ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
MARÇO, SEXTA  29    CAMPO GRANDE 24º

Artigos

Os anéis do professor Fagundes

Por Heitor Freire (*) | 15/03/2016 08:09

A política é uma sinfonia que tem que ser tocada a muitas mãos. E elas precisam estar muito bem harmonizadas para que o tom não atravesse. É preciso uma sintonia fina. E uma perfeita maviosidade entre os executantes com instrumentos muito bem afinados.

Normalmente a política é executada de forma pública, ostensiva. Quando alguém se propõe a desenvolver um trabalho de conscientização de forma anônima, merece o aplauso pela forma como se dedicou a esse mister.

Refiro-me ao professor Lourival Martins Fagundes, engenheiro agrônomo, economista, professor universitário, que, como assessor parlamentar do senador Lúdio Coelho, secretário de planejamento de suas duas administrações como prefeito e também como secretário geral do PSDB, e sob a inspiração dele, elaborou um trabalho para ampliar a participação da mulher na política.

Nada mais oportuno que nesta semana de comemoração do Dia da Mulher se recorde essa atividade que foi muito bem pesquisada, planejada, executada e divulgada em um livro: Formação Política. Meta para os Partidos. Desafio para as Mulheres.

A partir da pesquisa, o professor Fagundes criou um sistema e o denominou “oito anéis”: A mulher tem baixa representação na política; nossa educação é machista; há poucas candidatas a cargos eletivos; mulher não vota em mulher; mulher não vê importância na política; mulher tem pouca cultura política; mulher é discriminada na política e mulher não quer cargos de comando.

Com esses anéis definidos, começou uma vilegiatura por todos os municípios de nosso estado, realizando reuniões com as mulheres de cada cidade provocando-as e conscientizando-as para a necessidade imperiosa da participação delas na política para o aprimoramento das nossas instituições, buscando bagagem diretamente da fonte conversando com elas sobre filosofia política, ciência política, a ideologia social-democrata, e sobre o que elas poderiam fazer para mudar o estado e o conteúdo da representação política nacional.

O ponto de partida foi a constatação do senador Lúdio Coelho de que “a mulher tem muita dificuldade para mentir, de se envolver com o ilícito e uma forte vocação natural para honrar a palavra empenhada”. Uma visão de estadista que tinha sensibilidade a respeito da importância da mulher, não só na política, mas em todas as atividades. Ele teve como exemplo a sua companheira de toda a vida, que tinha uma personalidade forte e marcante: dona Nilda Coelho.

Fagundes realizou mais de 100 reuniões, sendo 30 em Campo Grande, falando principalmente sobre o que era a política e para que servia. Faziam parte de sua equipe: Maria José Barbosa, pedagoga com especialização em gestão escolar; Rosana Domingues, administradora de empresa; Eliana Regasso, especialista em marketing e propaganda e Nadir Vilela Gaudioso, advogada criminalista especializada em direito eleitoral. Todas trabalharam de forma voluntária, sem remuneração.

No encontro de Alcinópolis, uma gari da prefeitura, analfabeta, no final da reunião pediu a palavra e disse que após aquela reunião ela decidiu procurar uma escola para aprender a ler e acrescentou que não dava para aceitar o fato de alguém ficar perto dela para ler o questionário de avaliação. Todos saíram dali com uma nítida ideia de que política é coisa séria.

Ficou claro que a intenção do falecido senador Lúdio Coelho foi atingida deixando uma semeadura que, a médio prazo, certamente produzirá frutos abundantes.

O professor Fagundes, que escreveu 17 livros sobre os mais variados assuntos, contribuiu de maneira decisiva para a conquista dos objetivos colimados.

Parabéns, professor Fagundes. Parabéns à sua equipe e às mulheres que tiveram a oportunidade de pensar de forma clara a respeito desse tema que era obscuro para elas. Realmente tiveram uma orquestra afinada e harmônica com um maestro muito competente para estimular e abrir as suas mentes e corações.

(*) Heitor Freire é corretor de imóveis e advogado.

Nos siga no Google Notícias