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Quo vadis, educationem?

Por Adilson Roberto Gonçalves (*) | 02/01/2018 13:15

Os dados do ENEM anunciados no final do ano apenas corroboram a falácia e a falência do ensino público estadual em São Paulo, ao contrário do que o governador anda propalando. Também mostram que o governo federal insiste, mais uma vez, em não divulgar os dados das escolas federais, que têm mostrado desempenho semelhante ao das escolas particulares, um modelo implantado pelos governos petistas.

No âmbito da educação superior, os ataques à universidade se intensificam. Fato é que no sistema capitalista, nada é de graça. A Folha de S. Paulo insiste na privatização do ensino superior paulista, com explícito editorial “Gratuidade ilusória” publicado em 26/12, sem fazer um comparativo sobre o que as universidades atendem diretamente à população, especialmente por meio de seus hospitais, e o quanto sua autonomia é responsável pelas pesquisas científicas de ponta. É paga com o dinheiro de impostos, e não deve ser regida por uma elite retrógrada, tanto é que evoluiu ao longo dos últimos anos com políticas de acesso mais inclusivas. O patrimônio público não pode ser privatizado para se manter de acesso a todos com excelência em ensino, pesquisa e extensão, ainda que com muitas falhas.

Articulistas têm debatido a questão universitária e Hélio Schwartman fez um digressão sobre a política de cotas. Gosto dele pela sua franqueza, ainda que não concorde com tudo o que escreve. A política de cotas não pode ser entendida apenas pelo viés econômico imediato, como ele fez em seu artigo “Precisamos falar de cotas”, de 16/12. É uma forma muito tímida de propiciar um pequeno abatimento em nossa dívida social histórica, ainda que não reconhecida por parte significativa da população.

Como contraponto, declaro total apoio ao artigo dos estudantes Gabriel Beré, Marianna Dias e Sérgio Kobayashi em defesa da “Universidade pública, gratuita e de qualidade” publicado naquele mesmo jornal em 29/12. A sanha privatista é ávida porque o mercado educacional é de bilhões de reais. O que não se defende é a existência de um sistema privado de educação de qualidade, paralelo ao público, como ocorre em outros países, Estados Unidos, por exemplo. O empresário brasileiro é o mais letárgico quando se fala em inovação e riscos, deixando a iniciativa para o governo e depois se aproveita da estrutura pronta e consolidada. Assim foi com as telecomunicações e está sendo com a energia. Querem, agora, a educação.

(*) Adilson Roberto Gonçalves, doutor em química pela Unicamp, livre-docente pela USP e pesquisador no IPBEN da Unesp – Rio Claro-SP

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