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O efeito devastador do uso do crack

Por Thiago Guerra (*) | 06/07/2011 11:18

Vivenciamos uma profunda e aguda crise social e urbana relacionada ao uso do crack, droga avassaladora que, por onde passa, aniquila e mata seus usuários, cuja vitimização ocorre em toda parte do mundo, em especial no Brasil.

O crack constitui uma droga que traz a morte em vida para quem a utiliza, destrói também a vida de todos aqueles que vivem em volta do usuário, e faz com que a criminalidade aumente, mortificando mais do que todas as outras drogas.

Seu poder é extraordinário, já que vem viciar o indivíduo em sua primeira experiência, o que traz um drama familiar de grande proporção: desgraça e crack são sinônimos e indissociáveis. Palavras como dor, deterioração e extermínio referem-se aos resultados trágicos que resumem os efeitos que a droga causa, tanto no usuário quanto em seus familiares.

A composição química do crack é apavorante e estarrecedora. Partindo da pasta base das folhas da coca, são adicionados outros ingredientes altamente prejudiciais a qualquer ser humano, tais como: amônia, ácido sulfúrico, querosene ou solvente e a cal virgem que, quando processados e combinados, se resumem em uma endurecida pasta homogênea de cor branca caramelizada onde se centralizam 50% de cocaína: metade cocaína e metade produtos químicos.

A fumaça do crack é ligeiramente absorvida pela mucosa pulmonar, e por ser altamente tóxica ela estimula o sistema nervoso, originando euforia e o aumento de vigor do usuário, o que vem causar a diminuição do apetite e da vontade de dormir, logo a perda de peso abrupta.

Não demora muito para que os usuários do crack venham a perceber os efeitos calamitosos que seu uso proporciona, assim como: aceleração ou diminuição do ritmo cardíaco, elevação ou diminuição da pressão sanguínea, calafrios, náuseas, vômitos, convulsão, parada respiratória, coma ou parada cardíaca, infarto, doença hepática e pulmonar, hipertensão, acidente vascular cerebral (AVC), além da perda da dentição oriunda da corrosão efetuada pela presença do ácido sulfúrico na sua fórmula.

Diante disso, os dependentes do crack passam a ser mortos-vivos, sendo muito difícil se livrarem desse mal. E como já é do conhecimento de todos, para saciar sua fome da droga praticam todo o tipo de crime, numa redução de sua vida, pois a morte para esse usuário é prematura e certa.

Vale ressaltar que o drama do uso do crack deve ser tratado pelas autoridades e por toda sociedade como um problema de saúde pública, com projetos eficientes para a recuperação imediata de seus usuários, e não menos importante, a partir da criação de iniciativas que venham evitar efetivamente o ingresso de novos simpatizantes no mundo dessa poderosa droga.

O problema do crack não deve ser tratado apenas como caso de polícia, leis mais duras são necessárias e toda a sociedade civil precisa estar envolvida numa criação de forças-tarefas (missões específicas) que atuem junto às comunidades críticas. Profissionais da saúde e da educação, tais como psicólogos, pedagogos, assistentes sociais, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, médicos, nutricionistas, recreadores, além de políticos (com edificante vontade política), ministério público, igrejas e escolas (abertas aos finais de semana) devem estar envolvidos.

Por fim, é importante avaliar que a polícia repressora para conter os crimes que são cometidos em nome e pelo nome do crack tem muito trabalho pela frente. Ao lado dela, os mass media também constituem um poderoso dispositivo social para combater essa droga letal por meio da divulgação de informações que tragam luzes às questões ligadas ao usuário e à vida urbana.

(*) Thiago Guerra é advogado, especialista em Processo Penal.

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