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Política

Candidatos aventureiro, outsider e fênix são tendência para 2018

“O político tem um poder de renascimento fantástico. Ele morre várias vezes” diz especialista

Aline dos Santos | 26/04/2017 11:10
Eleitores voltam às urnas em 2018. (Foto: Marcos Ermínio)
Eleitores voltam às urnas em 2018. (Foto: Marcos Ermínio)

Comparar as próximas eleições a uma aventura é mais do que força de expressão. O cardápio para o eleitor deve trazer nomes fora do circuito político, profundamente marcado por denúncias de corrupção, o que abre espaço tanto para propostas sérias quanto para aventureiros.

Na tendência eleição 2018, as apostas são candidatos ligados a sindicatos, igrejas e poderes como Judiciário e Ministério Público. O cenário não exclui políticos tradicionais, que podem renascer pela empatia com o eleitorado ou sob guarida da lista fechada no Poder Legislativo.

“Vai trazer gente séria para a política, mas também vai trazer um mundo de gente com o espírito aventureiro de se dar bem. Mas tomara que as pessoas que venham com esse espírito tenham o reflexo da Lava Jato na cabeça”, afirma o cientista político Tito Carlos Machado de Oliveira.

Apesar da exigência de que o candidato tenha filiação partidária, predomina no noticiário político o termo outsider, que define quem não pertence a um grupo determinado. Segundo Oliveira, as candidaturas com esse perfil ganharam impulsão com a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para presidente do Brasil. “Isso cria no ambiente uma perspectiva interessente. Se ele pode, porque eu não posso. Em uma série de pessoas se interessa pela política”, diz.

O predomínio de nomes fora do staff político já se apresentou na eleição do ano passado, quando a Câmara Municipal teve policial federal e filho de juiz no topo dos votos.

“A desmoralização da política abre espaço para que outras forças ocupem, não tem lugar vazio. Mas  juiz, promotor, delegado, um guarda de quarteirão não é eleito para criar leis. Com a política tão desmoralizada, o Judiciário ascende”, avalia o cientista político e professor universitário Eronildo Barbosa.

Ou seja, a judicialização da política também pavimenta o caminho para que membros do Judiciário e Ministério Público rumem para a disputa eleitoral.

Apesar de prever profusão de novos nomes, ele avalia que também há espaço para os veteranos, que podem renascer como o mito da Fênix. “O político tem poder de renascimento fantástico. Você vê o cara lá embaixo, mas ele costura caminho, um político morre várias vezes”, afirma. 

E como a política tem componente emocional, o eleitor já se mostrou capaz, em outros pleitos, de “perdoar” o que considera pequenos mal feitos. “O que estão ali foram eleitos, não vieram de Marte. São parte da nossa cultura”, salienta Barbosa.

Lista fechada – Depois de marcarem presença nas denúncias que receberam nome de “lista do fim do mundo”, a classe política discute o voto em listas fechadas das legendas. Nesse modelo, os eleitores votam no partido e os votos são distribuídos de acordo com uma ordem de candidatos previamente definida pela legenda. Ou seja, uma oportunidade para os “caciques”, lideranças que saíram com imagem arranhada após denúncias.

Mas o cientista político Tito Machado alerta que o risco é duplo. A rejeição ao candidato pode enfraquecer os partidos.

“Pode não apenas arrebentar' com os caciques, mas com o partido. Por esse lado, a lista, que poderia ser instrumento democrático, também pode ser de fragilização democrática no Brasil. Eles [partidos] são usados por mau-caráter, mas não quer dizer que as siglas não presta, não podem cair no erro”, afirma.

No ano que vem, os eleitores vão às urnas para escolha de deputado estadual, deputado federal, governador, senador e presidente.

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