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Política

Candidatos indígenas conseguiram 33 mil votos em MS

Eleições tiveram ao menos 7 candidatos indígenas. Candidato ao Senado conseguiu 28 mil votos no Estado

Izabela Sanchez | 09/10/2018 13:50
Anísio Guató, candidato ao Senado que conseguiu quase 30 mil votos (Paulo Francis)
Anísio Guató, candidato ao Senado que conseguiu quase 30 mil votos (Paulo Francis)

A segunda maior população indígena do país vive em Mato Grosso do Sul e rendeu, ao Estado, ao menos 9 candidaturas indígenas nas eleições de 2018. Juntos eles conseguiram 33.937 votos no Estado. Único candidato indígena ao Senado, Anísio Guató (Psol) foi o décimo senador mais votado e conseguiu 28.888 votos.

Luzia Aquino, a Índia (PHS), candidata a deputada estadual recebeu 164 votos. Evódio Vargas (MDB) contou com 232 votos. Danilo Terena (PHS), candidato a uma vaga para a Assembleia Legislativa, e Aguilera Guarani (MDB), que tentou uma cadeira na Câmara, tiveram suas candidatas indeferidas pela Justiça Eleitoral.

Para os indígenas, ingressar na política é também um ato de resistência. Isso porque disputam vagas em um dos Estados mais violentos contra os índios e com um longo histórico de violações e morosidade nos processo de demarcação de terras. Além disso as eleições renderam, esse ano, bancadas ainda mais conservadoras.

No Congresso, a bancada ruralista, uma das mais agressivas contra direitos indígenas, é uma também uma das mais poderosas. Em meio à esse cenário, ainda assim, uma mulher indígena foi eleita para a Câmara dos Deputados. Joênia Wapichana, da Rede Sustentabilidade, foi a única indígena eleita para a Câmara depois de 36 anos sem deputados indígenas.

Em Mato Grosso do Sul, a candidata à Câmara Federal Aliscinda Terena (PPS) conseguiu 1219 votos. Candidato à vaga de deputado estadual, Dionédison Terena (PT) alcançou 2.441 votos, seguido de Arildo França (PRB) com 737 e Marcelo Ofaié (PV) com 92 votos.

Uma das lideranças mais fortes no Estado e membro da Assembleia do povo Terena, Lindomar Terena afirma que o crescimento das candidaturas mostra o desejo dos indígenas de ocuparem todos os espaços políticos. “O movimento indígena sempre quis pleitear e ocupar esses espaços e pra nós é um espaço importante, de decisões e para o movimento, é sempre bom ter nossos representantes”, comenta.

Para ele, a eleição de Joênia deve representar um contraponto no Congresso, especialmente quando os direitos indígenas estiverem em pauta. Lindomar opina que os indígenas enfrentam dificuldades que não são experimentadas por candidatos não indígenas, a exemplo da falta de recursos.

“Primeiro é a falta de estrutura para a campanha, sair a pé fazendo campanha, a sociedade brasileira de uma forma geral não vota de forma. Chegou a época de campanha todo mundo já toma partido por A ou por B, de quem já está no poder”, comenta.

O Terena acredita que a deputada federal indígena impulsiona outras candidaturas. “Eu acho que com a eleição da Joênia é um passo a frente, que poderá com certeza fazer com que o nosso povo reflita e mostrar que, de forma organizada, vai conseguir fazer participar das instâncias municipais, e, lá na frente, pensar nas instâncias maiores”.

Lindomar, ainda assim, demonstrou preocupação com que chamou de “onda do bolsonarismo”.

“A gente está muito preocupado com essa onda do bolsonarismo, porque de forma truculenta ele está dizendo que não vai respeitar direitos conquistados, isso é um absurdo, alguém que quer ser mandatário do país, dizendo que a demarcação não terá um palmo de terra, alguém que já se colocou que não vai respeitar a Constituição, isso é preocupante. Aqui no Mato Grosso do Sul acabou fazendo dois deputados estaduais mais votados. Vai mexer com os direitos conquistados, são vários retrocessos”, declarou.

Matéria editada às 17h32 para correção de informações 

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