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Consumismo: impactos para o bolso e para o planeta

Por Carlos Eduardo Costa (*) | 29/02/2016 10:50

Há vários anos, a sociedade moderna tem sido rotulada como a sociedade do consumo. A grande questão, na verdade, é que temos assistido à consolidação de uma sociedade consumista. E esse é o grande problema.

Em uma sociedade de consumo, as pessoas adquirem produtos e serviços necessários para sua vida. Consumismo, ao contrário, é o ato de comprar produtos e serviços sem necessidade e consciência. É compulsivo e descontrolado. Não basta se vestir, é preciso acompanhar todas as tendências da moda. Não é suficiente o conforto proporcionado por alguns produtos tecnológicos, é necessário possuir os últimos lançamentos. Numa sociedade consumista, o consumidor é permanentemente incentivado a adquirir novos produtos.

E essa onda consumista traz graves consequências para a nossa sociedade. No plano individual, um grande número de pessoas se encontra em uma situação de endividamento extremo estimulado pelo desejo de consumo. E isto acaba prejudicando não só a saúde financeira, mas também a saúde física e mental dos endividados. Além de comprometer os relacionamentos e prejudicar inclusive a vida profissional.

Já no plano coletivo, é o nosso planeta que sofre bastante com o consumismo. O meio ambiente é diretamente afetado, pois o consumo desenfreado e o desperdício, muitas vezes causado pela falta de conhecimento, requerem o uso de mais matérias-primas, e, consequentemente, também geram grande quantidade de resíduos. Por causa disso, os ambientalistas acreditam que o nosso planeta está gravemente doente e, alguns dos sintomas já são sentidos e estão piorando as condições de vida na Terra, como por exemplo, o aquecimento global.

Felizmente, já existem diversos movimentos questionando esse tipo de sociedade, e, adotando práticas que rompem com esse modelo de consumo que vai além da real necessidade de cada indivíduo. Em diversos países, pessoas estão adotando como filosofia de vida uma tendência que foi chamada de "new sumerism". Elas acreditam que é possível ter qualidade de vida sem apelar para o exagero no consumo. Buscam viver bem, com o essencial. Muitas empresas já focam nesse segmento. Por exemplo, indústrias de confecção que passaram a utilizar como matéria-prima sobras de tecidos de grandes confecções.

O crescimento da chamada economia compartilhada também é uma reação ao consumismo. A lógica para as empresas desse modelo não é a produção de bens e serviços para cada indivíduo, mas sim o compartilhamento pessoa-para-pessoa (peer-to-peer), o chamado consumo colaborativo. Carros, alimentos, serviços, motos, moradia, informação, tecnologia, entre outros bens, já podem e devem ser compartilhados. A economia compartilhada permite que as pessoas mantenham o mesmo estilo de vida, sem precisar adquirir mais, o que impacta positivamente não só o bolso, mas também, o planeta.

Novo modelo de consumo – impactos positivos para a vida financeira

Adotar um novo padrão de consumo pode ter impactos significativos na vida financeira. Sem comprometer o orçamento com o consumo de uma série de supérfluos, sobrará mais dinheiro para a realização dos mais diversos objetivos.

Recentemente, a revista Época publicou uma coluna que ilustra isso. Adriana Zetti conta a história de seus pais. Profissionais ultra-bem-sucedidos que, com mais de 60 anos, decidiram passar uma espécie de ano sabático em Barcelona, onde moram dois dos seus filhos. Alugaram o seu apartamento em um bairro nobre de São Paulo a um parente, colocaram algumas peças de roupa na mala e embarcaram para lá. Em pouco tempo, fizeram uma constatação que os surpreendeu. Estavam gastando muito menos mensalmente para viver na Espanha do que gastavam no Brasil.

A explicação não era a diferença de preço entre os produtos nos dois países, mas sim, a mudança do estilo de vida. Eles mesmos passaram a limpar a casa, a usar o transporte público e as próprias pernas, a lavar a própria roupa, a não ter carro (e manobrista, e garagem, e seguro), enfim, a levar uma vida mais sustentável. Uma vez de volta ao Brasil, eles simplificaram a estrutura que os cercava, cortaram uma lista enorme de itens supérfluos, reduziram assim os custos fixos e, agora, eles podem passar cada vez mais tempo viajando e convivendo com outras culturas, ou seja, conseguiram direcionar os gastos para o que é essencial para eles.

Planeje bons hábitos para 2016. Invista em sua educação financeira.

(*) Carlos Eduardo Costa é economista e consultor do site de Educação Financeira do Mercantil do Brasil

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