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Saúde e Bem-Estar

Novidade no SUS, primeiros implantes contraceptivos têm alta adesão entre jovens

Profissionais de saúde observam o crescente interesse das mulheres pela autonomia e segurança sexual

Por Kamila Alcântara | 11/12/2025 11:54
Novidade no SUS, primeiros implantes contraceptivos têm alta adesão entre jovens
Profissional de saúde faz a aplicação do Impanon em uma paciente (Foto: Paulo Francis)

Mulheres de diversos perfis, com idades entre 14 e quase 30 anos, lotaram as salas preparadas para a inserção dos primeiros implantes contraceptivos na Unidade de Saúde da Família do Jardim Noroeste, em Campo Grande. Na manhã desta quinta-feira (11), profissionais de saúde participaram de uma capacitação prática para a colocação do etonogestrel subdérmico (Implanon), que é uma novidade na rede pública. A adesão das mulheres mais jovens foi um dos aspectos mais notáveis.

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A procura por implante contraceptivo tem aumentado significativamente entre mulheres jovens em Campo Grande, com destaque para a faixa etária de 14 a 30 anos. Uma capacitação prática para profissionais de saúde, envolvendo a colocação do etonogestrel subdérmico e DIU, foi realizada na Unidade de Saúde da Família do Jardim Noroeste. A iniciativa, que reuniu 116 profissionais de diferentes municípios, visa descentralizar o atendimento e ampliar o acesso aos métodos contraceptivos pelo SUS. Especialistas destacam o crescente interesse do público adolescente e a importância da prevenção da gravidez precoce, com o implante oferecendo proteção por até três anos.

Essa capacitação é uma ação que envolve os três níveis de governo (municipal, estadual e federal) e tem como objetivo formar enfermeiros e médicos das unidades de saúde dos bairros para descentralizar o atendimento e garantir o acesso aos métodos contraceptivos disponíveis no SUS. O evento, que contou com a participação de 116 profissionais de Campo Grande, Corumbá, Naviraí, Dourados, Três Lagoas e Ponta Porã, tem dois dias de curso prático, com interação direta com as pacientes.

"A ideia é que esses profissionais saiam capacitados daqui hoje e, ao longo de 2026, multipliquem o conhecimento em outras unidades de saúde. Temos 80 mulheres agendadas para realizar a inserção. Serão 2 dias de procedimento, e a partir de agora, elas poderão agendar consultas de planejamento reprodutivo a qualquer momento do ano", explica Alecsandra Fernandes da Silva, da área técnica da saúde da mulher da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde).

Novidade no SUS, primeiros implantes contraceptivos têm alta adesão entre jovens
Enfermeira Jucilene Macienel segura o dispositivo subdérmico, que vem dentro do aplicador descartável, pronto para colocação na paciente (Foto: Paulo Francis)

Vinicius Ribeiro, enfermeiro do Coren-MS (Conselho Regional de Enfermagem de Mato Grosso do Sul), já percorreu 15 municípios promovendo essas capacitações. Ele destaca o crescente interesse das mulheres pela prevenção da gravidez e pela segurança sexual.

"Nas cidades por onde passei, o que mais me chamou a atenção foi a busca intensa das mulheres pelo método. Talvez o que falte seja mais capacitação dos profissionais, mas a população está receptiva e ávida por essa opção. Elas procuram, querem, mas precisam de mais orientação", afirma.

O enfermeiro também observa uma tendência crescente na busca precoce pelos métodos contraceptivos de longa duração. "O público adolescente está muito interessado, com certeza. E, clinicamente, vemos que elas se adaptam bem ao método. Ele é eficaz para prevenir a gravidez na adolescência. Por isso, é fundamental que a gente foque nesse público. O manejo com essa faixa etária é crucial. A mulher deve ter o direito à liberdade sexual e reprodutiva, e esse direito precisa ser plenamente garantido. A promoção da saúde da mulher é fundamental", complementa.

Novidade no SUS, primeiros implantes contraceptivos têm alta adesão entre jovens
Mulheres lotam sagão de espera na ação de colocação de contraceptivos no Jardim Noroeste (Foto: Paulo Francis)

Acesso e segurança - Durante o curso, a enfermeira Jucilene Maciel compartilhou a percepção de que as mulheres, especialmente nas periferias, estão em busca de métodos contraceptivos de longa duração. "Há uma grande expectativa, principalmente entre as mulheres que não têm acesso fácil a esse tipo de método, que é mais seguro. O Implanon oferece uma chance real de evitar gestações indesejadas e de reduzir a gravidez na adolescência. Ele é seguro e pode durar até três anos, trazendo uma sensação de conforto e tranquilidade", afirma.

Esse é o caso de Rafaela Oliveira, de 16 anos, estudante e filha da agente de saúde Ana Lúcia, que também defende a importância de um diálogo aberto e sincero em casa. "Como aqui no nosso bairro está tendo muita gravidez na adolescência, a gente tem que aproveitar a oportunidade e incentivar outras pessoas a colocarem o método. Criar um filho não é fácil e não podemos ter receio de falar sobre isso. O importante é conversar e orientar para prevenir", defende.

Novidade no SUS, primeiros implantes contraceptivos têm alta adesão entre jovens
Rafaela Oliveira recebe o curativo, acompanhada da mãe Ana Lúcia (Foto: Paulo Francis)

Anne Beatriz, de 14 anos, acompanhada de sua mãe, Andreza dos Santos, de 29 anos, também vê a importância do trabalho. "Acabei de passar pela laqueadura, após o terceiro filho e anos de espera. Enxergo esse trabalho como positivo, porque fui mãe na adolescência e, naquela época, ninguém falava sobre isso. Hoje, as meninas têm mais acesso, e isso é muito bom", disse.

Adolescentes geralmente não se expressam com muita facilidade, mas tanto Rafaela quanto Anne Beatriz destacaram para a reportagem a tranquilidade do processo. Assim como as outras 78 pacientes atendidas, elas receberam anestesia local e saíram com uma etiqueta que indica a data para a troca do implante, daqui a 3 anos.

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Adolescente com o braço enfaixado após receber o Implanon (Foto: Paulo Francis)

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