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Motocicletas: o crescimento da frota x falha na legislação e ilegalidade

Por Fernando Medeiros (*) | 02/01/2015 14:00

Quando discutimos sobre o crescimento da frota de motocicletas, ouvimos discursos acalorados e apaixonados dos amantes das duas rodas e também as severas críticas e manifestações de medo daqueles que veem nas motos o risco eminente de um acidente.

O fato é que as motocicletas ganharam a paixão dos brasileiros e a tendência é que cresçam, e não é para menos. Em uma sociedade onde o crédito é restrito, impostos estratosféricos e transporte público vergonhoso, a motocicleta se encaixa perfeitamente como uma solução de transporte barato, ágil e eficiente.

Para se ter uma ideia, enquanto os automóveis mais econômicos rodam 12 km com um litro de combustível, uma moto de 125 cilindradas roda cerca de 40 km. Um custo quase quatro vezes menor, se compararmos aos modelos de automóveis populares de baixo consumo.

Os custos de aquisição e manutenção também são baixos. Atualmente alguns modelos já contam com três anos de garantia, o que é uma evolução e enorme benefício se considerarmos que são modelos nacionais e de grande representatividade no mercado. A lista de vantagens é bem extensa e abrange questões importantes para qualquer pessoa, como o ganho de tempo, elevada mobilidade e até o prazer de pilotar.

Mas e os acidentes? Andar de moto não é muito perigoso? A todo momento ouvimos falar que o número de acidentes com moto é muito grande, o que explica o grande medo das pessoas. No entanto, temos que considerar que a frota de motos cresceu 20 vezes nos últimos 15 anos e, consequentemente, o número de acidentes ficou mais expressivo. A legislação, por sua vez, pouco evoluiu para acompanhar este crescimento e as campanhas de conscientização ainda são raras.

Um exemplo grave de falha na legislação diz respeito às motonetas e bicicletas elétricas. O Código Nacional de Trânsito delega aos municípios a legislação sobre este tema. Acontece que estes veículos, na prática, são equivalentes a uma motocicleta em sua funcionalidade, porém em mais de 90% dos municípios não precisam ser emplacados e seus usuários não precisam estar habilitados, e como não recebem multas, trafegam à margem das leis de trânsito. Causam acidentes tão graves quanto as motos, mas não podem ser responsabilizados, afinal estão trafegando em um “brinquedo”.

Outro fator relevante diz respeito ao modelo de habilitação dos pilotos. A preparação de novos pilotos deveria ser mais efetiva e completa, a permissão para pilotar deveria ser feita gradativamente, assim como é feito com caminhões e ônibus.

Apesar das questões legais a serem resolvidas, o maior determinante para o risco ainda é o comportamento do usuário. Infelizmente vemos todo tipo de abuso e imprudência sobre as duas rodas. Alguns motociclistas abrem mão de equipamentos básicos de segurança, como capacete e espelho retrovisor. A grande maioria são os jovens que acham que o pior só pode acontecer com os outros, e acabam tomando atitudes irresponsáveis ao pilotar suas motocicletas como se estivessem em pistas de corrida.

A falta de educação, desrespeito ao próximo e irresponsabilidade são evidentes. Mas este tipo de comportamento não vem no manual da moto, é inerente às pessoas e as acompanha onde estiverem, independente do veículo que estão conduzindo. Portanto, o problema não está nas motos e sim nas pessoas, afinal moto não recebe educação em casa ou na escola, pessoas sim!

O crescimento da frota vai continuar acontecendo, as motos continuarão despertando paixões. Só precisamos aprender a usar melhor todos os benefícios e recursos disponíveis nesta maravilhosa invenção que já representa inclusive o ganha-pão de milhares de brasileiros.

(*) Fernando Medeiros é diretor executivo da ASSOHONDA.

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