ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, SEXTA  19    CAMPO GRANDE 21º

Política

Senadores não concordam com novo imposto para saúde e defendem alternativas

Marco Antonio Brito | 10/09/2011 12:32

Governo faz pressão no Congresso para saber de onde virão os recursos para o setor

Waldemir Moka: "No Congresso o novo imposto não passa". Senador é favorável a buscar outras fontes de recursos. (Foto: João Garrigó)
Waldemir Moka: "No Congresso o novo imposto não passa". Senador é favorável a buscar outras fontes de recursos. (Foto: João Garrigó)

A proposta de um novo imposto, equivalente à CPMF, para financiar os custos e investimentos com a área da saúde, não terá o aval de dois senadores do Mato Grosso do Sul. Mesmo diante das informações divulgadas hoje (10) pelo jornal Folha, de que o governo planeja "barrar no Senado o projeto que muda a maneira como os recursos da saúde pública são aplicados no País se os congressistas não aprovarem a criação de um novo imposto para financiar o setor", o senadores Waldemir Moka (PMDB) e Antonio Russo (PR) declararam não concordar com a proposta. O senador Delcídio do Amaral (PT) não se manifestou, apesar de ter sido procurado através de sua assessoria.

Em entrevista ao Campo Grande News, o senador Waldemir Moka disse que é a favor de "atitudes responsáveis" e defendeu mudanças na forma de administrar a saúde. "Existem muitas críticas em relação ao setor relacionadas a desvio de recursos e deficiências no atendimento. O que precisa é uma melhoria na gestão", ressalta o parlamentar.

O senador, que afirmou não ter conhecimento do que foi divulgado na Folha, não acredita que o governo vá realmente barrar o projeto sobre a aplicação dos recursos para a saúde. "O que o governo quer é que apresentemos alternativas", disse.

Bebidas, cigarros e pré-sal - Favorável a um aumento nas taxas aplicadas sobre o cigarro e as bebidas alcóolicas, Moka vê esse reajuste como uma alternativa para responder aos questionamentos do governo sobre a origem dos recursos para a saúde, caso o novo imposto não passe no Congresso.

"A curto prazo é uma proposta para aumentar os financiamentos da saúde, já que os cigarros e as bebidas acabam acarretando (direta e indiretamente) custos para o setor", defende o parlamentar. Pacientes com cirrose ou problemas pulmanores, provocados por esses produtos e que recebem atendimento nos postos e hospitais da rede pública, representam gastos para a saúde no País.

Atualmente, a alíquota sobre o cigarro já é superior a 150% sobre o valor do produto e para as bebidas alcóolicas a taxa chega a 75%. "Aumentando a alíquota se setoriza a questão", destaca Moka.

A médio prazo, o senador acredita que os recursos para a área de saúde possam vir da exploração do pré-sal. "Esta é uma proposta que o Congresso já defende", ressalta ele. Para Moka, o novo imposto, denominado CSS - Contribuição Social sobre a Saúde, não será aprovado. "Não dá para criar um imposto que atinja toda a população", defende ele.

Antonio Russo: "O Brasil já tem muitos impostos. O problema da saúde é sobretudo de gestão". (Foto: Simão Nogueira)
Antonio Russo: "O Brasil já tem muitos impostos. O problema da saúde é sobretudo de gestão". (Foto: Simão Nogueira)

Vai pesar no bolso - O senador Antonio Russo também é contra um novo imposto. Para ele, o ideal seria a criação de um único imposto sobre movimentações financeiras e o fim do excesso de tributos. Na avaliação do senador, a criação de outra taxa "irá pesar ainda mais no bolso dos brasileiros e provocar uma cobrança em cascata".

"O Brasil é um dos países que mais cobra impostos no mundo. O problema da saúde é, antes de tudo, de gestão", ressalta o parlamentar que já havia declarado sua posição contrária à criaça da CSS em nota divulgada por sua assessoria. "Minha decisão sobre este assunto já está tomada, independentemente da orientação do meu partido, sou contra", disse Antonio Russo.

A discussão em torno do novo imposto está em pauta por causa da votação da proposta de regulamentação da Emenda 29, em tramitação na Câmara e no Senado. A Emenda prevê que os estados serão obrigados a gastar 12% de seus orçamentos com a saúde. Para os municípios, a despesa obrigatória sobe para 15%. Para compensar o aumento de gastos governamentais, várias sugestões estão sendo cogitadas, como a volta da CPMF ou a criação de um imposto parecido, a CSS, que arrecadaria recursos a partir das movimentações financeiras de todo brasileiro.

Favorável à Emenda e contrário ao imposto - Recentemente, o governador André Puccinelli (PMDB) afirmou ser favorável à aprovação da Emenda 29, mas disse que não apóia a criação de um novo imposto ou contribuição para bancar os gastos com saúde.

O governador disse que estados e municípios não têm condições de bancar os gastos e essa responsabilidade deve ser do Governo Federal. “Sou favorável, desde que o Governo Federal dê a parte dele”, disse Puccinelli. Segundo o governador, Mato Grosso do Sul já aplica o limite da capacidade do Estado.

No próximo dia 20 de setembro, a Câmara dos Deputados vai realizar uma reunião entre todas as comissões temáticas para discutir a regulamentação da Emenda 29 (PLP 306/08), que prevê recursos públicos mínimos obrigatórios para a saúde. Entre os convidados do debate estarão o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, representantes da área financeira do governo federal, prefeitos, governadores e dirigentes de entidades da sociedade civil ligadas ao setor.

Nos siga no Google Notícias