, PrevFogo, Defesa Civil e Polícia Militar Ambiental, entre outras, em arranjos próprios por cada região.

“Normalmente os produtores das regiões onde estão ocorrendo incêndios estão mobilizados com os vizinhos, para se ajudarem nas ocorrências”, afirmou Massao Ohata, presidente do Sindicato Rural de Miranda e Bodoquena, segundo quem o trabalho em parceria é necessário, principalmente, nas regiões mais afastadas. “Por conta da proximidade e da dificuldade de deslocamento, o envio de maquinário para as regiões mais afastadas fica comprometido. Então usamos nossos tratores, nossas carretas-pipas”.

Segundo ele, filiados ao sindicato já participaram de cursos de prevenção e combate a incêndios, cujas noções “estão sendo colocadas em prática em algumas situações”. Ele afirma, porém, que até essa disposição esbarra em limitações “como quando um incêndio atinge proporções grandes, como no Refúgio Caiman, quando fica difícil fazer o controle”.

O incêndio na Caiman já consumiu pelo menos 35 mil hectares. Uma empresa de aluguel de caminhonetes ajuda no transporte de água para apagar as chamas, em um esforço que também mobiliza aviões.

Vizinhos – Em Anastácio –a 135 km de Campo Grande–, produtores rurais esperam que a prefeitura expeça um decreto de estado de emergência, “de forma a dar facilidade nos pleitos junto a bancos para conseguirmos dinheiro e providenciar a recuperação das áreas”, conforme explicou Bedson Bezerra de Oliveira, presidente do sindicato rural local.

Segundo o dirigente, diferente de outras regiões do Estado, os incêndios no município atigiram principalmente pequenas propriedades onde, diante do problema, rapidamente a vizinhança se mobiliza. “Pegou fogo no fundo da propriedade, junta uns três ou quatro na frente, traz um tratorzinho e corre para lá. Usamos o maquinário para fazer o contrafogo e, com isso, seguramos mais”, destacou. O último treinamento a produtores rurais, disse ele, ocorreu entre 2017 e 2018.

Oliveira destaca que a situação é menos complexa do que na vizinha Aquidauana –que nesta quinta-feira, com 61 focos de calor até as 16h, foi o município do Estado a registrar mais queimadas, à frente de Corumbá. “Lá há regiões gigantescas que há sete ou oito anos não enfrentavam uma seca dessas, onde a vegetação na beira dos fios, que vinha secando e se amontoando, virou uma bomba”, afirmou.

Segundo ele, a região de Anastácio também está a igual período sem enfrentar uma estiagem como a atual. A reportagem não conseguiu contatar a direção do Sindicato Rural aquidauanense para comentar a situação no município.

Massao Ohata opina que o melhor trabalho a ser feito envolve a orientação das comunidades rurais para se prevenirem contra as queimadas. “A prevenção é o maior meio de se evitar”, disse, refutando a tese de que os próprios produtores rurais são responsáveis pelas chamas: segundo ele, as chamas se originam principalmente em beiras de estradas e de rios, sendo provocados por pessoas que circulam nesses locais.

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