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Rezas e simpatias populares

Por Heitor Freire (*) | 08/11/2016 07:47

O nosso imaginário é rico em crendices. Colocamos muito da nossa crença nas histórias populares ou lendas, e isso foi gradativamente enriquecido pelas culturas que aqui se homogeneizaram, como a cultura africana e a indígena.

A religião entra como um elemento de grande relevância que assume o papel central das lendas populares, pois o apego à religião faz com que as coisas tenham um toque divino.

Como muito bem pontificou Shakespeare: “Há mais coisas entre o céu e a terra do que imagina a nossa vã filosofia”.

Não há nada mais fascinante do que as histórias populares. Além de serem simples e de grande contexto histórico, tais histórias remetem a um tempo onde o imaginário popular era comparável à crença antiga das forças divinas exercidas na natureza.

Aos meus 24 anos eu era totalmente cético: ou a coisa existia ou não. Não havia meio- termo. Até que o imponderável de souza se fez presente. Aconteceu assim: morávamos em Ponta Porã. A nossa filha número um, Valéria, então com 1 ano, teve disenteria e vômito. Levamos ela ao médico, que prescreveu a medicação para casos dessa espécie. Criança dessa idade se desidrata com muita rapidez.

A minha sogra disse que deveríamos levá-la a uma benzedeira. Eu fui contra. Do alto da minha “sabedoria”, aos 24 anos, determinei que o médico é que sabia o que deveríamos fazer e fui contra levá-la para benzedeira pois isso era superstição. Fui ao trabalho, no Banco do Brasil. Quando saí do banco, voltei para casa. Lá chegando encontrei a Valéria totalmente recuperada. Peguei-a no colo, agradecendo intimamente ao médico.

Aí então a Rosaria me contou o que havia acontecido. A dona Armanda, minha sogra, “seqüestrou” a Valéria e a levou a uma benzedeira que, com uma oração, curou a nossa menina. Ela estava com coalho virado (é fácil identificar esta situação: um pé fica encolhido, além, naturalmente, dos vômitos etc.) – que acontece quando os pais, irresponsavelmente, querendo fazer graça brincam de jogar a criança para o alto – isso só se resolve com benção.

Tive que me curvar à evidência dos fatos. A partir daí tornei-me fã e divulgador das benzedeiras. Como aprendi e confirmei a eficácia das “simpatias”, tenho no meu site (www.heitorfeire.com.br) uma seção de “Dicas” onde publico as que eu conheço e cuja eficácia confirmei.

Selecionei algumas: Contra cobra e animais peçonhentos, deve se repetir a frase: São Bento na pia, São Bento no altar, bicho mau baixa a cabeça, para “mim” passar. O pessoal de fazenda, antigos, conhecem e praticam.

Para não ser mordido por cachorro, deve se dizer assim: “Sán Roque, Sán Roque, mire tu perro que no me toque”. (em espanhol, que foi como eu aprendi, e posso testemunhar que funciona mesmo). O cachorro se afasta sem saber o que aconteceu.

Para objetos perdidos, repetir em voz alta: “São Longuinho, São Longuinho, me ajude a encontrar (aí se diz o que sumiu) que eu darei três pulinhos”. Ao encontrar o objeto perdido, deve-se dar mesmo os pulinhos, que é a maneira de agradecer. Simpatia para labirintite: Pegar 7 folhas verdes de mangueira e colocá-las dentro do travesseiro, na parte de baixo.

A cada dia, de manhã, verificar as folhas que perderam o verde, substituindo-as por outras novas. Repetir por: 7 dias. Ao fim do período, acaba a labirintite. Jogar as folhas remanescentes em um curso d’água.

Para trazer namorado de volta: Colocar uma menina de dois ou três anos embaixo de uma mesa, e fazê-la chamar o fujão: “Volta Fulano (Nome do namorado); Volta, Fulano; Volta, Fulano. A minha cunhada Isabel que o diga. Quando a criança não quer ou não pode urinar: Isso acontece porque existe um bloqueio físico ou mental.

A simpatia que eu conheço e que faziamos em casa com nossas filhas, consiste no seguinte: Levar a criança ao banheiro e fazê-la sentar no vaso. Em seguida abrir a torneira da pia, deixando a água escorrer. Em poucos momentos o xixi desce.

Como tirar cisco dos olhos: Fazer o pedido seguinte: “Santa Luzia passou por aqui com seu cavalinho comendo capim”. Repetir por três vezes. Ao mesmo tempo, passar a mão suavemente sobre o olho que tenha o cisco. “Yo no creo em brujarias, pero que las hay, hay”.

(*) Heitor Freire é corretor de imóveis e advogado.

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