Mato Grosso do Sul segue sem nome de consenso para o Incra
Após previsão otimista do presidente do órgão, escolha do superintendente volta à estaca zero
Dois meses depois de o presidente do Incra, Celso Lisboa Lacerda, afirmar a expectativa de nomeação imediata do superintendente do órgão em Mato Grosso do Sul, não há qualquer definição quanto ao novo ocupante do cargo. Segundo a assessoria do Instituto, o estado é um dos dois únicos no País ainda sem um nome de consenso. O outro é Goiás.
Questões políticas estão atrasando a escolha. As peculiaridades da questão agrária no estado tornam o processo ainda mais complicado, aliadas à necessidade de o governo acomodar os integrantes da base.
Em entrevista ao Campo Grande News em 12 de abril, Lacerda informou que a definição do nome sairia naquele dia. Depois, restariam procedimentos burocráticos para que a nomeação fosse confirmada. Mas desde então, não houve avanços.
Fontes de Brasília afirmaram que um dos motivos do atraso foi a crise envolvendo Antonio Palloci. Como a palavra final sobre a nomeação cabe à Casa Civil, o desgaste político ocasionado pelas denúncias contra o agora ex-ministro deixou a escolha dos titulares para as superintendências em segundo plano. Mas nem mesmo a mudança no comando da Pasta acelerou o processo.
Hoje, a Fetagri (Federação dos Trabalhadores na Agricultura de Mato Grosso do Sul) denunciou que a demora na escolha do superintendente leva à paralisia da reforma agrária. “Está o caos”, reclamou o presidente da Fetagri, Geraldo Teixeira de Almeida. “O processo de reforma agrária está totalmente paralisado em Mato Grosso do Sul. A situação chegou ao limite. Está insustentável”, afirmou.
Em agosto do ano passado, o então superintendente do Incra, Waldir Cipriano do Nascimento, foi exonerado após ser preso na operação Tellus, realizada pela PF (Polícia Federal). Desde então, Manuel Furtado Neves assumiu o comando do órgão de forma interina.