Greve no estado e no município evidencia força da eleição de diretores
A eleição direta para os cargos de diretores, na rede estadual, refletiu na autonomia da categoria na discussão da greve junto ao governo do Estado, que resultou em um acordo rápido, após sete dias de paralisação. Já no âmbito municipal, a greve chega ao seu 18° dia, sem solução. Para dar mais autonomia à classe, os vereadores da oposição apresentaram projeto que prevê eleições também para rede municipal.
O vereador Eduardo Romero (PT do B), um dos autores da proposta, ressaltou que esta era uma reivindicação antiga da classe, o que vai certamente dar mais liberdade aos diretores nas escolas municipais, com mais autonomia para planejar suas ações, sem a interferência do executivo, inclusive em casos de greve. Na regra atual, estes cargos são indicados pelo prefeito municipal de Campo Grande.
“O projeto é para que seja alterado na lei orgânica do município, que vai prever esta eleição direta para o cargo de diretores nas escolas. Ele garante uma maior liberdade e muito mais diálogo" finalizou o parlamentar.
O vereador Marcos Alex (PT) ainda ponderou que a proposta acaba com a "politicagem" que existe na indicação ao cargo, assim como até a postura do diretor que se coloca como “dono da escola”, porém subordinado às ordens e recomendações do executivo. “É uma questão que deve ser democrática, a comunidade toda tem que se comprometer nesta questão”, disse o petista.
O projeto ainda é assinado pelos vereadores Thais Helena (PT), Airton Araújo (PT), Paulo Pedra (PDT), Luiza Ribeiro (PPS), José Chadid (sem partido) e Cazuza (PP). O texto agora segue para tramitação nas comissões permanentes e depois será colocado em pauta para votação no plenário da Câmara. Questionado se a proposta pode ser “barrada” pela base aliada, por ser uma iniciativa da oposição, Romero acredita que não, já que se trata de uma demanda antiga da categoria, que almeja esta ação democrática.
Acordo – Já no caso da rede estadual de ensino, esta eleição direta que permite mais autonomia aos diretores, também teve uma discussão acirrada neste início do ano, já que o governo estadual enviou uma proposta que mudava os critérios deste pleito eleitoral.
A Fetems (Federação dos Trabalhadores em Educação de Mato Grosso do Sul) inclusive fez uma manifestação na Assembleia Legislativa, contra o projeto, porque além de aumentar a idade do aluno, de 12 a 14 anos, com direito a voto, e retirar as eleições diretas nas escolas integrais e indígenas, não permitia que um administrativo pudesse concorrer ao cargo de diretor.
Com este impasse, o governo estadual resolveu retirar a matéria, para depois com um novo diálogo com a categoria, chegar a um texto de consenso. O presidente da Fetems, Roberto Botareli, afirmou hoje (12), ao Campo Grande News que este acordo está praticamente pronto, já que a SED (Secretaria Estadual de Educação) voltou a atrás e vai permitir eleição nas escolas integrais e participação de administrativos, com formação em Letras, no processo eleitoral para o cargo de diretor.
“Está quase fechado (acordo) ainda estamos pedindo que se permaneça a regra atual, onde os alunos de 12 possam votar, fazer parte desta ato democrático, já que existem escolas que vão até o 9° ano, e poucos alunos estariam aptos”, disse ele. A previsão é que o projeto seja reapresentado na Assembleia Legislativa, na semana que vem.