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A importância, os desafios e perspectivas de ser uma mulher dentro da ciência

Kelly Grace Magalhães (*) | 20/03/2021 07:53

A mulher tem ocupado cada vez mais um papel notório, importante e essencial na ciência. São inúmeras as mulheres que se destacam com trajetórias acadêmicas e profissionais brilhantes dentro da ciência, inspirando outras meninas a acreditarem, persistirem e não desistirem de trilhar caminhos igualmente bem sucedidos.  Essa inspiração, esse exemplo, são fundamentais para continuarmos tendo cada vez mais mulheres permanecendo na ciência em tempos ainda mais desafiadores. E os desafios são enormes.

 É preciso incentivar e encorajar meninas a seguirem carreira nas áreas Stem (sigla do inglês para ciência, tecnologia, engenharia e matemática). Como várias outras áreas, a ciência também foi e ainda é estabelecida em um ambiente majoritariamente pautado por padrões masculinos, que por vezes limitam e dificultam a participação das mulheres dentro da ciência. Entre 600 laureados com o Prêmio Nobel nos últimos 120 anos, apenas 3% foram mulheres a receber esse prêmio. Esses números demonstram que são muitos os obstáculos a serem superados pelas mulheres para ocupar seu espaço dentro da ciência.

 Entre os maiores desafios, destaca-se o machismo estrutural, o preconceito, a desigualdade nas oportunidades oferecidas, o sexismo e a discriminação. São inúmeros, e muito semelhantes, os relatos de mulheres na ciência sobre situações desconfortáveis vivenciadas por cientistas mulheres em decorrência de questões de gênero. E isso nos mais diferentes níveis, desde estagiárias, estudantes, docentes, pesquisadoras, e orientadoras.

 É preciso combater os estereótipos, e as pequenas e veladas agressões diárias disfarçadas de piadas e de brincadeiras, situações frequentemente impostas as mulheres na vida acadêmica.  Além disso, as pressões sobre a mulher para conciliar vida familiar e a vida profissional como cientista são muito maiores que sobre os homens, o que implica em jornadas parciais de trabalho para a mulher, e o adiamento ou recusa da maternidade. Mulheres relatam frequentemente queda significativa da produtividade científica com a chegada da maternidade. É absolutamente necessário se desenvolver políticas públicas e privadas, bem como ações e estratégias de apoio, para auxiliar na conciliação da maternidade e carreira científica pelas mulheres, garantindo assim, recursos e condições para o pleno desenvolvimento profissional das mulheres como cientistas nas mais diversas áreas.

 Ainda assim, com todos estes obstáculos e desafios, as mulheres continuam crescendo e se destacando proeminentemente dentro da ciência nacional e internacional, ocupando cada vez mais cargos importantes e produzindo ciência de excelência, de ponta e da mais alta qualidade, além de contribuir significativamente para a formação de novas gerações de cientistas. Registro aqui minha mais profunda admiração por essas mulheres cientistas, guerreiras e determinadas a fazerem a diferença na ciência em meio a tantos desafios. Que continuemos sempre a persistir, a superar os obstáculos, a produzir ciência de excelência e a inspirar novas gerações de cientistas.

(*) Kelly Grace Magalhães é coordenadora do Laboratório de Imunologia e Inflamação do Instituto de Biologia da Universidade de Brasilia.

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