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O Câncer de Lula e o SUS

Por Vladimir Polízio Júnior* | 03/11/2011 15:24

O aumento do número de vereadores tem despertado, em todo o Brasil, movimentos de cidadania, de pressão popular, para que os representantes do povo se apercebem que o momento não é de elevação da quantidade de vereadores, mas sim da melhoria de sua qualidade. Isso fez com que muitos municípios, onde esse aumento já havia sido autorizado, recuassem, e mantivessem o mesmo número de vereadores desta legislatura. O que isso tem a ver com o problema recentemente descoberto pelo ex-presidente Lula? Tudo.

Segundo o Jornal Folha de São Paulo, edição de 03/11/2011, no ano passado, aproximadamente 60 mil pacientes não puderam se submeter aos serviços de radioterapia, e 80 mil não conseguiram ser operados para extração de um tumor: "Além de não conseguir atender a todos- na radioterapia o índice de não atendidos é de 34% e em cirurgia, de 53%- os pacientes começam o tratamento muito depois do tempo devido. No caso dos procedimentos de quimioterapia, o tempo de espera médio foi de 76,3 dias e apenas 35% dos pacientes foram atendidos com 30 dias (prazo recomendado pelo Ministério da Saúde).

Na radioterapia, o resultado é ainda pior: 113,4 dias de espera e apenas 16% atendidos no primeiro mês.”

Num país em que a Justiça reconhece o casamento gay porque o contrário importaria em discriminação, e nossa Constituição não aceita distinções entre brasileiros, não se justifica o desperdício de dinheiro público com o aumento do número de vereadores enquanto o sistema de saúde continua capenga. Como explicar para um brasileiro com câncer, que está dentre aqueles que não conseguiram atendimento no prazo adequado, que nossa Carta Magna estabelece que “a saúde é direito de todos e dever do Estado”, mas a ANS (Agência Nacional de Saúde) baixou resolução estabelecendo prazos para que planos de saúde realizem exames, consultas e cirurgias, enquanto quem depende do SUS deve contar com a própria sorte?

Espero que nosso ex-presidente melhore, e supere também mais essa dificuldade. Mas não podemos tapar os olhos diante da imensa quantidade de brasileiros que, silenciosamente, padecem por falta de tratamento adequado do SUS. O plano de saúde privado deve ser uma alternativa, e não uma necessidade.

(*) Vladimir Polízio Júnior, 40 anos, é defensor público

(vladimirpolizio@gmail.com)

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