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Propagandas de bebidas devem ser proibidas

Por Antônio Geraldo da Silva (*) | 06/07/2011 06:03

A iniciativa da Secretaria de Saúde de Mato Grosso do Sul de dar início a uma pesquisa sobre alcoolismo no Estado tem total apoio da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP). Definido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como doença, sendo classificada internacionalmente desde 1967 (CID 8), o alcoolismo tem causado avarias profundas na estrutura social e econômica do Brasil.

Segundo a OMS, uma em cada dez mortes entre jovens com idade entre 15 e 19 anos é relacionada com a bebida. Entre os problemas associados ao uso do álcool estão diminuição de funções cerebrais, câncer, cirrose, impotência, males cardíacos, riscos a gravidez, acidente de trânsito, depressão e suicídio.

Membro da ABP e coordenador do Departamento de Dependência Química da Associação, o psiquiatra Ronaldo Laranjeira, tem rodado o Brasil para falar sobre os malefícios do uso do álcool em jovens e adultos. Segundo ele, 6% do consumo de bebidas alcoólicas no Brasil são feitos por menores de 18 anos, enquanto entre os jovens de 18 a 29 anos, esse consumo aumenta para 40%. Ele também destaca que é preciso haver maior controle sobre os mais de um milhão de pontos de venda de bebidas e aprovar leis no sentido de acabar com o consumo do álcool no Brasil.

Esse é o grande desafio do Governo Federal. Toda sociedade sofre as consequências do consumo abusivo de álcool, tanto psicológica, quanto física e economicamente. Mesmo com o agravante do vício, dos malefícios ao organismo do indivíduo e violência agregada, o álcool é uma droga lícita.

Mas como combater o uso abusivo do álcool ou proibi-lo se hoje, não existem estudos aprofundados sobre o alcoolismo no Brasil. Nem Ministério da Saúde, nem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) possuem dados estatísticos sobre o problema. É preciso de informações consistentes e precisas para criar políticas públicas de assistência aos dependentes químicos. Quem são, onde vivem, qual o grau de dependência e onde são tratados.

A Associação Brasileira de Psiquiatria apóia qualquer iniciativa que possa responder a essas indagações. Bom seria se a iniciativa da Secretaria de Saúde de Mato Grosso do Sul fosse também copiada pelo Governo Federal que, ao invés de gastar fortunas com propagandas do tipo “se beber não dirija” proibisse de vez a propaganda de bebidas alcoólicas nos veículos de comunicação.

(*) Antônio Geraldo da Silva é presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria.

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