ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
MARÇO, SEXTA  29    CAMPO GRANDE 28º

Política

Juiz acata 9ª denúncia derivada da Lama Asfáltica, contra Puccinelli e mais 12

Peça acusatória fala em pagamento de R$ 90 milhões em propina por meio de notas frias

Marta Ferreira | 25/08/2020 12:48
Puccinelli, à esqueda, e o filho, André Puccinelli Junior, que chegaram a ser presos pela Operação Lama Asfáltica, durante audiência na Justiça Federal. (Foto: Arquivo/Campo Grande News)
Puccinelli, à esqueda, e o filho, André Puccinelli Junior, que chegaram a ser presos pela Operação Lama Asfáltica, durante audiência na Justiça Federal. (Foto: Arquivo/Campo Grande News)

A delação bombástica dos irmãos Wesley e Joesley, do grupo J&F,  proprietário do frigorífico JBS, produziu nova ação criminal por lavagem de dinheiro contra o ex-governador André Puccinelli (MDB) e mais 12 pessoas. Responsável por 9 processos derivados da operação “Lama Asfáltica”, o juiz Roberto Ferreira Filho, da 1ª Vara Criminal de Campo Grande, acatou mais uma denúncia do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) e deu prazo de vinte dias para as defesas se manifestarem. Era a última ação derivada da operação que aguardava posicionamento do magistrado.

Além de Puccinelli, são réus na ação o filho dele, o advogado André Puccineli Junior, o ex-secretário de Fazenda André Luiz Cance, o empresário João Amorim, dono da empreiteira Proteco, a secretária e sócia da empresa, Elza Cristina, o advogado João Paulo Calves, que seria “testa de ferro” de Puccinelli Junior no Instituto Ícone; os empresários Jodascil Gonçalves Lopes, Micherd Jafar Junior, João Roberto Baird e Antônio Celso Cortez, além do pecuarista Ivanildo Miranda, que fez acordo de colaboração premiada.

O valor envolvido é de R$ 90 milhões, conforme a peça acusatória recebida pelo juiz.

Essa é a última entre as denúncias que estavam correndo na esfera federal e foram repassados para a justiça estadual, recomeçando praticamente do zero processualmente. O trâmite é em sigilo, mas conforme trecho de decisão do magistrado disponibilizado no Diário da Justiça, o entendimento foi de que a denúncia formulada pelo Ministério Público Estadual preenche os requisitos legais.

Roberto Ferreira Filho avaliou que, a partir dos documentos disponíveis nos autos, há indícios de autoria dos ilícitos, considerando as declarações dos irmaõs Batista.

“Wesley e Joesley Baptista confessaram o pagamento de propinas a André Puccinelli; mencionando que Ivanildo teria atuado como intermediário no recebimento da propina, sendo que posteriormente André Cance passou a exercer essa função”, diz o despacho, em citação ao ex-governador, ao pecuarista Ivanildo Miranda, também delator, e ao ex-secretário de Fazenda André Cance. Todos são réus na ação.

O depacho prossegue citando que que as empresas Proteco “que tem como sócios Elza Cristina e João Amorim-, Gráfica Jafar, Gráfica e Editora Alvorada ambas de propriedade de Micherd Jafar, Instituto Ícone de Ensino de propriedade de Jodascil Gonçalves Lopes e João Paulo Calves, “supostos testas de ferro de André Puccinelli Júnior”, teriam emitido notas frias para pagamento de propina ao ex-governados com o auxílio dos proprietários e sócios.

Os pagamentos de propina, conforme a investigação eram feitos com “notas falsas emitidas contra a JBS por Ivanildo, pela empresa Proteco, pela Gráfica Jafar Ltda, Instituto Ícone de Ensino Jurídico Ltda, Gráfica e Editora Alvorada Ltda, entre outras não denunciadas nestes autos”.

É citado que os valores apurados totalizaram “30 milhões de reais de propina paga em espécie e 60 milhões de reais de propina por meio de terceiros a terceiros indicados por Ivanildo”.

Uma das provas anexadas pelo MPMS é o termo de colaboração de Valdir Boni, ex-diretor da JBS. O depascho de Roberto Ferreira Filho, Boni disse que “em todos os TAREs que celebrou com o Estado do Mato Grosso do Sul, a JBS recebeu solicitação de propina, havendo pago, desde o início de 2007 até dezembro de 2016, ao redor de 150 milhões de reais.

Com a decisão do juiz, é aberto prazo para as defesas, depois inicia-se a fase de ouvir testemunhas de acusação, depois as de defesa.

Nos siga no Google Notícias