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Grandes condutores e seus potentes motores

Por Geosmar Gonçalves (*) | 26/07/2011 12:00

Possuir um veículo que desenvolva uma velocidade acima da permitida em lei nunca foi e nem jamais será um fator de segurança do condutor. Não podemos fazer da “exceção” a “regra”.

Até nas ultrapassagens, não podemos considerar tal fato como medida auxiliadora, pois o condutor só ultrapassa quando sente plena segurança, quando o veículo que vem em lado oposto encontra-se muito distante, quando o veículo que se encontra logo a frente possui características inferiores e quando as intempéries estejam favoráveis.

Agora surge o questionamento: Por que os veículos saem de fábrica com motores que desenvolvem imensas velocidades? A resposta está simplesmente no fato que as grandes fábricas de veículos só produzem aquilo que o consumidor deseja comprar - é o papel deles, fazem aquilo que, por sua natureza, nasceram pra fazer (e fazem muito bem).

Agora quanto às pessoas comprarem alguns desses veículos, evidencia, “em tese”, a falsa sensação de obtenção dos imensos poderes que o veículo pode oferecer. Significaria dizer: Eu posso mais que você! Eu chego antes de você! Eu sou bem melhor do que eu imaginava!

Afinal, veículos que custam em torno de R$ 25.000,00 não se deslocam da mesma maneira e levam a lugares diversos como os que custam R$ 150.000,00? Ou o conforto do banco de couro vale tamanha diferença? Ou só o fato de saber que tal veículo desenvolveria seus 220km/h, mesmo que o motorista nunca venha a desenvolver, compensaria imenso valor?

Não afirmo que sou contra ou a favor do que outrora afirmei, mas realmente questiono e instigo cada um a refletir. Parabenizo a todos aqueles que possuem grandes máquinas, não se importam em ostentá-las e trafegam em velocidades seguras e condizentes.

Certa vez, um amigo me disse que não poderia participar de certas reuniões com diversas autoridades, sem que tivesse um veículo que chamasse a atenção e um motor potente, com medo de não ser bem visto ou não receber tanto respeito.

Já em outra oportunidade, percebi algo um tanto quanto inusitado – algumas pessoas que possuem imensos veículos com seus potentes motores quando viajam nas estradas e rodovias, desenvolvem velocidades muito superiores às permitidas em lei. Quase não se vê quando eles ultrapassam (o máximo que se vê é um vulto).

Já as mesmas pessoas, quando estão trafegando nas ruas das cidades com os mesmos veículos, deslocam-se a 10km/h, como se na área urbana, onde há maior concentração de pessoas e onde o palco é imenso, eles fizessem a questão de ser notado. Coisas do tipo: “Olha gente o que eu tenho/sou”.

De nada adiantaria intensificar a fiscalização nas diversas vias se não houver dentro do cidadão, a consciência de que ao lançar fora essa falsa sensação de poderes e ao reduzir a velocidade do seu veículo, reduziria consequentemente o imenso e apavorante número de acidentados e mortos no Brasil.

(*) Geosmar Gonçalves é professor e policial militar.

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