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Sobrevento

Por Heitor Freire (*) | 10/04/2013 09:48

Campo Grande viveu momentos de profundo êxtase cultural no último fim de semana. O Grupo Sobrevento apresentou sua produção mais recente: São Manuel Bueno, Mártir.

Peça baseada em texto de Miguel de Unamuno, filósofo, ensaísta, dramaturgo, romancista e poeta espanhol, falecido em 1936, em Salamanca. Dizia: “Ninguém conseguiu me convencer racionalmente da existência de Deus, mas tampouco de sua não existência; os argumentos dos ateus me parecem de uma superficialidade e futilidade ainda maiores que as de seus contraditores”.

O Grupo Sobrevento foi criado em 1986, por Luiz André Cherubini, Sandra Vargas, Andréa Freire e Miguel Velinho, no Rio de Janeiro, na época acadêmicos do Curso de Artes Cênicas da UNIRIO. Este grupo é uma prova cabal de que pessoas inexperientes mas com garra, dedicação, consciência e competência, fora dos holofotes da televisão podem fazer acontecer. O nome advém do significado da palavra: “Rajada de vento súbita e forte; acontecimento imprevisto e que gera transformações”. Quando a Andréa entendeu que o seu ideal de trabalho deveria ser realizado aqui em Campo Grande, desligou-se do grupo, mas não da relação profissional e de amizade que, ao longo do tempo se consolidou de forma perene.

Criado no Rio, o Grupo Sobrevento consolidou-se em São Paulo; é uma trupe profissional de teatro que mantém um repertório variado de espetáculos e que se dedica à pesquisa teórica e prática da animação de bonecos, formas e objetos.

Desde a sua fundação, o Grupo mantém um trabalho estável e ininterrupto e tem se apresentado em mais de uma centena de cidades de 19 estados brasileiros. Esteve também, no Peru (1988), Chile (1996 e 2002), Espanha (1997, 1999, 2000, 2001, 2004, 2007, 2008 e 2010), Colômbia (1998 e 2002), Escócia (2000), Irlanda (2000), Argentina (2001), Angola (2004), México (2010) e Irã (2010), representando o Brasil em alguns dos mais importantes Festivais Internacionais de Teatro e de Teatro de Bonecos. Foi vencedor dos prêmios Mambembe, Shell, APCA, Maria Mazzetti (RioArte), entre outros. Há 26 anos o Sobrevento se supera na busca incessante de dizer algo através do teatro.

Em 1º de junho de 2009, abriu a sua primeira sala pública. O Espaço Sobrevento é o único da cidade de São Paulo dedicado especialmente ao Teatro de Animação.

Campo Grande faz parte do circuito preferencial de encenação, mereceu e merece do Sobrevento uma preferência em primeiro lugar, porque é a cidade onde mora a Andréa Freire. E assim, ao longo do tempo, já apresentou as seguintes peças em nossa capital: Um conto de Hoffmann, Mozart Moments, Cadê o Meu Herói?, O Anjo e a Princesa, Submundo e Orlando Furioso.

São Manuel Bueno, Mártir, começou sua temporada com uma apresentação em São Paulo. Depois Campo Grande, a seguir Rio de Janeiro, João Pessoa, Recife e Fortaleza. É uma peça com características próprias: a sua apresentação é feita no palco, onde se montam as arquibancadas, permitindo assim pela proximidade, uma interação total do espetáculo com o público presente. A peça tem entrada franca e permite apenas a sessenta espectadores o privilégio de assisti-la de cada vez.

A peça conta a vida do personagem Dom Manuel, um padre que carrega, como um estigma, a dúvida de sua própria fé e da própria existência de Deus. É fruto de uma construção contínua, repleta de trabalho criativo, produção intensa, estudo constante, pesquisa provocativa e inovadora. Quem esteve lá, certamente, teve a oportunidade de sentir de perto o que é T E A T R O!

É um Projeto SOBREVENTO 25 ANOS: OBJETOS E IDENTIDADE, patrocinado pela Petrobras por meio da Lei de Incentivo à Cultura. O espetáculo obteve uma consagradora manifestação da crítica especializada. Assim se pronunciou Luiz Fernando Ramos, crítico da Folha de S.Paulo: “Milagre teatral. O espetáculo São Manuel Bueno, Mártir, do Grupo Sobrevento, é a prova de que o teatro de animação tem poderes miraculosos e pode realizar com pequenos seres esculpidos na madeira obras com força poética rara”.

Vida longa ao Grupo Sobrevento, que tanto orgulha o teatro brasileiro!

(*) Heitor Freire é corretor de imóveis e advogado.

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