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Meio Ambiente

Projeto pioneiro em MS abre passagens subterrâneas para animais na MS-345

“É uma rodovia adequada para o trânsito seguro da fauna”, diz professor da UEMS

Aline dos Santos | 29/03/2023 08:56
Pegada de animais em túnel "passa fauna" na MS-345, que liga Anastácio a Bonito. (Foto: Àlvaro Rezende)
Pegada de animais em túnel "passa fauna" na MS-345, que liga Anastácio a Bonito. (Foto: Àlvaro Rezende)

Com passagem subterrânea para os animais, a obra de pavimentação da MS-345, que liga Anastácio a Bonito, é destaque por ser um projeto piloto em Mato Grosso do Sul.

O Estado tem o projeto “Estrada Viva – a fauna pede passagem” em outras nove vias, mas a rodovia é a primeira construída considerando as normas do programa. São seis túneis “passa fauna” para a travessia dos animais ao longo da MS-345, que tem pouco mais de 100 quilômetros. Por lá, circulam antas, capivaras, cachorro do mato, onça.

“É uma rodovia adequada para o trânsito seguro da fauna. Desde a base ela foi pensada e segue as diretrizes do programa Estrada Viva, com os locais para que os animais passem. A partir de 2021, todas as rodovias que serão construídas pelo Estado, passaram a seguir essas regras”, afirma Afrânio José Soares, coordenador do “Estrada Viva” e professor da UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul) em Aquidauana.

A MS-345 será o principal acesso ao município de Bonito, diminuindo o tráfego na MS-382 e MS-178.

Conforme o governo do Estado, as ações para reduzir atropelamentos de animais silvestres e proteger a fauna também abrangem as seguintes rodovias: MS-040 (Campo Grande a Santa Rita do Pardo), MS-339 (Miranda a Bodoquena), MS-178 (acesso a Bonito), MS-382 (Guia Lopes a Jardim), MS-180 (Juti a Iguatemi), MS-473 (Nova Andradina a Taquarussu), MS-450 (Estrada Parque de Piraputanga), MS-258 (Sidrolândia e Distrito de Anhanduí) e a Estrada do Turismo de Bonito (que é municipal e dá acesso ao Rio Formoso).

O “Estrada Viva” é um programa ligado à Agesul (Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos). Três rodovias em obras no Estado, todas em Bonito, utilizam as diretrizes do manual de orientações técnicas: MS-345 (Estrada do 21), MS-382 (Baía das Garças) e a Rodovia do Turismo.

Equipe faz transporte de animais resgatados para Centro de Reabilitação, em Campo Grande. (Foto: Álvaro Rezende)
Equipe faz transporte de animais resgatados para Centro de Reabilitação, em Campo Grande. (Foto: Álvaro Rezende)

Dentre as principais ações desenvolvidas para a proteção dos animais, estão as passagens específicas para a fauna ao longo das rodovias.

Segundo o promotor Alexandre Estuqui Júnior, que atua na área de Meio Ambiente em Bonito, algumas ações já ajudaram a garantir a segurança dos animais, porém pontua situações preocupantes na região.

“Telas e lombadas foram instaladas e aparentemente diminuíram os atropelamentos. Minha preocupação maior é nas estradas que vão para pontos turísticos, como a Gruta [do Lago Azul], e ainda nas que serão asfaltadas para outros locais de visitação. Caso não seja feito nada, muitos animais podem morrer. O Estado tem muita área verde, e o atropelamento de animais é intenso. Por isso ações para que animais e pessoas não sejam feridas e mortas, são importantes”.

As estradas citadas pelo promotor são municipais e dão acesso à Gruta do Lago Azul e a balneários ao longo do Rio Formoso.

Histórico - As ações nas rodovias são desenvolvidas desde 2016 em parceria com o Cemap/UEMS (Centro de Estudo em Meio Ambiente e Áreas Protegidas), que cataloga as espécies atropeladas e identifica os principais pontos de passagem dos animais para propor medidas preventivas.

O trabalho foi expandido a partir de dezembro de 2021, quando o governo do Estado iniciou o processo de criação de um manual com orientações técnicas para proteger animais silvestres de atropelamentos, elaborado em parceria com organizações não-governamentais.

A MS-450, Estrada Parque de Piraputanga, é uma das vias monitoradas por programa. (Foto: Álvaro Rezende)
A MS-450, Estrada Parque de Piraputanga, é uma das vias monitoradas por programa. (Foto: Álvaro Rezende)

“É um processo. O programa do Estado pretende mapear todas as estradas quanto ao risco e fazer um plano de ação para atuar nas estradas já construídas na questão da diminuição desses riscos. A gente vai ter um mapa de alerta que vai informar a Agesul aonde atuar conforme a necessidade, onde é mais importante. Os monitoramentos estão sendo feitos, porém é necessário fazer as avaliações da eficiência da intervenção, os estudos”, afirma o professor Afrânio.

Três caminhonetes são utilizadas para o monitoramento das dez rodovias do “Estada Viva”, com bases em Jardim, Aquidauana e Campo Grande.

“Além do monitoramento outras ações são importantes, como o hospital veterinário para animais silvestres em Campo Grande, para atender a fauna. E também, nos três últimos anos, muitas áreas foram transformadas em parques. Além da questão da estrada, tem o local para os animais habitarem”, diz o veterinário que atua no programa, Márcio César Seixas.

Você pode ajudar – O veterinário lembra que as estradas estaduais têm limite de velocidade de 80 km/h (quilômetros por hora).

“Respeitando o limite de velocidade, você já evita em mais de 50% a possibilidade de atropelar um animal. Também tem o aplicativo Estrada Viva no MS Digital, você baixa o aplicativo. Você consegue bater a foto com o seu celular e colaborar com o programa”, diz Márcio.

“Respeitando o limite de velocidade, você já evita em mais de 50% a possibilidade de atropelar um animal", diz Márcio. (Foto: Àlvaro Rezende)
“Respeitando o limite de velocidade, você já evita em mais de 50% a possibilidade de atropelar um animal", diz Márcio. (Foto: Àlvaro Rezende)


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