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Capital

Neta de homem que enriqueceu com imóveis no Centro hoje sofre com depredações

Sem política específica para usuários de drogas, ao longo dos anos, a região virou símbolo de problema social

Por Clara Farias | 26/04/2024 09:15
Marmitas que moradores em situação de rua recebem, na casa invadida de Margarete (Foto: Clara Farias)
Marmitas que moradores em situação de rua recebem, na casa invadida de Margarete (Foto: Clara Farias)

Proprietária de um sobrado ao lado do Centro Pop, local de referência em atendimento de moradores em situação de rua, Margarete Dibo diz que chegou a gastar R$ 100 mil na reforma da residência de 996 metros quadrados de área construída, na tentativa de alugar. Mas logo os ladrões atacaram. "Gastei uma fortuna, eles invadem, roubaram até a caixa d'água da casa. Já mataram três pessoas dentro da minha casa", reclamou ela.

Neta de Naim Dibo, um dos fundadores de Campo Grande, ela lembra dos vários imóveis que o antigo comerciante comprou e construiu pela cidade. Esse fica, inclusive, em rua com homenagem ao tio dela, Joel.

Naim Dibo, com esposa e filhos em Campo Grande (Foto: Reprodução/Campo Grande - 100 Anos de Construção)
Naim Dibo, com esposa e filhos em Campo Grande (Foto: Reprodução/Campo Grande - 100 Anos de Construção)

Margarete garante que tentou seguir o legado do avô, com aposta em empreendimentos, "mas ficou inviável investir na cidade", reclama.

O avô chegou à Capital em 1928, vindo de Hamá, na Síria, aos 15 anos. Ao chegar, passou a vender amendoim e frutas e no final do dia era "lanterninha" do antigo Cine Trianon. Naim Dibo passou a trabalhar com o transporte de mercadorias da Estação Noroeste e fazia mudanças.

Para crescer na vida, até recolheu cadáveres para a prefeitura e assim foi conquistando dinheiro, prestígio e criou uma das famílias mais tradicionais de Campo Grande. O que ganhava passou a investir em imóveis e construiu seu "império" na Capital, parte dele desvalorizado dia a dia, conforme cálculos da neta.

Margarete não fala em números, como a quantidade de prédios hoje em nome dos herdeiros de Naim Dibo, mas garante que o problema das depredações e invasões ocorre em outras propriedades da família.

É o caso de construção na Rua Treze de Maio e de área de estacionamento da Avenida Calógeras, diz. Os locais viraram banheiro público para as pessoas em situação de rua, reclama. "Eles vão lá à noite, defecam, urinam, roubam as coisas. Antigamente, não tinha esse vandalismo na cidade", comentou.

Propriedade da Família Dibo na rua que homenageia um dos membros da família, em Campo Grande (Foto: Arquivo Pessoal)
Propriedade da Família Dibo na rua que homenageia um dos membros da família, em Campo Grande (Foto: Arquivo Pessoal)

Margarete lembra que nos tempos "antigos" era possível passear na Rua 14 de Julho tranquilamente e a região da Antiga Rodoviária era um dos pontos comerciais privilegiados.  Agora, lá se vão 3 anos de tentativa de locação, sem sucesso. "Eu reduzi aluguel, dei até para um empregado nosso morar de graça, mas nem ele conseguiu ficar. Hoje você passa e está cheio de gente drogada", afirma.

No "desespero", a proprietária conta que procurou até fazer negócio com a prefeitura. "Sugeri que eles alugassem ali para essas pessoas terem um lugar para dormir, mas não aceitaram".

Na avaliação dela, nada vai mudar enquanto medidas drásticas não forem tomadas. "Precisam fazer alguma coisa para resolver o problema da droga no Centro, alguma coisa que realmente mude esse cenário cada vez pior. É preciso tomar uma previdência. Não sou contra ajudar alguém, desde que seja da forma correta", defende.

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