Ex-secretário “exonerou”, invadiu sala e pode atrasar obras do PAC

O ex-secretário municipal de Administração, Ricardo Ballock, agrediu funcionários, revistou bolsas pessoalmente e invadiu a sala da Cecom (Central Municipal de Compras) na noite de ontem (15). Após entrar na sala, ele gritou que “todos os funcionários estavam exonerados”. O ato de vandalismo do assessor de Alcides Bernal (PP) pode atrasar as licitações das obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), orçadas em R$ 491 milhões.

Segundo a coordenadora da Cecom, Veridiana Alves Fernandes, ela e mais quatro funcionárias ficaram na pasta recolhendo e colocando documentos nos cofres. Os demais funcionários foram dispensados porque ficaram apavorados com o risco de invasão.

A assessora jurídica da Central de Compras, Silvia Alves, teve a bolsa arrancada das mãos e revistada pessoalmente por Ballock. Ele queria as chaves para entrar na sala. Por fim, o ex-secretário contou com a ajuda de quatro guardas municipais e invadiu a sala.

Veridiana conta que ele entrou e gritou: “eu sou o novo secretário e vocês estão exonerados”. Ela contou o grande temor era o roubo e alteração de processos de licitação em andamento na pasta. Só do PAC, a Cecom realiza a licitação de obras de pavimentação e Mobilidade Urbana que somam R$ 370 milhões. Outros R$ 10 milhões são licitações de outras pastas, que incluem desde o café, papel higiênico e material de escritório.

A coordenadora da Central de Compras teme que a ação de vandalismo comandada por Ballock atrase as licitações do PAC. As primeiras licitações de pavimentação seriam abertas nesta sexta-feira. No entanto, em decorrência da invasão da prefeitura pela equipe de Bernal, a abertura das propostas será suspensa. Devem atrasar as obras de pavimentação dos bairros Seminário, Mata do Jacinto e Portal Panamá.

As obras serão lançadas com a presidente da República, Dilma Rousseff (PT) no dia 9 de junho. Segundo o secretário municipal de Governo, Rodrigo Pimentel, processos de licitação sumiram, como no caso da merenda escolar, e outros foram rasgados.

O ouvidor geral do município, Eduardo Haddad Filho, destacou que Bernal agiu de forma irregular ao comandar a ocupação da Prefeitura sem notificar o presidente da Câmara, Mario Cesar (PMDB) e tomar posse formalmente. Ele destacou que o grupo não poderia assumir na força e sem qualquer ato oficial.

“Ele não só antecipou, como agiu de forma irregular”, destacou Haddad Filho.

O delegado Fernando Nogueira, da Polícia Civil, está comandando a vistoria do prédio. Peritos também começaram a fazer a vistoria do prédio.