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Porto Canuto: ponto final ou início de uma história!

Por Rosildo Barcellos (*) | 29/05/2017 09:55

A vida não é uma mera sucessão de fatos e acontecimentos. Rememorei a “Retirada da Laguna” e comparei com os nossos problemas atuais. A coluna brasileira, percorreu em dois anos, 2.112 km a pé atravessando o Pantanal, chegando a nossa histórica Miranda, saqueada e incendiada.

Em Miranda, ainda, no primeiro do ano de 1867, o Coronel Carlos de Morais Camisão, assumiu o comando das tropas que marchou até Nioaque, e de Nioaque até a fazenda chamada Jardim, às margens do rio Miranda.

A fazenda era propriedade de Francisco José Lopes, uma das personagens mais interessantes deste contexto, posto que, ele era um criador de gado que na ocasião cuidava de terras em nome do Imperador D. Pedro II, e que nutria grande aversão pelos paraguaios que tinha ceifado a vida do irmão e sequestrado o filho assim como a cunhada, sua futura esposa.

Lopes propôs guiar a tropa brasileira por aquele sertão, por ser conhecedor e ofereceu ainda fornecer alimentação aos soldados. A tropa chegou a Bela Vista, às margens do Apa, que então era território paraguaio e foi até a fazenda Laguna do ditador paraguaio Solano López.

Entretanto, levados pelo desgaste extremo, cercados pelos paraguaios, sem víveres, combalidos e com pouca munição, decidiram recuar. Os paraguaios usavam sua cavalaria contra os brasileiros que seguiam a pé. Sim, era uma guerra. Camisão morreu de cólera no fim da retirada, já às margens do Miranda, assim como Lopes e seu filho, onde hoje é a cidade de Jardim.

O marco simbólico do fim da retirada, antes de seguir para Cuiabá, episódio da Guerra da Tríplice Aliança, é uma rocha de arenito, na fazenda Tabapuan, aonde fixou-se uma placa reproduzindo o último parágrafo do boletim militar (ordem do dia) referente a 12 de junho, um dia após a chegada no Porto Canuto, escrito pelo tenente Escragnolle (Alfredo Maria Adriano d’Escragnolle Taunay):

“A retirada, soldados, que acabais de efetuar, fez-se em boa ordem, ainda que no meio das circunstâncias as mais difíceis. Sem cavalaria contra o inimigo audaz que a possuía formidável, em campos onde o incêndio da macega, continuamente aceso, ameaçava devorar-vos e vos disputava o ar respirável, extenuado pela fome, dizimados pela cólera que vos roubou em dois dias o vosso comandante, o seu substituto e ambos os vossos guias, todos estes males, todos estes desastres vós os suportastes numa inversão de estações sem exemplo, debaixo de chuvas torrenciais, no meio de tormentas de imensas inundações, em tal desorganização da natureza que parecia contra vós conspirar. Soldados! honra à vossa constância, que conservou ao Império os nossos canhões e as nossas bandeiras!”.

É momento de recolorir a nossa história incentivando projetos como o “Revivendo a nossa História “ do escritor José Pedro Frazão, membro da Academia Sul-Mato-Grossense de Letras, que cito como um excelente exemplo, porque cultura é arte, cultura e vida e é inclusive fonte de recursos e de novas forças de trabalho, se bem encaminhado.

(*) Rosildo Barcellos é articulista

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