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O sonho de termos livros e mentes abertos

Vanessa Daya (*) | 15/11/2020 07:58

"Um livro, uma caneta, uma criança e um professor podem mudar o mundo", com esta frase Malala Yousafzai, ativista paquistanesa e pessoa mais jovem a receber um Prêmio Nobel, clamou pelo acesso à Educação para as crianças ao redor do planeta. No momento deste discurso histórico, realizado na sede das Organizações das Nações Unidas (ONU), em 2013, Malala tinha apenas 16 anos.

Exceto por alguma questão ideológica extremista – que enxerga fantasmas onde ninguém mais vê e por isto acaba fugindo da racionalidade – dificilmente a declaração deixaria de encontrar eco na maioria população do país, especialmente entre professores e educadores populares.

Uma menina, que por pouco não perdeu a sua vida, simplesmente por querer estudar, afirmava o óbvio para a maioria das sociedades contemporâneas: “Toda criança tem direito a frequentar uma escola, a receber capital cultural, a estudar”.

Aparentemente temos algumas certezas em relação à Educação. Seja de forma genuína, ou pelo menos da boca para fora em uma perspectiva “politicamente correta”, todos os prismas políticos afirmam que a Educação transforma, que ela viabiliza igualdade social, que proporciona desenvolvimento econômico e que seria o principal caminho para que saíssemos do “presente” para sermos finalmente o “país do futuro”, prometido desde que nos tornamos uma República há mais de um século.

A Educação é vital. Esta percepção é quase unânime, é senso comum. O que causa espanto é o fato de não escolhermos representantes que a defenda efetivamente. Por que quem mais carece do Estado para que seu direito a um ensino de qualidade seja garantido, não vê nas câmaras legislativas um reflexo de si?

Por que encontramos pelo país bancadas que defendem o agronegócio, os interesses de empresários de armas, os anseios religiosos, mas temos tão pouco professores, educadores e pesquisadores da Educação fazendo nossas leis?

Consolidar uma Educação pública de qualidade, o acesso à leitura, a viabilização da formação de redes de bibliotecas e o fomento constante para a Cultura passa, obrigatoriamente, pelo ato de refletirmos sobre como pavimentar o caminho para que o país se desenvolva com justiça social, através da Educação. Isto é, urge a promoção de diálogos e reflexões cotidianos e de constantes construções e organizações coletivas que debatem e que lutem pela Educação. Isto fará com que nossa conscientização e a desnaturalização diárias sejam refletidas em escolhas conscientes nas urnas.

Teremos um país de leitores quando nossos representantes forem indivíduos atravessados pela leitura. O caminho é longo, mas possível. O filósofo grego Platão dizia que “o maior castigo para aqueles que não se interessam por política é que serão governados pelos que se interessam”. Então, sejamos sujeitos ativos de nossa história!


(*) Vanessa Daya é educadora popular e ativista da Bancada do Livro

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