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Reportagens Especiais

Sabores da periferia e centro entraram no roteiro gastronômico da cidade

Paula Maciulevicius | 09/03/2014 07:00
“Eu sempre falo para todo mundo e não escondo de ninguém. A Tapiocaria tem dois períodos. Antes e depois do Campo Grande News”, diz Pernambucano.
“Eu sempre falo para todo mundo e não escondo de ninguém. A Tapiocaria tem dois períodos. Antes e depois do Campo Grande News”, diz Pernambucano.

Da tapioca e buchada de bode, aos caldos, bolos e comida vegetariana. Um é na Vila Jacy, o segundo no Nova Bahia, o outro no bairro Monte Carlo e o último é uma página no Facebook. Entre os 15 anos de Campo Grande News, nos últimos três, com a estreia do Lado B, olhos e paladar ficaram mais aguçados e as matérias relevaram bares e restaurantes que do centro à periferia, viraram pontos no roteiro gastronômico da cidade.

Ao investigar o que as ruas por aí ‘escondiam’ de talentos culinários, o jornal descobriu novos sabores. Temperos caseiros, famílias inteiras trabalhando no fundo de casa. Comerciantes se transformaram em personagens, um reconhecimento de que existe sim muita comida boa e criatividade, fora da rota das avenidas principais.

Um dos grandes achados do Campo Grande News é hoje parceiro e amigo da imprensa. O parágrafo a seguir deve ser lido com sotaque nordestino “cabra safado”. Pela interpretação de Pernambucano, a Capital descobriu que na terra do churrasquinho, a Vila Jacy abrigava um bar com buchada de bode, tapioca e cangaceiro.

“Eu sempre falo para todo mundo e não escondo de ninguém. A Tapiocaria tem dois períodos. Antes e depois do Campo Grande News. Foi um divisor de água, eu devo muito ao Campo Grande News”. A declaração sai até com a voz embargada.

Romero Bastos Quirino é o Pernambucano, dono e o personagem principal da Tapiocaria Pernambucana. Há nove anos, ele vendeu uma belina velha, abriu uma portinha na rua do laticínio e começou a vender tapioca na terra do churrasquinho. No dia em que o Lado B visitou o bar, as redes, santos, bandeirolas e outros elementos da cultura nordestina, além da comida boa, legítima e barata, viraram reportagem.

“Chegar aonde eu cheguei hoje, estar conhecido na cidade... Já tinha tido matérias, inclusive em televisão. Quando vocês foram, eu achei que não ia virar nada, já tinha feito outras, mas me surpreendi. A matéria do Campo Grande News deu muito mais retorno, publicidade, não tem comparação. Muita gente ligou, queria saber onde era, como era e dizia eu não sabia que tinha esse lugar aí”, conta. No fim das contas, Pernambucano e Campo Grande News entram no terceiro ano de parceria com a realização do Casório do Ano.

“Acho que foi dali que começou, que explodiu as minhas vendas. E é uma coisa que eu sou agradecida até hoje”, recorda a empresária Neusa Brignoni.
“Acho que foi dali que começou, que explodiu as minhas vendas. E é uma coisa que eu sou agradecida até hoje”, recorda a empresária Neusa Brignoni.

O bolo quatro leites de dona Neusa Brignoni também entrou no nosso cardápio. Em 2011, o Campo Grande News contou como de boleira ela virou empresária. Na época já eram 18 anos no ramo, mas ainda sem fachada. Dona da confeitaria “Bico Pitanga”, ela até hoje se recorda do quanto ficou ‘conhecida’. “Se eu lembro daquela reportagem? Nossa, aquela vez! Eu vou te falar, eu fiquei tão feliz!”, comenta.

No dia em que a matéria foi publicada, ela não entendia a ‘chuva’ de telefonemas. “Eu estava no fundo de casa e o telefone tocava, tocava, tocava. Eu nem liguei. Não sabia o que estava acontecendo. Meu filho depois ligou e falou mãe, você sabe que saiu no Campo Grande News e tem muita gente fazendo elogio. Então, era por isso que estava tocando tanto o telefone”, explica.

O bolo merece todo elogio mesmo. E foi pelas fotos e a descrição do sabor na matéria, que dona Neusa teve reconhecido o trabalho. “Acho que foi dali que começou, que explodiu as minhas vendas. E é uma coisa que eu sou agradecida até hoje. O Campo Grande News foi muito importante nesta fase que estava para inaugurar”, ressalta.

Na editoria, trabalhamos também a diversidade dos pratos, na tentativa de desmistificar um pouco as receitas que não incluem produtos de origem animal. Ano passado, uma Fan Page no Facebook virou matéria. “Cozinha de Solteiro”, do estudante corumbaense de Ciência da Computação, Ed Wassouf, ensinou pratos para quem morasse só, como era o caso dele.

“O fato de o Campo Grande News ter me procurado abriu as portas para que eu pudesse levar às pessoas receitas vegetarianas, que posteriormente se tornaram receitas vegan e consegui dar continuidade aos estudos sobre culinária vegan, investindo em livros e procurando cursos”, afirma. Atualmente, trabalhando com encomendas de salgados, bolos, tortas e doces veganos, Ed tem uma boa ajuda para as contas mensais.

“Na mesma semana que saiu a matéria, todos os dias foram lotados, coisa que antes não acontecia”, conta o comerciante Pedro Rocha.
“Na mesma semana que saiu a matéria, todos os dias foram lotados, coisa que antes não acontecia”, conta o comerciante Pedro Rocha.

“A matéria que saiu, foi sem dúvida decisiva para mudar meu ano de 2013 e eu ter uma outra visão sobre o que eu queria profissionalmente, hoje já penso em conciliar culinária e Computação para o meu trabalho de conclusão de curso mais pra frente, mas por hora as encomendas de pratos estão a todo vapor”, resume.

Desde o inverno passado, o campo-grandense acrescentou ao roteiro de saídas gastronômicas, uma casa especializada em caldos que leva o sobrenome do dono, Pedro Rocha. No bairro Nova Bahia, a clientela se resumia à vizinhança. Eram rostos conhecidos, como define Rocha, mas isso antes de qualquer publicação.

“Eu sou muito agradecido ao Campo Grande News foi a primeira matéria. Através daquilo, deslanchou, graças a Deus. Para mim, foi o começo de tudo. Na mesma semana que saiu a matéria, todos os dias foram lotados, coisa que antes não acontecia”, explica.

Até então, 90% dos clientes eram da região mesmo, percentual que se inverteu. “Hoje vejo que 95% não são daqui. Isso foi graças a vocês”, agradece novamente. Agora é difícil até achar lugar para comer no Rocha. Se não chegar cedo, é bem capaz de se deparar com o aviso “Comunicamos aos amigos e clientes que atingimos nossa capacidade de atendimento diário, agradecemos a todos, retornaremos amanha com delicioso cardápio”, diz a placa colocada à frente do estabelecimento e também compartilhada no Facebook.

Aqui estão os relatos de agradecimento dos donos e seus comércios. O Lado B deu nome a eles. Endereço, indicou os locais onde experimentou e aprovou para que os leitores também pudessem desbravar o até então desconhecido pela maioria. Que no próximo aniversário, tenhamos tantos outros sabores assim. E viva o novo, o 'escondido', o criativo, do centro à periferia.

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