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Impeachment é a última cartada de Cunha

Por Gabriel Bocorny Guidotti (*) | 04/12/2015 10:27

Dilma Rousseff conquistou a eleição de 2014 legitimamente. Apesar do berreiro da oposição, o mandato se confirmou, inaugurando um primeiro ano de reeleição que teve baixos e baixos, inquestionavelmente. A crise política e econômica se agravou sem precedentes. E agora, neste dezembro natalino, quando os ânimos deveriam esfriar, eis que o contrário acontece. O país chegou ao ápice da convulsão jurídica e moral. A história corre perante nossos olhos: está aberto o processo de impeachment da presidente da República.

No início da tarde de quarta-feira (02), a bancada do PT na Câmara votou pelo prosseguimento da ação que busca caçar o mandato do presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Houve repentina mudança de postura do partido. De tempos para cá, os petistas vinham mimando o peemedebista na tentativa de melhorar as relações com o Congresso. A resposta veio a galope. No final do mesmo dia, Cunha anunciou, em coletiva, o acolhimento do pedido de impeachment impetrado pelos juristas Hélio Bicudo e Miguel Reale Jr.

A manobra foi um duro golpe nas intenções do PT. Dilma, às pressas, veio a público falar sobre o assunto, em coletiva de imprensa. A presidente criticou severamente a decisão de Cunha, afirmando que as provas do pedido são “inconsistentes”. Ela acredita no arquivamento do processo. Até o desfecho, todavia, o pesadelo da petista vai continuar tirando o seu sono. Há duas opções viáveis: cai Cunha, sozinho, ou ele puxa junto a presidente para dentro do abismo.

Tão logo soube da decisão do PT na Câmara, Cunha tratou de aprontar a autorização ao processo de impeachment. Francamente, o ato estava na agenda do deputado desde o início do dia? Evidentemente que não. Agir por retaliação é um desapreço, um desrespeito ao voto popular. E com requintes de golpismo. Em síntese, o Brasil virou cenário de guerra entre facções políticas. Não foi a lei que decidiu o rito de impeachment, mas sim o ódio de Cunha pelo PT.

Os episódios das últimas semanas demonstram que a democracia em nosso país necessita uma consistente reforma. Nesses moldes, dominada por interesses partidários, não serve. Cunha carece de idoneidade para autorizar um processo dessa monta. Dilma não tem a competência necessária para governar. Talvez seja melhor para o Brasil que os dois pereçam abraçados. Mas pelos motivos certos. De outro modo, temo pelo futuro de nossa nação.

(*) Gabriel Bocorny Guidotti, bacharel em Direito e estudante de Jornalismo de Porto Alegre (RS)

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