Governistas pedem punição para Pollon e mais 4; Camila vira alvo também
Parlamentares impediram presidente da Câmara de abrir sessão; no embate, Camila foi acusada de agredir Nikolas

Dois parlamentares de Mato Grosso do Sul poderão ser punidos pelas confusões ocorridas na noite de quarta-feira, na Câmara Federal, após quase dois dias de obstrução do funcionamento da casa legislativa por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pedindo a votação de um projeto de lei de anistia. Marcos Pollon (PL) foi representado por governistas junto com outros quatro deputados federais e Camila Jara foi alvo de representação por vereador de Curitiba, que a acusa de agressão a Nikolas Ferreira (PL/MG) e falta de decoro.
RESUMO
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A Câmara Federal viveu momentos de tensão após uma obstrução de quase 40 horas por parlamentares da oposição, que exigiam a votação de um projeto de anistia. Durante a sessão, Marcos Pollon e outros quatro deputados recusaram-se a deixar a mesa diretora, gerando confrontos. Camila Jara foi acusada de agredir Nikolas Ferreira, o que levou a pedidos de punição por falta de decoro parlamentar. O clima ficou ainda mais acirrado com trocas de acusações e vídeos divulgados nas redes sociais, ampliando a polarização entre governistas e oposição.
O clima se acirrou no começo da semana, com uma obstrução que durou quase 40 horas, gerando momentos tensos entre governistas e oposição. O ápice ocorreu na noite de quarta-feira, quando Hugo Motta (Republicanos-PB) tentou ocupar a cadeira de presidente para dar início ao período legislativo, após o recesso de julho. Pollon e Marcel van Hattem (Novo-RS) se recusaram a sair das cadeiras da mesa diretora e só desocuparam o espaço após insistência de colegas. Além deles dois, foram representados à mesa diretora Júlia Zanatta (PL-SC), Paulo Bilynskyj (PL-SP) e Zé Trovão (PL-SC). Trovão foi acusado de tentar impedir a passagem de Motta e a colega catarinense alvo de representação porque levou a filha bebê para a sessão tumultuada.
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Na representação, é alegado que o grupo realizou "tomada de assalto e sequestro coordenado" da própria mesa, com pedido de suspensão pelo período de seis meses. Em uma postagem em sua rede social, ele revelou que permaneceu enquanto Van Hatten disse que deveriam se manter nas cadeiras. “Minha função ali era firmar até o último segundo e foi o que eu fiz”, em referência a um acordo que garantisse a discussão do tema da anistia. Ele diz que não vai recuar dos temas defendidos. Além do perdão para evitar julgamentos, há defesa de mudança no processo penal, para acabar com o foro privilegiado e que tiraria do STF (Supremo Tribunal Federal) ações penais.
Já o Valor, publicou que o parlamentar gaúcho também mencionou a permanência até que fossem informados de uma negociação com Motta. "Quando Hugo Motta chegou à mesa, eu ainda não tinha sido avisado de que os demais membros da oposição tinham aceitado o acordo. Conversei com Pollon, que também não estava a par e decidimos esperar um pouco mais. Só concordei em sair após falar com Nikolas e Zucco, que estavam se encarregando de informar os demais membros da oposição sobre o que tinha sido acordado com demais líderes", afirmou o deputado.
Decoro parlamentar - Naquela noite, após conseguir assumir a cadeira, Motta fez um discurso de conciliação, necessidade de debate dos problemas nacionais e respeito ao regimento da Câmara. Enquanto ele discursava, integrantes do grupo de oposição se posicionaram atrás, cercando Motta e dificultando o acesso de outros parlamentares. Foi nesse contexto que Camila Jara se envolveu na confusão que gerou a queda de Nikolas e a acusação de agressão. Ela disse que houve empurra-empurra e negou ter derrubado o colega.
O vídeo da confusão foi amplamente compartilhado por aliados de Nikolas. Houve a informação de que o PL representaria contra ela por falta de decoro.
Entretanto, segundo o site Metrópoles, quem até agora representou contra ela foi o vereador por Curitiba (PR), Guilherme Kilter (Novo-PR), que protocolou um pedido de cassação do mandato. Ele aponta que Camila agrediu Nikolas em plenário, “de maneira incompatível com o exercício do mandato parlamentar”. Ele comparou a situação à de Glauber Braga, que teve pedido de cassação aprovado pelo Conselho de Ética por episódio de agressão e citou que esse tipo de conduta gera “um ambiente de intimidação e desrespeito no plenário.”
Nikolas e parlamentares da oposição passaram a compartilhar um vídeo de gravação feita na tarde de ontem, na Assembleia Legislativa, em Campo Grande, onde ocorria um evento sobre educação, de diálogo de Camila com assessores em que comentam a confusão com Nikolas e consideram que ela admite a agressão ao falar de sentir dor no braço. A reportagem entrou em contato com a parlamentar para pedir as informações sobre o contexto do diálogo divulgado, mas ainda não teve resposta.
Jara rebate a narrativa de Nikolas, reiterando que o vídeo não é uma confissão. "É um recorte, não está inteiro", disse. Segundo ela, no trecho em que cita o braço, ela estava ponderando como poderia dar um soco se estava com dor no braço. Em nota, a parlamentar ainda conta que, no momento da conversa, lembrou de um conselho que ouvia da mãe: "de não bater nos colegas, mesmo quando discordasse".
A deputada está em tratamento contra o câncer de tireoide e passou por duas cirurgias para retirada completa da tireoide e de linfonodos. "A cirurgia afetou um nervo no pescoço, limitando a mobilidade do ombro e do braço direito, justamente o braço que esbarrou em Nikolas no jogo de corpo durante o empurra-empurra. A fisioterapia tem ajudado, mas a deputada ainda não consegue erguer completamente o braço sem tremores", detalhou a nota.
Camila, em entrevista esta manhã ao site ICL, afirmou que Motta disse naquele momento da confusão que era preciso ter calma e tratar do assunto em momento posterior. Ela revelou ter dito ao presidente que o colega estava dissimulando. Segundo a parlamentar, o clima naquele dia estava muito tenso diante da obstrução por parlamentares da oposição, a ponto de ter que se agachar e passar por debaixo das pernas de um deles para furar o bloqueio e conseguir chegar perto do presidente.
A reportagem procurou o gabinete do líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante, para saber se será feita representação contra ela, mas não conseguiu contato no número disponível no site da Casa.
Matéria atualizada às 12h04 para acréscimo de informações.
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