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Saúde e Bem-Estar

Alerta para pressão 12 por 8 deve aumentar procura por atendimento no SUS

Sociedade Brasileira de Cardiologia passa a considerar essa medida como pré-hipertensão

Por Izabela Cavalcanti | 19/09/2025 11:08
Alerta para pressão 12 por 8 deve aumentar procura por atendimento no SUS
Pacientes aguardando na UPA Universitário, em Campo Grande (Foto: Marcos Maluf)

A nova classificação da pressão arterial de 12 por 8 como pré-hipertensão pode ser uma forma de tirar os pacientes do comodismo e fazê-los cuidar mais da saúde. É o que acreditam alguns médicos, que lidam dia a dia com o problema.

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Nova diretriz define 12 por 8 como pré-hipertensão, visando atenção precoce à saúde cardiovascular. A mudança, anunciada pela Sociedade Brasileira de Cardiologia e Sociedade Brasileira de Nefrologia, busca reduzir riscos de infarto, AVC e doenças renais, incentivando cuidados preventivos. Especialistas consideram a alteração um alerta importante, especialmente para pacientes que negligenciam a saúde. A nova classificação impacta o sistema de saúde, com potencial aumento da demanda por atendimento. Médicos defendem a intensificação de medidas preventivas, como controle de peso, dieta balanceada e exercícios físicos. A hipertensão, muitas vezes assintomática, afeta parcela significativa da população adulta, com muitos pacientes sem controle adequado da pressão arterial. A diretriz reforça a importância do acompanhamento médico, especialmente para mulheres em diferentes fases da vida.

A SBC (Sociedade Brasileira de Cardiologia), em conjunto com a SBN (Sociedade Brasileira de Nefrologia), divulgou na quinta-feira (18) a mudança que define que valores entre 120 e 139 mmHg de pressão sistólica e/ou 80 a 89 mmHg de pressão diastólica já indicam risco. A pressão de 12 por 8, antes considerada normal, agora exige atenção médica.

Antes, era considerado como pré-hipertenso pacientes que atingiam a pressão em 140 por 90, por exemplo.

O limite menor ajuda a reduzir riscos de infarto, AVC (Acidente Vascular Cerebral) e problemas nos rins.

Para o cardiologista e professor do curso de medicina da Uniderp, Ítalo Gonçalves de Souza, a mudança serve como um alerta e mostra que é preciso ser rigoroso com a pressão.

"Acende um alerta para a necessidade de não nos acomodarmos em relação à questão pressórica. Muitas vezes víamos pessoas tolerando a pressão até 129 por 85 a 89. Então, temos que ser rigorosos nesse controle pressórico, 12 por 8 já é um alerta muito importante. Vejo com bons olhos essa mudança na diretriz porque realmente vai impactar e vamos ficar mais atentos a essa questão pressórica", pontuou.

No entanto, o especialista avalia os dois lados da população: aqueles que têm acesso ao serviço de saúde com facilidade e os que dependem do SUS (Sistema Único de Saúde).

"Há uma parte da população que tem acesso ao serviço de saúde, tem convênio e consegue marcar consulta com um cardiologista com alguma facilidade. Por outro lado, há pacientes que dependem exclusivamente do SUS. Isso pode gerar uma sobrecarga no sistema de saúde; essa demanda vai aumentar muito. Falando da população em geral, é preciso ter mais profissionais capacitados e mais gente atendendo", avaliou.

O profissional reforça ainda que a hipertensão é uma das principais causas de doenças cardíacas e vasculares, incluindo o AVC.

"As pessoas se acomodaram porque a hipertensão não é uma doença que causa sintomas e acaba fazendo com que valores como 135 ou 140 mmHg sejam considerados 'tudo bem'. Então, essa mudança reforça a necessidade de ser muito incisivo no combate à hipertensão, porque ela é uma das principais causas de doenças cardíacas, cerebrovasculares, como AVC, infarto e doença renal crônica, e ainda mantém esse nível elevado de risco e de complicações, enquanto as pessoas continuam negligenciando esse atendimento e esse cuidado com a hipertensão arterial", finalizou.

O médico vascular, José Valério Stefanello, que também é professor da mesma universidade, compartilha da mesma opinião: prevenção.

"Os cuidados preventivos devem ser reiterados ao longo do tempo, já que o perfil da população muda, assim como hábitos de vida, avanços científicos e resultados de estudos clínicos sobre desfechos. Acredito que os pontos positivos incluem a prevenção de desfechos cardiovasculares desfavoráveis em pacientes com ou sem fatores de risco, bem como a potencial redução de custos em saúde pública e privada por meio de medidas de prevenção", opinou.

Ainda na visão de José Valério, com a mudança, é possível que haja necessidade maior e repentina de alteração no estilo de vida.

"Manter o peso adequado, praticar atividade física regular e adotar hábitos saudáveis vão se tornar cada vez mais essenciais para alcançar o controle da pressão arterial, o que nem sempre é fácil em nossa sociedade", completou.

Dados da SBH (Sociedade Brasileira de Hipertensão) mostram que 27,9% dos adultos têm a doença e apenas um terço consegue controlar a pressão.

A diretriz mostra que, para o SUS, recomenda-se priorizar medicamentos já disponíveis, protocolos multiprofissionais e monitoramento domiciliar ou ambulatorial, quando possível.

Para mulheres, orienta medir a pressão antes de prescrever anticoncepcionais, acompanhar gestantes com medicamentos seguros e observar de perto a pressão na perimenopausa e na pós-menopausa.

O documento reforça também medidas de prevenção já conhecidas, como perda de peso, redução do sal, aumento do consumo de potássio na dieta, alimentação saudável e prática regular de exercícios.

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