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Política

STF analisa denúncia contra Kids Pretos, que inclui militares que serviram em MS

São 12 acusados pela tentativa de golpe, entre eles os Kids Pretos, que executariam ações violentas

Por Vasconcelo Quadros | 20/05/2025 08:22
STF analisa denúncia contra Kids Pretos, que inclui militares que serviram em MS
Coronel Bernardo Romão Corrêa Neto, que comandou o 1º Regimento de Cavalaria Mecanizado em MS. (Foto: reprodução)

O Supremo Tribunal Federal decide nesta terça-feira se aceita ou não a denúncia que pode tonar réus mais onze militares (dois generais, quatro coronéis e cinco tenentes-coronéis) e um agente da Polícia Federal pela tentativa de golpe de 2022.

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O Supremo Tribunal Federal (STF) analisa denúncia contra onze militares e um policial federal por tentativa de golpe em 2022. O grupo, conhecido como "Kids Pretos", inclui militares que serviram em Mato Grosso do Sul, como o coronel Bernardo Romão Corrêa Neto e o tenente-coronel Sérgio Ricardo Cavaliere de Medeiros. A denúncia alega que o grupo planejava assassinar o presidente Lula, o vice Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, caso um decreto anulasse a eleição presidencial fosse assinado. O plano, chamado "Punhal Verde Amarelo", foi encontrado no computador do general Mário Fernandes, ex-secretário-executivo da Presidência. A denúncia aponta que o grupo monitorou as autoridades, mas não agiu devido à falta de apoio do Alto Comando do Exército e à desistência de Bolsonaro em assinar o decreto. Outros dois militares da reserva de Mato Grosso do Sul, o general Laércio Virgílio e o tenente Aparecido Portela, aguardam manifestação da Procuradoria-Geral da República. O julgamento ocorre em paralelo à oitiva de testemunhas, incluindo o general Freire Gomes, cujo depoimento gerou controvérsias.

Definido como núcleo 3, o grupo reúne todos os agentes das Forças Especiais do Exército, da ativa e da reserva, conhecidos como Kids Pretos, entre os quais estão dois militares que serviram em Mato Grosso do Sul, o coronel Bernardo Romão Corrêa Neto, que comandou o 1º Regimento de Cavalaria Mecanizado, o “Regimento Antônio João”, em Bela Vista, e o tenente-coronel Sérgio Ricardo Cavaliere de Medeiros, que serviu em Campo Grande, onde foi alvo, no ano passado, de um mandado de busca.

Segundo a denúncia do procurador-geral da República, Paulo Gonet, integrantes desse grupo seriam os responsáveis pela execução do Plano Punhal Verde Amarelo, que previa uma ação violenta caso o decreto que anularia a eleição presidencial de 2022 fosse assinado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro: o assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice, Geraldo Alckmin e do ministro Alexandre de Moraes, relator do processo sobre a tentativa de golpe no STF.

O plano foi encontrado no HD de um computador usado no Palácio do Planalto pelo general Mário Fernandes que, antes de ser nomeado secretário-executivo da Secretaria Geral da Presidência, o número 2 da pasta, chefiou o Comando de Operações Especiais em Goiânia, principal base dos chamados Kids Pretos, tropa de elite do Exército, capacitada para qualquer tipo de ação militar.

Formado, entre outros, pelos tenentes-coronéis Rafael Martins de Oliveira, Rodrigo Bezerra de Azevedo, Helio Ferreira Lima e Ronald Ferreira de Araújo, listados no julgamento de hoje, o grupo chegou a monitorar as autoridades, mas acabou não agindo, conforme a denúncia, porque faltou apoio do Alto Comando do Exército à trama golpista e, na última hora, Bolsonaro não quis se arriscar assinando o decreto que impediria a posse do presidente eleito.

STF analisa denúncia contra Kids Pretos, que inclui militares que serviram em MS
General de brigada Laércio Virgílio que ainda mora em Campo Grande. (Foto: Arquivo)

Além de Romão e Cavaliere, outros dois militares da reserva, que moram em Mato Grosso do Sul, o general de brigada Laércio Virgílio e o primeiro-tenente Aparecido Portela, conhecido como Tenente Portela, indiciados pela Polícia Federal, aguardam manifestação da Procuradoria Geral da República, que analisa os dois casos separadamente, podendo denunciá-los ou não. Os dois estão na reserva.

Amigo de Bolsonaro, Portela é presidente do PL em Mato Grosso do Sul e primeiro suplente da senadora Tereza Cristina (PP). Na sessão de hoje da Primeira Turma do STF serão analisadas ainda as denúncias contra os generais Estevam Theophilo e Nilton Rodrigues, os coronéis Fabricio Moreira de Bastos, Cleverson Magalhães e Márcio Nunes Ricardo Júnior; e o policial federal Wladimir Matos, que fala, em áudio encontrado em seu aparelho celular na semana passada pela Polícia Federal, na formação de uma equipe para prender e “matar meio mundo”. Na denúncia, ele é acusado de monitorar o esquema de segurança de Lula.

Os agentes das Forças Especiais listados neste grupo são acusados na denúncia de participar de duas reuniões em que o plano foi discutido. A primeira delas em 12 de novembro na casa do ex-ministro da Casa Civil e candidato a vice em 2022, Walter Braga Netto, no Setor Militar, em Brasília, e a segunda, que teria reunido só os Kids Pretos, em 28 de novembro, num endereço da Super Quadra Norte, um prédio onde morram militares, também na capital.

STF analisa denúncia contra Kids Pretos, que inclui militares que serviram em MS
Julgamento ocorre por atos de 8 de janeiro de 2023, em Brasília (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

O militar que mais aparece em todos os encontros e articulações relatados em todos os núcleos é o ex-ajudante de Ordens da Presidência, o tenente miliar Mauro Cid, que também foi das Forças Especiais e teve como instrutor o coronel Bernardo Romão Corrêa Neto, outro Kid Preto. Durante o mês de dezembro, até uma semana antes do encerramento do mandato de Bolsonaro, segundo a denúncia, eles monitoraram Lula e Moraes.

O julgamento de hoje ocorre paralelamente à fase de oitiva de testemunhas, marcada na segunda-feira, 19 de maio, pelo recuo da principal delas, o general Freire Gomes, que abrandou a participação do ex-comandante da Marinha, Almir Garnier – sobre o qual negou, como havia dito à polícia, que este teria apoiado o plano golpista, colocando a tropa à disposição de Bolsonaro _, confirmou o teor de uma minuta golpista apresentada pelo ex-presidente, mas disse ter entendido que as medidas estão previstas na Constituição.

Ele chegou a ser advertido por Moraes sobre a possibilidade de ser enquadrado por falso testemunho por dizer uma coisa na fase policial e mudar a declaração no processo. A força da acusação agora está lastreada na possibilidade da trama ser sustentada pelo delator, Mauro Cid, e pelo ex-comandante da Aeronáutica, Carlos de Almeida Batista Júnior, que foi enfático sobre o plano golpista, afirmando que o próprio Freire Gomes chegou a alertar que o ex-presidente poderia ser preso se levasse o plano em frente. Ele será ouvido na quinta-feira.

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