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Política

Dívida trabalhista do PT de MS é só o começo: montante supera R$ 5 milhões

Os valores devidos provêm de ações de ex-funcionários e condenações eleitorais de Zeca e Delcídio

Lucas Junot | 01/08/2017 15:35
Deputado federal, Zeca do PT assumiu a direção estadual do partido em julho deste ano (Foto: Câmara dos Deputados)
Deputado federal, Zeca do PT assumiu a direção estadual do partido em julho deste ano (Foto: Câmara dos Deputados)

O PT (Partido dos Trabalhadores) de Mato Grosso do Sul deve R$ 5,5 milhões em ações trabalhistas e condenações judiciais em processos eleitorais que envolvem prestação de contas em campanhas eleitorais do atual presidente estadual e deputado federal da sigla, Zeca do PT e do senador cassado Delcídio do Amaral (ex-PT).

Nesta terça-feira (1º), seis dos oito funcionários demitidos do diretório estadual do PT no Estado foram à Assembleia Legislativa pedir apoio aos deputados estaduais petistas para receberem seus direitos trabalhistas. Eles acusam Zeca de intransigência, omissão e de sequer tê-los chamado para conversar sobre o pagamento dos valores devidos.

Conforme o Campo Grande News noticiou ontem (31), há um mês a nova diretoria – presidida pelo deputado federal Zeca do PT – demitiu um grupo de oito funcionários, alegando não ter recursos para manter o quadro, em função da suspensão do Fundo Partidário, que gerou perda de R$ 73 mil mensais ao diretório estadual. A sigla deve R$ 318 mil ao INSS, R$ 150 mil em recisões contratuais e mais R$ 120 mil referentes ao FGTS e multas, que deixaram de ser depositados em 2015, na gestão do ex-deputado federal Antônio Carlos Biffi.

De acordo com a tesoureira da nova direção, Kátia Guimarães, alguns dos trabalhadores serviram o diretório por mais de dez anos e chegaram a ter os salários atrasados por três meses.

Funcionários demitidos do diretório estadual foram à Assembleia nesta terça-feira (1º) (Foto: Leonardo Rocha)
Funcionários demitidos do diretório estadual foram à Assembleia nesta terça-feira (1º) (Foto: Leonardo Rocha)
Eles entregaram uma carta pedindo apoio dos deputados estaduais para receberem seus direitos trabalhistas (Foto: Leonardo Rocha)
Eles entregaram uma carta pedindo apoio dos deputados estaduais para receberem seus direitos trabalhistas (Foto: Leonardo Rocha)

Contudo, nesta terça-feira (1º), o ex-presidente estadual do partido, Antônio Carlos Biffi lembrou que a suspensão do Fundo Partidário se deu justamente por falhas nas prestações de contas de Zeca e Delcídio, além de processos trabalhistas e condenações judiciais do novo presidente.

“É uma briga interna que eu não gostaria de comentar, mas o que posso dizer é que não recolhemos FGTS nos 16 meses em que estive à frente do partido porque já tínhamos perdido receita do Fundo Partidário em função de uma ação que remonta à campanha do Zeca em 1998, quando houve um acidente em Ponta Porã em que uma caminhonete carregada de rojões explodiu e feriu duas pessoas. O PT foi condenado a pagar R$ 500 mil. A falha na prestação de contas do Zeca em 2010 voltou a suspender o Fundo e o PT foi condenado a devolver mais R$ 1,3 milhão”, afirma Biffi.

“O problema não é má gestão dessa ou daquela diretoria, mas sim a origem das dívidas que o partido tem. Vem falar que eu não depositei FGTS, entre pagar salário e depositar, eu tive que escolher e optei por manter os salários em dia, mas o por quê está aí”, desabafou o ex-presidente do PT.

Biffi comandou o diretório por dois anos e disse que existe uma briga interna no PT de MS (Foto: Reprodução)
Biffi comandou o diretório por dois anos e disse que existe uma briga interna no PT de MS (Foto: Reprodução)

De acordo com a ex-tesoureira do PT estadual, Kelly Cristina, as perdas do Fundo Partidário do PT no ano passado somam R$ 700 mil. Ela ocupou o cargo de 2010 até o último dia 22 de julho, quando Zeca assumiu a direção do partido.

Segundo Kelly, a dívida de R$ 613 mil é apenas “a ponta do iceberg”. Problemas na prestação de contas do então candidato ao governo pelo PT em 2014, Delcídio do Amaral, geraram R$ 3 milhões de dívida à sigla e levaram à suspensão do Fundo partidário por cinco meses, perda de aproximadamente R$ 365 mil.

A prestação de contas de Zeca de 2010, além da devolução de mais R$ 1.390.000,00, gerou suspensão do recebimento do Fundo Partidário por 10 meses, cerca de R$ 730 mil. Além dos R$ 500 mil de indenizção do processo contra Zeca pelo fato ocorrido em 1998, cuja sentença foi dada recentemente pelo STF e mantida pelo Ministério Público Eleitoral.

“O problema do PT são os processos eleitorais”, finalizou Kelly.

Ontem (31), Zeca do PT esteve em São Paulo, onde se reuniu com o tesoureiro do PT em nível nacional, a fim de reaver o Fundo Partidário e pagar as dívidas.

De acordo com a nova diretoria, a dívida junto ao INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) foi negociada e será parcelada em 60 meses, com a primeira parcela já para agosto. O mesmo está sendo pleiteado junto à Caixa Econômica Federal, acerca do FGTS.

O Campo Grande News tentou contato com o deputado federal Zeca do PT nesta terça-feira (1º), mas ele atendeu rapidamente e disse que estava em reunião com a bancada federal. Até o fechamento desta reportagem, as demais ligações não foram atendidas. Delcídio do Amaral também não atendeu as ligações.

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