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Hora de Prosseguir

O estado não pode tudo. Mas está fazendo tudo o que pode, para virar essa página triste da nossa história

Eduardo Riedel (*) | 26/04/2021 08:58
Eduardo Correa Riedel
Eduardo Correa Riedel

Ninguém poderia imaginar a dimensão que a pandemia de coronavírus tomaria em todo o mundo. Surpreendidos pelos impactos sanitário, econômico e social gerados pela doença, fomos desafiados a adotar medidas guiadas pela ciência e apoiadas na capacidade de boa gestão, no compromisso com a transparência e também na criatividade, em busca de soluções ainda não experimentadas neste século.

É claro que estamos ainda distantes do fim do problema, mas o que têm prevalecido e gerado bons resultados são as iniciativas baseadas na realidade, sem negacionismo, rápidas, urgentes e assertivas. Foi deste modo que o Governo do Estado trabalhou desde o início. Era preciso usar de todas as ferramentas conhecidas e criar novos instrumentos para reestruturar o SUS e ampliar o número de leitos, compra de respiradores, de insumos, medicamentos, contratação de mão-de-obra especializada, habilitação e reforma de hospitais, parcerias e mais parcerias.

Uma verdadeira corrida contra o tempo, que não permitia malabarismos. E com mais um desafio grande: gerar quantidade sem abrir mão da qualidade. Por isso, o verdadeiro legado da Covid-19, como diz meu amigo e secretário Geraldo Resende, da Saúde, não será o índice de mortes que infelizmente não conseguimos impedir, mas a reestruturação e regionalização do SUS, com o incremento de 440% no número de leitos, equipamentos e serviços médicos no pós-pandemia. A nossa estratégia tem funcionado porque reúne atores diversos, da esfera nacional, estadual, local e também a população.

Não faltaram esforços e eles são visíveis na aquisições de testes suficientes, implementação de drive-thrus de exames, barreiras sanitárias e alertas exaustivos para a conscientização das medidas de biossegurança, alguns deles reconhecidos nacionalmente. E agora, principalmente, um esforço gigantesco de logística que nos colocou nas primeiras posições entre os estados que mais vacinam no Brasil. Nesta balança para equilibrar medidas sanitárias e atividades seguras, a única certeza era que a ciência deveria guiar nossos passos.

E assim nasceu o Prosseguir, um programa que monitora os casos confirmados, os índices de contaminação, os óbitos, a situação de ocupação hospitalar de cada um dos 79 municípios, entre dez indicadores que estabelecem as bandeiras de risco e diferentes graus de segurança para as atividades.

É dessa forma que auxiliamos os prefeitos na tomadas de decisões sobre como proceder e justificar medidas às vezes duras, difíceis, que afetam a economia, mas que são necessárias para salvar vidas. É nesta difícil meta de equilibrar a balança é que contabilizamos os resultados mais positivos. Mesmo com todas as restrições geradas pela pandemia, de acordo com o Caged, já criamos mais de 10 mil empregos esse ano.

Ou seja, em apenas dois meses criamos quase 70% dos empregos gerados durante todo o ano passado. E esse é um sinal muito importante, de vitalidade da nossa economia. Para os mais vulneráveis, criamos o Mais Social , que vai alcançar até 100 mil famílias pobres com um cartão alimentação permanente, no valor de R$ 200,00 mês, para colocar comida na mesa. E agora, quase 7 mil estabelecimentos do segmento de restaurantes e bares serão beneficiados com a suspensão da cobrança de ICMS por 90 dias, um verdadeiro respiro neste momento de grande aflição para quem precisa sobreviver.

A conta dos três meses devidos será depois parcelada em 12 prestações, sem juros ou qualquer correção. Mas não vamos parar por aí. Estamos mobilizados o tempo todo, avaliando o cenário de dificuldades, revendo metas, medidas, trabalhando para reduzir despesas, refazendo contas, assim como todos os brasileiros, às vezes tendo que cortar na própria carne, para ampliar sempre mais a capacidade de investimentos do estado onde os recursos públicos são imprescindíveis.

Neste momento, é preciso jogar “boias de salvamento” a quem está à deriva e ter capacidade redobrada de multiplanejamento, para dar conta de ajustar orçamento, ampliar investimento, reforçar o serviço nos hospitais sob pressão, reavaliar sistemas de ensino, garantir o funcionamento da economia, fundamental para garantir empregos e buscar alternativas para trazer mais vacinas, sendo esta a alternativa de resgate de que tanto precisamos para seguirmos em frente.

Tudo feito ao mesmo tempo, trabalhando com realismo, mas também com a esperança. Como todo mundo sabe, o estado não pode tudo. Mas está fazendo tudo o que pode, para viramos juntos essa página triste e difícil da nossa história.

(*) Eduardo Riedel é secretário de Infraestrutura em Mato Grosso do Sul, bacharel em ciências biológicas – genética pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e mestre em Zootecnia.)

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