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Capital

De quem desistiu do ônibus a “carro” da família: vida de ciclista trabalhador

Aline dos Santos | 23/09/2014 10:59
Lucas, Erizandro e Marli vão de bike, que faz parte da família há sete anos. (Foto: Marcos Ermínio)
Lucas, Erizandro e Marli vão de bike, que faz parte da família há sete anos. (Foto: Marcos Ermínio)

Despidas de equipamento de proteção e com as marcas de anos de parceria, as bicicletas dos trabalhadores levam quem desistiu do ônibus e pode ser, até mesmo, o veículo da família.

O fiscal de loja Paulo César Mota, 53 anos, pedala do bairro Jockey Club ao Centro de Campo Grande. Ele conta que não usa capacete por conta do preço. “A inflação sempre sobe um pouco e com R$ 100 não compra mais nada”,diz.

Há 20 anos trocou o ônibus do trasporte urbano pela bicicleta. “Usava o ônibus, mas, meu Deus do céu. Era muito demorado, desconfortável, além daquele cheirinho”, afirma.

Há sete anos na família, a “magrela” do pedreiro Erizandro Bragança de Oliveira, 36 anos, é igual coração de mãe, sempre cabe mais um.

Na manhã da segunda-feira, na ciclovia da avenida Afonso Pena, esquina com a rua 14 de Julho, ele, a esposa Marli e o filho Lucas se equilibravam na bicicleta. O pedreiro conta que saíram do bairro Santa Emília às 7h e chegaram ao Centro às 8h30.

A opção pelas duas rodas não arrefeceu nem mesmo quando foi vítima de um grave acidente. “Tive hemorragia interna e tenho platina numa perna”, diz, enquanto aponta para uma enorme cicatriz na barriga.

Sem os equipamentos de proteção, essa modalidade de ciclista fica mais exposta aos riscos do trânsito. “Quando vem a óbito, geralmente, 90% é o ciclista trabalhador. Quando se analisa os acidentes, muitos estariam vivo se usassem capacete”, diz a coordenadora do projeto Vida no Trânsito e chefe da Divisão de Educação da Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito), Ivanise Rotta.

Ela salienta que o equipamento é obrigatório. “Mas o trabalhador não usa os equipamentos, acha graça”, afirma Ivanise, sobre a reação do público nas palestras educativas.

De acordo com o CTB (Código de Trânsito Brasileiro), as bicicletas devem ter campainha, sinalização noturna dianteira, traseira, lateral e nos pedais, e espelho retrovisor do lado esquerdo.

Segundo a Agetran , entre janeiro e setembro deste ano, são 13 óbitos de ciclista em Campo Grande. No mesmo período de 2013, foram oito óbitos. Em todo o ano passado, o número de morte de ciclista chegou a 13, mesmo total já registrado em 2014.

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