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Política

“Fiel escudeiro” e polêmico, Marun chega à Esplanada dos Ministérios

Deputado de MS se notalibizou como defensor de Michel Temer no Congresso, posição assumida anteriormente em relação a líderes de seus grupos políticos

Humberto Marques | 30/12/2017 08:45
“Fiel escudeiro” e polêmico, Marun chega à Esplanada dos Ministérios
Na Câmara desde 2016, Marun ganhou projeção nacional como defensor de Temer e foi nomeado ministro. (Foto: Naiara Pontes/SeGov/Divulgação)
Na Câmara desde 2016, Marun ganhou projeção nacional como defensor de Temer e foi nomeado ministro. (Foto: Naiara Pontes/SeGov/Divulgação)

Carlos Marun (PMDB) teve em 2017 talvez o maior avanço de sua carreira política até aqui. Em 15 de dezembro, tomou posse como ministro da Secretaria de Governo da Presidência da República. Na ocasião, declarou-se um “soldado” de Michel Temer (PMDB), postura que já havia assumido desde a chegada do presidente ao poder após o impeachment de Dilma Rousseff (PT) –repetida em relação aos outros líderes dos grupos políticos que integrou, seja nacionalmente ou em Mato Grosso do Sul.

Marun começou a vida pública na Secretaria de Assuntos Fundiários de Juvêncio da Fonseca, em Campo Grande, em 1996. Na Emha (a atual Agência Municipal de Habitação), também iniciou uma carreira reconhecida nacionalmente por ações na área habitacional –replicada ainda na Secretaria de Estado de Habitação, totalizando 16 anos de atuação no setor com o qual se identificou, em gestões do ex-prefeito e ex-governador André Puccinelli (PMDB).

Porém, foi no tablado da política que se desenhou como “fiel escudeiro” de seus líderes. Sempre deixando clara questões como coesão e fidelidade, Marun envolveu-se em debates homéricos na Câmara de Campo Grande e na Assembleia Legislativa –muitas vezes tendo como seu contraponto um integrante do PT, o qual voltaria a ser criticado por ele já em Brasília, quando notabilizou-se como uma das vozes em favor do impeachment de Dilma, pelo qual “trombou” com apoiadores da ex-presidente.

Marun foi o relator da CPMI da JBS, concluindo trabalho antes de virar ministro. (Foto: Roque de Sá/Agência Senado/Arquivo)
Marun foi o relator da CPMI da JBS, concluindo trabalho antes de virar ministro. (Foto: Roque de Sá/Agência Senado/Arquivo)

Tropa de choque – Mais do que isso, Marun aportou em polêmicas ao assumir a defesa do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e depois ao assumir ostensivamente a linha de frente de projetos do Governo Temer que traziam consigo o peso da impopularidade –como as reformas trabalhista, já aprovada, e a da Previdência, elencada como sua principal meta no ministério.

Ganhou lugar cativo na chamada “tropa de choque” de Temer no Congresso, posto no qual também lhe deu projeção por conta de posturas em plenário –que incluíram provocações a aliados ou lances inusitados, como a votação que rejeitou denúncia contra o presidente, na qual cantou “Tudo está no seu lugar”.

Benito Di Paula, autor da música, veio a público protestar dizendo que via uma obra com a qual tinha identificação pessoal ser usada em algo que não aprovava. “Não vou cantar mais”, devolveu o hoje ministro.

Com igual intensidade, brigou para defender seus aliados. Não por acaso, entre seus últimos lances na CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) do JBS –da qual foi relator–, tentou ouvir a todo custo o procurador da República Rodrigo Janot, responsável por acusações contra Temer, e questionou os acordos de delação dos irmãos Joesley e Wesley Batista.

Marun, Temer e Antônio Imbassahy, ex-ministro da Secretaria de Governo. (Foto: Alan Santos/PR/Arquivo)
Marun, Temer e Antônio Imbassahy, ex-ministro da Secretaria de Governo. (Foto: Alan Santos/PR/Arquivo)

Missões – Em 2017, o Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar), do Congresso, listou Marun entre os parlamentares de destaque do parlamento brasileiro, por seu perfil “debatedor”. A ascensão em Brasília, porém, não o deixou alheio a situações em Mato Grosso do Sul, fazendo-se presente desde a CPI do JBS na Assembleia como em lances da operação Lama Asfáltica, referendando apoio a Puccinelli –de quem, aliás, já aparece como cabo eleitoral para a virtual campanha de 2018.

Em Brasília, Carlos Marun afirma ser “o primeiro a chegar e o último a sair” do Palácio do Planalto, dadas as missões no comando das articulações por Temer. Na posse, o presidente dizia que o queria trabalhando 20 horas por dias pela reforma da Previdência. O ministro afirmou que está “quase em 22”.

O resultado da tarefa complexa será sentido em fevereiro de 2018, quando o projeto da reforma da Previdência voltará a caminhar no plenário. Até lá, Carlos Marun promete mais esforços a fim de fazer o projeto avançar. Aparentemente, não sem deixar de lado a “autenticidade”: nesta semana, envolveu-se em mal-estar com sete governadores do Nordeste, que o acusaram de fazer “chantagem” ao cobrar apoio pela reforma da Previdência em troca da liberação de financiamentos e recursos.

Marun disse ter assistido a entrevista na qual a inusitada declaração foi dada e afirmou ter sido mal interpretado. Ainda assim, voltou a cobrar “reciprocidade” de gestores, de quem esperava suporte à reforma da Previdência –mais importantes, como ilustrou ele, do que interesses de cunho eleitoral.

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