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Política

Deputado rasga homenagem a Trump e clima esquenta na Assembleia

Tom de discursos foi acirrado sobre anúncio de taxação extra de 50% a produtos brasileiros

Por Maristela Brunetto | 10/07/2025 12:48

RESUMO

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O deputado Pedro Kemp, do PT, rasgou uma moção de homenagem ao ex-presidente dos EUA Donald Trump durante sessão na Assembleia Legislativa, criticando a sobretaxação de 50% imposta por Trump a produtos brasileiros. Kemp classificou a medida como uma interferência na soberania nacional e acusou Trump de tentar intimidar o STF, que julgará Jair Bolsonaro por tentativa de golpe. O deputado João Henrique Catan, do PL, rebateu, defendendo Trump e atacando o governo Lula, alegando que o Brasil se afasta de democracias ao se aliar a países como China e Irã. Outros parlamentares, como Pedro Pedrossian Neto (PSD) e o presidente da Assembleia, Gerson Claro, defenderam diálogo e mecanismos institucionais para resolver a crise. Pedrossian alertou sobre os riscos de medidas unilaterais e destacou a importância de regras internacionais. A discussão refletiu a polarização política e a preocupação com os impactos econômicos da medida norte-americana.



A carta divulgada ontem pelo presidente norte-americano Donald Trump anunciando sobretaxação de 50% a produtos brasileiros provocou discursos acalorados esta manhã na Assembleia Legislativa, começando com o petista Pedro Kemp rasgando moção de congratulação que a Casa aprovou no começo do ano após a eleição. Ele disse que sentia vergonha da aprovação e, após, foi rebatido por João Henrique Catan, que atacou o Governo Lula.

Kemp ocupou primeiro a tribuna, dizendo que Trump usou de bravatas e tentativa de intimidar o STF (Supremo Tribunal Federal), que julgará o ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de estado, um dos motivos apontado pelo norte-americano para sancionar o Brasil, além de citar a tentativa da Corte de enquadras bigtechs sobre uso de redes sociais.

O deputado não poupou adjetivos, considerando “ridícula” a tentativa de interferir na soberania nacional e classificando de complexo de “vira-latas” enaltecer os país norte-americano ao homenagear Trump. Ainda disse que sabia à época da aprovação da moção que “mais cedo ou mais tarde” ele prejudicaria o País, e classificou que agora “enfia a faca nas costas”. Kemp ainda apontou que o argumento de que havia desproporção na atuação do Brasil em relação aos EUA era falsa, uma vez que os Estados Unidos têm superávit superior a US$ 400 bilhões nas relações comerciais.

Já ao final disse que o prejuízo a setores econômicos não vai intimidar o STF, que tem independência e lisura para julgar. Por fim, sustentou acreditar que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva conseguirá adotar providências para amenizar os impactos da sobretaxação e se fará respeitar, por não ser uma “república de banana”.

O deputado Carlos Alberto David dos Santos, coronel David, do PL, até tentou intervir. Sem conseguir, levantou folha escrita à caneta com a frase “a culpa é do Lula”.

Quem defendeu o bolsonarismo e a carta de Trump diante das alegações de Kemp foi João Henrique Catan, também do PL. Ele desviou a alegação de que o norte-americano quis simplesmente defender o ex-presidente, pela acusação de golpe, mas sustentou que as posições do Brasil o afastariam de uma democracia, como defesas do Irã e China, e o julgamento de Bolsonaro por uma Corte que tem integrantes indicados por Lula.

O parlamentar ainda acusou Lula de se apropriar de desvios da Previdência, que foram investigados pela Polícia Federal e apontaram esquema de descontos ilegais em benefícios. Para sustentar que as relações com o STF não são independentes citou a anulação de condenação de Lula proferida no âmbito da Lava Jato.

Ele ainda falou sobre o controle das redes sociais pelo STF, contra fake news, citando que a direita não divulga mentiras, mas fala com a emoção e a verdade. Catan também sustentou que os EUA são uma das maiores democracias do mundo e precisam fortalecer os verdadeiros parceiros, enquanto o Brasil precisa rever suas relações diplomáticas.

Colocando as coisas no lugar- Pedro Pedrossian Neto (PSD) disse ver a carta de Trump com preocupação. Ele deu uma breve aula de relações internacionais, apontando que o atrito opõe os dois principais países do continente americano. Ele se lembrou de relações agressivas que persistiram no século XIX, desencadeando conflitos locais e a escalada para duas guerras mundiais.

Mencionou o surgimento do GATT (Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio) e diz que agora dois sócios fundadores se afastam do pacto comercial, que trouxe a lógica de não discriminação de parceiros comerciais. Pedrossian ainda sustentou que não se pode adotar medidas unilaterais e é preciso resgatar o paradigma de que as regras, e não a força, devem prevalecer no comércio internacional.

Para o deputado, o assunto não pode se misturar com a política e ideologia a temas econômicos. Para ele, o governo brasileiro deve agir com diplomacia e diálogo e utilizar a Lei de Reciprocidade e os mecanismos de reação previstos em regras internacionais.

Na mesma linha, de defender mecanismos institucionais, foi a fala do presidente da Assembleia, Gerson Claro, sustentando que é preciso haver diálogo e negociação diante dos riscos econômicos ao País e ao Estado.

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