Tetila alega inocência e diz estar fora da investigação dos Sanguessugas
O deputado estadual Laerte Tetila (PT) ocupou a tribuna da Assembleia Legislativa nesta terça-feira (7), primeiro sessão de trabalho dos deputados, para se defender da investigação sobre a sua participação na Máfia dos Sanguessugas, que superfaturava a compra de ambulâncias custeadas com recursos do Governo Federal.
Tetila alega que quando assumiu a administração de Dourados, o Município tinha uma frota de ambulâncias sucateadas e precisava ser trocada. Desta maneira, solicitou recurso do Ministério da Saúde para conseguir comprar. Os R$ 96 mil foram adquiridos por meio de uma emenda do então deputado federal João Grandão (PT).
Segundo Tetila, a empresa Planan venceu a licitação para a compra das quatro ambulâncias, mas considerou o valor a ser pago muito baixo e só participou da compra de duas. Assim, conforme as explicações de Tetila, as outras duas ambulâncias foram adquiridas direto da fábrica.
Tetila justifica que comprou da fábrica para conseguir um preço mais baixo, o que exclui a possibilidade de superfaturamento. Ele ressalta que só estão sendo investigadas as duas ambulâncias compradas da fábrica. O deputado entende que o MPF (Ministério Público Federal) e a justiça têm a prerrogativa de investigar, mas afirma que não há condenação.
Laerte Tetila alega que é o único prefeito que reduziu o próprio salário. Além disso, ressalta que não recebia salário quando era vereador, mesmo sendo professor e ganhando razoavelmente. Ele afirma que suas contas estão à disposição da justiça e da sociedade e se recorda que outros 10 processos, mas todos foram arquivados por falta de prova. “Estou com a consciência tranquila. Sou um educador. Isso não está no meu perfil”.
O Caso - Em Mato Grosso do Sul, cinco prefeituras foram denunciadas pelo MPF (Ministério Público Federal): Dourados, Douradina, Batayporã, Ivinhema e Eldorado. Segundo o MPF, a também conhecida como Máfia das Ambulâncias, causou prejuízo de quase um milhão aos cofres públicos no Estado. O maior desvio – de R$ 284 mil – foi em Dourados, a época administrado por Tetila. Além de Tetila e João Grandão, a Justiça Federal aceitou a ação contra 17 pessoas.
De acordo com relatório da CGU (Controladoria Geral da União), foram encontradas irregularidades no processo licitatório de compra das duas ambulâncias, como superfaturamento dos preços e direcionamento.
Além do ex-prefeito e do ex-deputado federal, foram denunciados Paulo Cesar dos Santos Figueiredo (que foi secretário de Saúde), David Lourenço (então secretário de Fazenda e que no ano passado foi demitido do comando do Ibama), Jean Henrique Davi Rodrigues, Neidivaldo Francisco Medice, Loreci Gottschalk Nolasco, Rosely Debesa da Silva, Darci Jose Vedoin, Cleia Maria Trevisan Vedoin, Luiz Antonio Trevisan Vedoin, Alessandra Trevisan Vedoin, Helen Paula Duarte Cirineu Vedoin, Maria Loedir de Jesus Lara, Rita de Cassia Rodrigues de Jesus, Aristoteles Gomes Leal Neto, Susete Leal Ottoni, Sinomar Martins Camargo e Maria Estela da Silva.
O Caso - Em 2002, o Ministério Público Federal descobriu um esquema de fraudes envolvendo recursos do Fundo Nacional de Saúde, por meio do direcionamento de licitações para aquisição de veículos e materiais hospitalares. Os recursos vinham de emendas apresentadas à Comissão Mista de Orçamento do Congresso Nacional e a prática ocorria em diversos estados do País.
O caso ganhou repercussão nacional em 2006. Segundo a investigação, a quadrilha negociava a liberação das emendas com assessores de parlamentares. Após conseguir o recurso, o grupo manipulava as licitações com o uso de empresas de fachada. Há registro de superfaturamento de até 120% do valor real.
