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Qual a esperança que te motiva?

Por Silas Fauzi (*) | 01/09/2011 06:03

Estive participando, no final desta semana, dia 27 de agosto, da abertura do Encontro Regional (MS) da Pastoral da Juventude, a famosa PJ.

Apesar de já ter passado há algum tempo da idade de militar nessa pastoral, estive lá como convidado para compor a mesa de abertura e falar um pouco sobre a minha experiência no período de militância, nos início dos anos noventa.

Olhando para os jovens de hoje, pude perceber que estamos vivendo um novo momento para a reorganização dos movimentos que sempre se articularam em torno de um objetivo concreto, embora, às vezes utópico, mas não deixava de ser alcançável. A frase do profeta Raul Seixas, “sonho que se sonha junto é realidade”, nos imbuia de que nossos sonhos eram possíveis.

Durante a mística de abertura do encontro, os jovens eram levados a refletir sobre qual a esperança que os motiva? Essa deve ser a pergunta a ser feita a todos os jovens nos dias de hoje! Creio que será muito difícil encontrar um jovem que dê a resposta.

Se encontrarmos, a resposta será sempre no campo pessoal e específico, como: passar no Enem, passar num concurso público, ter um carro ou qualquer coisa desse tipo. Talvez, encontraremos uma resposta no campo coletivo e social, tipo: lutar por um mundo melhor, onde não haja ganância, onde as pessoas se respeitem, onde prevaleça a solidariedade, etc.

É bem verdade que os tempo de militância são outros. Tudo muda. O mundo muda. Já dizia o filósofo grego Heráclito que a água que passa debaixo da ponte nunca é a mesma. A militância e mobilização se fazem hoje pelas redes sociais.

Não há aquela motivação de ir para as ruas, levantar bandeiras, pichar muros com palavras de ordem. Hoje a revolta acontece no mundo virtual a partir das quatro paredes do nosso quarto, de onde podemos dizer o que pensamos e para quem quisermos e, o que é melhor, sem ter que se expor.

Dos jovens que lutavam contra a ditadura militar nos anos sessenta, que aderiam as lutas dos movimentos sindicais nos anos setenta, que aderiam os movimentos sociais nos anos oitenta e que pintavam a cara nos anos noventa, só nos sobrou aqueles que hoje vão à rua lutar pela legalização da maconha. Longe de mim querer ser moralista, mas qual é a esperança que nos motiva mesmo?

(*) Silas Fauzi é professor e militante de movimentos sociais. (www.silasfauzi.blogspot.com)

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