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Operação Carne Fraca: importância da fiscalização

Por José Otavio Menten (*) | 24/03/2017 09:55

“Quanto menos as pessoas souberem como são feitas as leis e as salsichas melhor elas dormirão” (Otto Von Bismarck -1815-1898).

Esta frase famosa de Bismarck não tem mais sentido nos dias de hoje. A sociedade tem que saber os processos que resultam em produtos que afetam nossas vidas. As mídias sociais, nos últimos dias, trouxeram vídeos e manifestações que causam repulsa, relacionadas ao preparo de embutidos e carnes deterioradas, com irregularidades. Neste universo “turvo” são criados monstros.

A transparência é fundamental em todos os procedimentos da sociedade. A operação Carne Fraca mostrou irregularidades graves, em alguns elos da produção de carnes no país e virou manchete nos veículos de comunicação do Brasil e exterior. Pode contribuir para o aprimoramento dos processos, mas também comprometer a imagem e reputação do agro brasileiro. E, como consequência, prejudicar nossa economia.

Aparentemente tudo começou com uma denuncia de um Auditor Fiscal Federal Agropecuário do Paraná. Foram dois anos de investigações. Foram citados casos pontuais de carnes vencidas, “maquiadas” e contaminadas. Das 4837 unidades frigoríficas do Brasil, 21 apresentaram irregularidades e três foram interditadas. De 11.000 fiscais e agentes de inspeção agropecuários, 33 foram afastados por possível envolvimento com propinas e corrupção.

Para segurança dos consumidores, a apuração destes casos deve ser rápida, rigorosa e transparente. Só assim vai haver menos danos à imagem, reputação e credibilidade nos alimentos produzidos no Brasil, em especial nas carnes bovinas, de frango e suína.

As boas práticas de produção e industrialização são fundamentais. Para isto são preparados profissionais competentes e éticos. Entretanto, a fiscalização deve atuar de forma a garantir a qualidade dos produtos colocados à disposição dos consumidores.

Entre as diversas ações de fiscalização e inspeção, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), executa o Plano Nacional de Controle de Resíduos e Contaminantes (PNCRC) através da Secretaria de Defesa Agropecuária. Nos produtos de origem animal são analisadas, periodicamente, amostras representativas de carnes (bovina, ave, suína, caprina, ovina, equina, coelho, leite, pescado, mel e ovos).

As análises são realizadas em laboratórios oficiais e credenciados. São pesquisadas diversas substâncias, microrganismos e toxinas: antimicrobianos, sedativos/tranquilizantes, antiparasitários, anticoccidianos, micotoxinas, contaminantes inorgânicos, substâncias de ação anabolizante hormonais, betagonistas, anti-inflamatórios, organoclorados, dioxinas, furanos, organofosforados, piretróides, pirazóis e carbamatos.

É fundamental que a fiscalização seja cada vez mais aprimorada e reconhecida. Há necessidade constante de atualizações das regulamentações e procedimentos. As instituições de ensino devem valorizar estes conteúdos em seus currículos e os profissionais que atuam em pesquisa, ensino, extensão e produção podem contribuir com o aperfeiçoamento e eficiência da fiscalização. Medidas firmes e rápidas devem ser tomadas pela Secretaria de Defesa Agropecuária (DAS) do MAPA, demonstrando seu comprometimento com a segurança alimentar e na punição dos culpados.

(*) Por José Otavio Menten é engenheiro agrônomo, diretor financeiro do Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS), vice-presidente da Associação Brasileira de Educação Agrícola Superior (ABEAS), mestre e doutor em Agronomia e pós-doutorado em manejo de pragas e biotecnologia.

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