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Política

Candidato ao Senado defende adoção por casais gays e liberação das drogas

Ludyney Moura | 11/09/2014 09:00
Valdemir Casimiro do PSTU defende propostas polêmicas (Foto: Marcelo Calazans)
Valdemir Casimiro do PSTU defende propostas polêmicas (Foto: Marcelo Calazans)

Valdemir Casimiro de Souza, ou simplesmente Vademir do PSTU, é o candidato a senador que fecha a rodada de entrevistas do Campo Grande News com os postulantes à vaga no Senado Federal, uma vez que o petista Ricardo Ayache e o pepista Alcides Bernal não responderam às perguntas elaboradas pela reportagem.

Valdemir é porteiro de edifício, ascensorista, garagista e zelador e declarou à Justiça Eleitoral que pretende gastar apenas R$ 16,1 mil em sua campanha rumo ao Senado. O socialista também defende a descriminalização das drogas.

"Não adianta tratar com hipocrisia e com demagogia uma questão tão séria. Enquanto houver proibição haverá comércio clandestino e os jovens da classe trabalhadora estarão propensos ao uso desses entorpecentes e serão aliciados para esse mundo", defende o candidato, que também é favorável à descriminalização do aborto.

Confira a entrevista ao Campo Grande News do candidato do PSTU ao Senado:

Alguns nomes de peso na política nacional, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e o senador Cristóvão Buarque (PDT-DF),são defensores do projeto de lei que liberaria a comercialização da maconha no Brasil, como forma de dar ao Governo Federal maior controle sobre o consumo do entorpecente. Tema que deverá ser debatido no Congresso na próxima legislatura. Qual seria seu posicionamento diante desta temática?

Valdemir - O PSTU defende a descriminalização das drogas. Não adianta tratar com hipocrisia e com demagogia uma questão tão séria. Enquanto houver proibição haverá comércio clandestino e os jovens da classe trabalhadora estarão propensos ao uso desses entorpecentes e serão aliciados para esse mundo. Quem sai ganhando com a criminalização e a proibição do uso dessas drogas? As elites política e econômica, enfim, o Estado Capitalista, porque que esses sujeitos lucram com essa situação.

Defendemos a estatização da distribuição das drogas, com controle por meio do conselho popular específico e, ainda, acompanhamento por parte da gestão socialista e classista do usuário (psicológico, prevenção e saúde especialmente). O uso de entorpecentes não deve ser tratado como questão religiosa, como questão criminosa etc.

A legalização da maconha, da cocaína e de todas as drogas, sob controle estatal do grande atacado e produção afastaria o atrativo para o crime organizado, permitiria maior monitoramento dos usos problemáticos e encaminhamento dos necessitados a tratamentos. Financiados pela própria renda gerada na venda legal, seriam oferecidos no serviço público de saúde.

O conjunto das drogas legalizadas acabaria com os efeitos nefastos do chamado “narcotráfico”, encerraria a “guerra contra as drogas”, libertaria os prisioneiros dessa guerra: em torno de metade da população carcerária tanto nos EUA como no Brasil. Seria interrompido o crescimento vertiginoso do encarceramento por drogas, principal fonte de lucros para o sistema penal privado norte-americano e mecanismo de repressão social e racial contra os pobres e os afrodescendentes no Brasil. Reduziriam-se os danos sociais dos usos problemáticos de drogas. Seriam potencializados os usos positivos, tanto terapêuticos como recreacionais. Portanto, preocupar-se com essa juventude é preocupar-se com a causa e essa causa advém de uma sociedade que queremos superar: a capitalista.

- Todos os candidatos defendem a reforma tributária e menos impostos. Quais tributos devem ter redução na sua avaliação?

Valdemir - O PSTU defende uma reforma tributária justa desde que atenda às necessidades da classe trabalhadora, onde haja a tributação progressiva dos impostos no sentido de se pagar mais quem ganha mais. A falta de investimento não só em Mato Grosso do Sul mas também nos demais Estados do País é por decisão política do governo federal. Para que haja mais investimento é necessário que o governo pare de pagar imediatamente as dívidas interna e externa que hoje consomem do orçamento da União quase 50% do seu montante. Somente como exemplo, de 2011 a 2013 no governo Dilma (PT) foram pagos 2,2 trilhões de reais para a dívida e essa mesma dívida saltou do governo anterior para o atual de 2,8 trilhão para 4,0 trilhão, ou seja, por mais que se pague a dívida ela só vem aumentando. A mesma situação também se configura no governo do Estado. Defendemos o não pagamento das dívidas para atender às necessidades da classe trabalhadora.

- O governador André Puccinelli (PMDB) tem se destacado, nacionalmente,na defesa dos interesses fiscais dos Estados menos industrializados dopaís, em um episódio classificado por alguns como Guerra Fiscal. Como enfrentaria a questão e o que apresentaria de solução parlamentar para isso?

Valdemir - Em primeiro lugar, o PSTU entende que Mato Grosso do Sul deve parar de pagar imediatamente as dívidas interna e externa para atender as necessidades da classe trabalhadora. Nessa visão, qual seja, priorizando a classe trabalhadora e o povo pobre do Estado é que se deve avaliar as questões tributárias. Somente com a mobilização e a pressão popular e com representantes verdadeiros dessa classe há que se conseguir uma distribuição igualitária a respeito dos impostos e quanto ao FPM e ao FPE, invertendo a lógica de beneficiar somente as elites dos estados brasileiros. Após essa mobilização, essa mesma classe, através dos conselhos populares, deve avaliar até que ponto essa política de distribuição deve prevalecer, apontando para o não pagamento das dívidas interna e externa e priorizando investimentos em áreas básicas como saúde, educação e transporte.

- Outro tema polêmica é o fim do voto obrigatório. O senhor vai trabalhar para acabar com esta obrigação?

Valdemir - Na verdade, o trabalhador e o povo pobre não têm acesso às propostas realmente voltadas aos seus interesses em razão desse sistema anti-democrático em que os partidos que representam as elites têm tempo o suficiente de apresentá-las na TV e no rádio e partidos de luta, socialistas, revolucionários como o PSTU são alijados desse processo. A apatia existe porque há longa experiência em governos que têm discursos e na prática se corrompem, defendem interesses de uma minoria e atacam direitos históricos dos trabalhadores. Inclusive, o PT se aliou totalmente às elites, fazendo parte hoje dessa elite política que “manda” no sistema. O PSTU defende a liberdade no voto e não o voto obrigatório.

- A reforma política pode adotar o voto distrital ou o voto distrital misto. Qual sistema o senhor defende?

Valdemir - O PSTU defende a formação de uma Câmara Única para o Legislativo com o fim do Senado. Quem deve decidir sobre a questão do voto e seus representantes é a classe trabalhadora e o povo pobre e que esses mesmos protagonistas tenham liberdade e não sejam obrigados a votar. Além disso, esses protagonistas devem ser libertos da alienação que os partidos das elites insistem em manter. Tanto o sistema eleitoral vigente quanto o proposto pelas elites não contemplam e não contemplarão a classe trabalhadora e seus representantes.

- Os suplentes de senador são bastante criticados, porque assumem sem passar pelo escrutínio popular. O que o senhor (a) propõe neste caso, manter ou mudar o atual sistema dos suplentes?

Valdemir - Com ou sem senadores, os trabalhadores, o povo pobre e os povos da terra (indígenas, quilombolas e camponeses) não estão representados no Parlamento. O papel do Senado em nada beneficia a vida de milhões de trabalhadores, populações marginalizadas e oprimidas. Portanto, o Senado deve ser extinto e ser formada uma Câmara Única, com representantes do povo com mandatos revogáveis (portanto, sem suplentes) e esses mesmos representantes, caso se atrelem às elites, casos sejam corrompidos, devem ter seus bens expropriados. A bancada que representa o estado em nada beneficia a classe trabalhadora, muito menos seus suplentes. Somente mandados de fato controlados por essa classe são legítimos.

- A reeleição foi implantada em 1997. Alguns candidatos a presidente defendem o fim deste sistema. Qual a sua opinião sobre o fim da reeleição e qual o melhor modelo para o Brasil?

Valdemir - O melhor modelo para o Brasil é a possibilidade de que a classe trabalhadora tenha de fato acesso às propostas que a beneficiariam. E esse modelo não é o atual pois o sistema eleitoral vigente é anti democrático ao não permitir como, por exemplo, tempo de TV e rádio de forma igualitária para todos os partidos. As elites, representadas pelos outros candidatos, são as que mais se beneficiam. Então, o tema da reeleição deve ser analisado sob uma perspectiva de contemplação da classe explorada e também oprimida e, dessa forma, os mandatos, independentemente de possibilidade de reeleição, sejam revogáveis a qualquer tempo e sob controle dos trabalhadores.

- As campanhas eleitorais devem ter financiamento público ou manter o atual sistema, com contribuição de empresas e cidadãos?

Valdemir - O atual sistema no que diz respeito a financiamento de campanhas é imoral, corrupto. As grandes empresas, as empreiteiras, o agronegócio, o latifúndio, enfim, os grupos que financiam os outros partidos cobram a fatura depois de empossados seus candidatos e a corrupção “nada de braçada”. O PSTU defende o financiamento público das campanhas eleitorais com igualdade na respectiva distribuição.

- O Congresso também deve discutir a adoção de crianças por casais homossexuais. Qual a sua opinião a respeito do assunto?

Valdemir - O PSTU é totalmente favorável à extensão dos mesmos direitos concedidos aos heterossexuais aos homossexuais, como, por exemplo, união civil reconhecida, proteção previdenciária, assistência à saúde e a adoção de crianças. Somos contra quaisquer atos de homofobia e entendemos que o povo pobre e a classe trabalhadora deve lutar contra a hipocrisia da sociedade capitalista representada pelas elites, pelas religiões, pelo estado enfim.

- Um projeto de lei propõe que a homofobia seja considerada crime semelhante ao racismo. Qual a sua posição a respeito do assunto?

Valdemir - Somos totalmente favoráveis a criminalização da homofobia, com políticas adequadas de conscientização. Somos favoráveis à implantação do kit anti-homofobia nas escolas.

- E o aborto, deve ser mantido na forma atual da lei, que é permitido nos casos de estupro e ameaça à saúde da mulher, ou sofrer alterações, como retirar esses direitos ou ampliá-los?

Valdemir - O PSTU defende a descriminalização do aborto com assistência total do Estado em relação às mulheres que decidam por ele. A mulher deve ter o direito de decidir sobre seu próprio corpo. O aborto se trata de uma questão de saúde pública. O aborto clandestino é a quarta maior causa de morte materna no país e é uma hipocrisia o estado, influenciado pelo conservadorismo das religiões e pelas elites deste país, não se responsabilizar a respeito.

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