ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
MARÇO, SEXTA  29    CAMPO GRANDE 22º

Meio Ambiente

Se não tem "comportamento japonês", catadores dão fim ao lixo

Mariana Lopes | 24/06/2014 08:50
Se não tem "comportamento japonês", catadores dão fim ao lixo
(Foto: Cleber Gellio)
(Foto: Cleber Gellio)

O jogo entre Brasil e Camarões reuniu mais de 3 mil torcedores na Vila Brasil, em Campo Grande. E claro que o lixo foi proporcional à quantidade de pessoas que ocupou os altos da avenida Afonso Pena na tarde ontem (23). Com escassez de lixeiras, ou o torcedor levava sua própria sacola plástica para recolher os resíduos ou jogava no chão. A sujeira só não foi maior graças aos catadores que perambulavam entre a multidão atrás principalmente de latinhas.

Sentado no meio-fio do canteiro central da avenida, o mototaxista Luciano Tavares, 25 anos, terminou de tomar um copão de cerveja e, sem constrangimento, jogou-o na rua. Indagado se havia levado uma sacola para guardar o próprio lixo, ele respondeu sem titubear: "Não sou japonês". A justiticativa foi em alusão à torcida japonesa que, nos jogos pela Copa do Mundo, tem chamado a atenção por recolher o lixo produzido e colocar em sacos plásticos que levam para o estádio. O gesto, que para eles é habitual, ganhou destaque na imprensa brasileira, como um bom exemplo a ser seguido, mas que na prática, não é.

Atitude que Marcelo até aprova e acho louvável, apesar de não segui-la. "Esqueci minha sacola, e mesmo assim, eu poderia até pegar o copo, mas daí vou jogar onde? Não tem uma lixeira por aqui", critica.

Sentada no gramado com dois filhos pequenos, a estudante corumbaense Ronilda Oliveira Jarcem, 25 anos, estava com copos descartáveis e plásticos de algodão doce jogados no chão, aos pés dela. Sem ter levado sacola ou algo do tipo, ela garantiu que o material seria recolhido quando fosse embora. "Vou levar na mão mesmo e colocar no carro até achar uma lixeira, ou jogo em casa mesmo. Já trabalhei com limpeza e sei a importância de não deixar lixo pra trás", pontua Ronilda. 

Lixo jogado no chão, durante jogo da seleção brasileira nesta segunda-feira (Foto: Cleber Gellio)
Lixo jogado no chão, durante jogo da seleção brasileira nesta segunda-feira (Foto: Cleber Gellio)

Catadores - Durante todo o jogo de ontem (23), não era raro encontrar um catador passando entre os torcedores com uma sacola recolhendo as latinhas vazias. O pedreiro Nelson da Silva, 58 anos, está desde o primeiro jogo neste ofício. "No jogo passado consegui juntar 10 quilos de alumínio, mas hoje estou com mais concorrência", observa.

Ou seja, o número de catadores aumentou na Vila Brasil, já que o que não falta por lá são latas de bebidas. E sobre os torcedores, Nelson afirma que eles gostam da presença dos catadores. "Muitos já deixam as latinhas separadas para a gente, nos ajudam", comenta o pedreiro, que aproveitou o mundial para ganhar um dinheiro extra.

Em meio a torcida, a reportagem notou algumas pessoas com sacolas plásticas, nas quais jogavam o lixo. Em um grupo de sete pessoas, o vendedor Joelton Rocha, 35 anos, levou as próprias bebidas em um isopor e, ao lado, uma sacola para jogar as latas. A consciência ambiental foi evidenciada. "Imaginamos que não teria onde jogar e para não deixar na rua, sujando a avenida, garantimos para ter onde jogar o lixo", explicou.

Assim que um catador passou, a sacola cheia de latinhas ganhou um novo destino. "Eles estão trabalhando, não custa ajudar, e também é bom que fica menos lixo para a gente levar embora", ressalta Joelton.

Nos siga no Google Notícias