Senado aprova missão oficial aos EUA para tentar barrar tarifa de 50%
Parlamentares brasileiros vão aos Estados Unidos ainda em julho, discorre Nelsinho Trad

Senado Federal aprovou, nesta terça-feira (15), o envio de uma missão parlamentar oficial aos Estados Unidos para tentar reverter a tarifa de 50% imposta por Donald Trump (Republicano) a produtos brasileiros. A decisão foi tomada durante reunião da CRE (Comissão de Relações Exteriores), em Brasília, diante dos impactos econômicos esperados para o agronegócio, a indústria e o comércio exterior.
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Senado envia missão aos EUA para barrar tarifa de 50% em produtos brasileiros. A Comissão de Relações Exteriores aprovou o envio de comitiva para dialogar com o Congresso americano e tentar reverter a taxação imposta por Donald Trump. A missão, apoiada pela CNI, busca evitar prejuízos para o agronegócio, indústria e comércio exterior. A tarifa, que entra em vigor em agosto, afeta setores como automotivo, aeroespacial e metalúrgico. O agronegócio, com US$ 12 bilhões em exportações para os EUA em 2023, também seria impactado. O Brasil estuda retaliação, mas prefere o diálogo para resolver a crise comercial. O Itamaraty ressalta que 74% das exportações americanas entram no Brasil sem tarifas e que os EUA têm superávit de US$ 400 bilhões com o Brasil nos últimos 20 anos.
A proposta partiu do presidente da CRE, senador Nelsinho Trad (PSD), que defendeu a criação de um canal direto de diálogo entre os legislativos dos dois países. A missão deve ocorrer ainda neste mês, com apoio da CNI (Confederação Nacional da Indústria). A meta é convencer o Congresso norte-americano a revisar a medida antes que ela entre em vigor, no início de agosto. “O comércio internacional não pode ser campo de batalha ideológica. Precisamos de pontes, não de muros”, afirma o parlamentar.
Trad defendeu que a missão seja um passo inicial para uma articulação diplomática permanente com os Estados Unidos. “O Brasil não pode se isolar. E o Senado tem legitimidade para agir com equilíbrio e responsabilidade”, declara. O senador também reforçou que a interlocução deve evitar o agravamento da crise. “Essa situação é ruim para os dois países. Nada melhor do que dialogar com a contraparte americana para tentar achar um caminho".
Durante a audiência pública, representantes do governo federal e de entidades empresariais apontaram os riscos da tarifa sobre setores estratégicos da economia brasileira. A CNI alertou que a taxação inviabiliza projetos em curso, afeta empregos e desestrutura cadeias industriais. Segundo a entidade, há risco imediato para setores como automotivo, aeroespacial, metalúrgico e de máquinas.
O diretor da CNI, Mario Sergio Carraro Telles, citou a fundição Tupy, fornecedora de autopeças em Joinville (SC), como exemplo de empresa que pode ser atingida. Ele afirmou que, caso a tarifa seja mantida, a produção de peças pode se tornar inviável, afetando até empresas americanas que dependem do fornecimento brasileiro.
O agronegócio também será impactado. De acordo com o Ministério da Agricultura, os Estados Unidos compraram US$ 12 bilhões em produtos agropecuários brasileiros no ano passado. Setores como carne bovina, suco de laranja e café podem sofrer perdas significativas.
A possibilidade de o Brasil aplicar uma retaliação tarifária também foi debatida. Parlamentares mencionaram a Lei da Reciprocidade, que autoriza medidas semelhantes contra países que impõem barreiras unilaterais. A relatora da lei, senadora Tereza Cristina (PP-MS), alertou que a legislação deve ser usada com cautela e apenas em último caso.
Ainda na sessão, o presidente da Associação Brasileira dos Importadores, Michel Platini Juliani, fez um apelo para evitar a retaliação, alegando que medidas similares do Brasil poderiam afetar empresas nacionais que dependem de insumos dos Estados Unidos.
O embaixador Philip Fox, secretário de Assuntos Econômicos do Itamaraty, relatou que o governo brasileiro está em contato com autoridades americanas desde março e ressaltou que 74% das exportações dos EUA entram no Brasil sem qualquer tarifa. Ele lembrou que o superávit dos norte-americanos na balança comercial com o Brasil ultrapassa US$ 400 bilhões nos últimos 20 anos.
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