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Sapere aude!

Por Heitor Freire (*) | 15/08/2012 13:19

O filósofo grego Pitágoras, que deu seu nome a uma ordem de pensadores, religiosos e cientistas, nasceu na ilha de Samos no ano de 582 a.C. A lenda conta que ele viajou bastante e teve contato com as ideias nativas do Egito, da Ásia Menor, da Índia e da China.

A parte mais importante de sua vida começou com a chegada dele a Crotona, uma colônia dórica do sul da Itália, então chamada Magna Grécia, por volta de 529 a.C., onde fundou uma escola mística e filosófica, sendo os principais temas a harmonia matemática, a doutrina dos números e o dualismo cósmico essencial.

Entre os grandes legados que Pitágoras deixou, destacam-se Os Versos de Ouro, que expressam com clareza em poucas palavras o compromisso de vida dos pitagóricos de todos os tempos. Sua mensagem será provavelmente tão válida dentro de 20 ou 25 séculos à frente como era na Grécia e na Roma antigas.

Por outro lado, durante a complexa transição presente para uma civilização planetária e democrática, os Versos apontam e sinalizam impecavelmente o caminho da auto-regeneração de cada indivíduo, que constitui a base fundamental para o renascimento coletivo da sabedoria.

Vejam estes versos:

31. Não faças nada que sejas incapaz de entender,

32. Mas aprende tudo o que for necessário aprender, e desse modo terás uma vida feliz.

Estes dois versos mostram que deve haver fidelidade entre o que se fala e o que se faz. É indispensável o sentimento de fidelidade. Daí que a fidelidade deve ser consciente e coerente. Mas não deve ser rígida, cega, imutável.

Os princípios da conduta pitagórica devem ser ponderados uma e outra vez, até que sejam absorvidos em cada um dos níveis de consciência e nas práticas da rotina diária do aprendiz.

Os caminhantes espirituais gradualmente se transformam, eles mesmos, na verdade universal, que é seu próprio tema de estudo e de contemplação. Quase toda ação causa efeitos contraditórios, alguns agradáveis, outros desagradáveis.

Há ações altruístas que implicam alto grau de sacrifício a curto ou médio prazo. Mas o saldo das ações deve ser positivo a longo prazo. E a decisão a respeito delas deve ser soberana.

41. Ao deitares, nunca deixes que o sono se aproxime dos teus olhos cansados, 42. Enquanto não examinares com a tua consciência mais elevada todas as tuas ações do dia.

O hábito da auto-reflexão previne alguns erros e corrige outros. Essa prática também prepara a revisão do passado que irá ocorrer na fase final da velhice, e mesmo no último minuto de nossa vida física.

De modo semelhante, em pequena escala, a revisão ao final de cada dia ajuda a definir o rumo e a qualidade de tudo o que irá ocorrer durante o sono e até o novo despertar. Graças à revisão pitagórica do final do dia, cada nova manhã pode trazer consigo uma vida mais livre do perigo de repetir os erros do passado, e mais aberta para o potencial ilimitado que cada ser humano tem sempre diante de si.

Sapere Aude! “Tem coragem para fazer uso da tua própria razão” (lema do Iluminismo). É o que falta para a humanidade.

Para os leitores que se interessarem pelo tema, Os Versos de Ouro estão disponíveis no Google, com comentários de diversos autores, como Fabre d’Olivet e José Laércio do Egito, demonstrando a sua aplicação na vida diária.

(*) Heitor Freire é corretor de imóveis e advogado.

heitorfreire@heitorfreire.com.br

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