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O exemplo de "cima", por Adilson Luiz Gonçalves

Por Adilson Luiz Gonçalves (*) | 11/07/2011 11:00

Dizem que “o exemplo vem de cima” ou que “vale mais do que mil palavras”. Também falam que “nem tudo o que se diz se faz” e que “as aparências enganam”.

O fato é que existem muitas pessoas consideradas da “elite social” que, apesar do discurso, crêem que seus atos estão acima da lei ou do semelhante.

Isso, infelizmente, é cada vez mais comum entre os que escolhem a política como “profissão”. Mas não podemos esquecer que somos nós que os elegemos e, como isso, também estamos dando um mau exemplo.

Aliás, embora não concorde plenamente com isso, falam que os políticos representam o povo. Se assim for, o que pensar da sociedade? Considerando as generosas doações de empresas e instituições a campanhas eleitorais, o que dizer da “alta sociedade”? Ela desaprova, pactua ou ignora a corrupção, em troca de banquetes “benemerentes” e tráfico de influência?

As “elites” podem ser minoria, mas são elas que ditam as regras!

No entanto, todos têm parcelas variáveis de participação, consciente ou inconsciente, nesse contexto. Qualquer que seja a condição social, crença, raça ou profissão, nossos atos, efetivos ou falhos, são exemplos.

A ascensão social ou profissional traz vantagens, ascendência; mas também importa responsabilidades, que alguns preferem ignorar, por conveniência, formação ou desvio de caráter, optando por tirar proveito daquilo que lhes interessa, desprezando o direito do outro.

É correto um ex-militar e toda a sua família dirigirem na contramão, para encurtar o acesso à sua casa? E o que dizer de quem critica e despreza um sem-teto que urina e defeca na rua, mas leva seu tótó para fazer o mesmo na porta dos outros, sem coletar a “caca” e, quando alguém reclama ainda retruca, cheio de razão, que a rua é pública?

Se for verdade que donos e cães são parecidos, e que “quem sai aos seus não degenera”, o que impedirá seus filhos de duas patas, com “pedigree”, de saírem por aí praticando seus vícios, vontades, “tradições” e “direitos”, com a benção e proteção paterna ou da “elite” a que pertencem?

Esses “pequenos” maus exemplos podem parecer pouco significativos perante as grandes mazelas da sociedade; mas, essa falta de respeito às leis e ao próximo pode ser o primeiro passo para outras irregularidades, cada vez mais graves. E quanto maior a ascensão de quem age assim, pior! Acreditando ser exemplo, na verdade estará se considerando superior, exceção, interpretando as regras sempre ao seu favor e, dependendo de seu poder, fazendo leis em benefício próprio.

Pode não haver regra sem exceção, mas quando a exceção negativa se torna regra temos uma sociedade injusta, imoral ou amoral, onde não haverá presídios suficientes para abrigar seus criminosos e a impunidade será regra!

Uma sociedade cheia de leis não é necessariamente uma sociedade justa.

Bastariam poucas, se as pessoas simplesmente respeitassem regras básicas de convivência. Nesse sentido, o bom exemplo precisa vir de cima!

(*) Adilson Luiz Gonçalves é mestre em Educação, escritor e engenheiro.

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